sexta-feira, março 28, 2025

Nota: Balanço? Para quê?

Fazer um rescaldo ao acto eleitoral de domingo, em jeito de balanço, é algo que neste momento, quase uma semana depois, me parece desnecessário. Mas há sempre espaço para umas notas, até porque a vitória surpreendente do PSD-Madeira, pela inesperada dimensão - não acredito que exista alguém que garantisse, antes de domingo, que os social-democratas cresceriam 13 mil votos e ficariam a menos de 500 votos da maioria absoluta.

Eu sei que na oposição não gostam que se fale de Albuquerque como vencedor, até pelo tipo de discurso que PS e JPP - e outros mais - usaram repetidamente durante a campanha eleitoral (até vimos antigos arguidos e potenciais futuros arguidos perorarem sobre outros arguidos...) e que lhes custou, no caso do PS e do Chega, uma clara penalização nas urnas. Se bem que por outros motivos também. Eles sabem disso melhor do que ninguém. O que é facto é que Albuquerque, como o PSD e como os 62 mil eleitores que neles votaram, são vencedores. Ponto!

Mas o líder do PSD-Madeira pela resistência, pela campanha realizada, pela forma como contactou as pessoas, naturalmente, sem complexos, sem medo, desvalorizando as campanhas eleitorais por "encomenda" promovidas por quase todos os demais partidos a pensar no espaço mediático e menos ou nada nas pessoas - quantas mensagens não terão distribuídas nesta campanha eleitoral aos responsáveis pelos média e a jornalistas... (a propósito, para que não fiquem dúvidas, a carteira profissional nº 134, devidamente actualizada, pertence-me...) – foi um claro vencedor.

O PSD-Madeira terá beneficiado de voto útil oriundo da imensa mancha do chamado eleitorado flutuante que vota em função de circunstâncias, do momento e sem compromissos com partidos em concreto? Indiscutivelmente que sim. Tal como o PS foi penalizado pela flutuação de eleitorado num espaço partilhado com a JPP, PAN e outros partidos à esquerda.

O PSD-Madeira beneficiou dos apelos à estabilidade política e governativa regionais e ao voto naqueles que garantiam mais competência no exercício dessa governação? Obviamente que sim. Os números e os mandatos falam por si.

Os eleitores votaram ou pronunciaram-se sobre questões de natureza judicial, algumas delas que se arrastam sem evolução “arquivadas” em órgãos judiciais de investigação - desde 2020, e não envolvendo o PSD... - que a seu tempo serão clarificadas e concluídas? Obviamente que não porque sabem o que se passa, sabem que as pessoas são hoje, mais do que nunca, altamente escrutinadas, e que a justiça não se pode imiscuir na política e vice-versa. E mais. Que a justiça dispensa "cornetas" que passam uma campanha eleitoral a falar de matérias cuja resolução não tem nada a ver com eles, com partidos ou com a política em geral.

Portanto, e compreendendo a frustração natural dos derrotados ou daqueles que andaram a sonhar com um "paraíso imaginário", insisto que o pior que se pode fazer é insultar o eleitorado na sua liberdade, mostrar desprezo pelas suas escolhas e pelo voto, é procurar arranjar falsas justificações, diria doentias justificações sobre as quais recuso pronunciar-me, para a forma como os cidadãos votaram e votam. Mais do que mau perder estamos perante uma falta de carácter e de dignidade.

No caso do PSD-Madeira, concluído o acordo com o CDS, parceiro natural dos social-democratas, a Região tem condições para uma estabilidade governativa e política para a Legislatura de 4 anos.

Não haverá desculpas para assim não acontecer. O programa de governo para 4 anos e o orçamento para este ano, são instrumentos fundamentais para os próximos tempos e para que a Madeira seja recolocada nos carris da normalidade. Negociar com a oposição? Sem dependências, sem fobias, sem receios. Eventualmente aceitando algumas ideias válidas que a oposição tenha, mas sem valorizar a obrigatoriedade de diálogos com quem teve uma atitude de agressão permanente ao PSD e a Albuquerque, fomentando um sentimento de diabolização de pessoas, julgando-os nos locais impróprios e com métodos perfeitamente rafeiros e criminosos. Claro que ninguém sabe o futuro, não tenho uma bola de cristal - se tivesse usava noutras coisas... - nem sou bruxo. Mas acredito que as coisas "penduradas" serão resolvidas, em devido tempo, com justiça e na justiça e que a política, nacional ou regional, não pode ficar refém dos mecanismos judiciais que, ao invés do que muitos sustentam, não podem também beneficiar de forma libertina da obrigação de aplicarem prazos e sobretudo do tempo adequado para resolução dos assuntos pendentes que tenham de resolver. Não acredito que juízes gostassem de andar a ser julgados na praça pública, nas redes sociais ou fora delas, ou que as suas famílias sofressem com tudo isso, independentemente do grau de culpabilidade, seja ele qual for, e se existir. Muito menos quando reclamam inocência, repetidamente.

Ao PSD-Madeira e a Albuquerque recomendo cautela, o escrutínio é hoje maior do que nunca, pelo que haverá decisões, escolhas e opções que, mesmo contrariado, terão de ser feitas, para que não se deite tudo a perder, não se pisem linhas vermelhas e para evitarmos o regresso a um clima de desconfiança. Depois, lá para a frente, quando tudo se esclarecer, haverá tempo para reparar as feridas e as injustiças feitas contra pessoas. Mas não arrisquemos demasiado, não provoquemos ninguém, porque não é preciso nada disso. Boa sorte, bem precisamos dela nos tempos que correm (LFM, artigo publicado no Tribuna da Madeira de 28.3.2025, versão completa)

A má publicidade começa assim: Porto é o destino português mais "saturado" pelo turismo para o jornal The Telegraph

Jornal britânico diz que o Porto é o destino português mais saturado de turismo, mas destaca pela positiva parte da costa do sudoeste algarvio entre Lagos e Sagres. O Porto é o destino mais “saturado” pelo turismo em Portugal, para os jornalistas de viagens consultados pelo jornal britânico The Telegraph, com a costa sudoeste do barlavento algarvio em destaque como o mais intocado por este setor. O jornal analisou uma lista de países europeus maioritariamente turísticos com destinos que perderam “carácter” e apontou alternativas nas quais o excesso de hóspedes ainda não é uma realidade vivida, especialmente num continente onde, segundo o jornal, 747 milhões de pessoas fizeram férias internacionais em 2024. Em Portugal, os dados preliminares de 2024 do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o país recebeu 31,6 milhões de hóspedes. Só o Porto recebeu 6,3 milhões de hóspedes.

“Assim que um grupo de turistas americanos entrou na minha loja de bifanas favorita, elogiou o cheiro ‘espectacular’ destas sanduíches de porco em fatias finas e depois tirou uma fotografia para o Instagram, eu soube que o destino do Porto como sendo uma antiga ‘pérola escondida’ estava selado“, escreve o jornalista de viagens Oliver Balch, no Telegraph.

Condições de vida

Apesar de as famílias portuguesas se depararem com algumas dificuldades socioeconómicas e de, comparativamente com outros países desenvolvidos, Portugal estar aquém em vários indicadores importantes, a evolução temporal revela que os portugueses vivem cada vez melhor. Embora a diferentes velocidades, a tendência de melhoria das condições de vida é transversal à maioria dos países desenvolvidos, onde o crescimento económico, conjugado com a inovação, os avanços tecnológicos e a massificação no acesso a mais bens e serviços de qualidade, têm permitido melhorar as condições de vida das populações e reduzir os níveis de pobreza desde a viragem do século. Ainda assim, o aumento de custo de vida, em particular na habitação, manifesta-se como um dos principais obstáculos que as famílias enfrentam (Mais Liberdade, + Factos)


Salários mínimos

Portugal é o país da Zona Euro onde o salário mínimo está mais próximo do salário mediano. Em 2023, o salário mínimo nacional, de 760€ mensais, representava 68% do salário mediano bruto (1.114€), um valor significativamente acima dos restantes países da Zona Euro com dados disponíveis. 🇸🇮 Eslovénia (63%) e 🇫🇷 França (62%) também estão acima dos 60%. Na 🇭🇷 Croácia, na 🇪🇪 Estónia e na 🇱🇻 Letónia esta proporção não ultrapassa os 45%. Apesar de Portugal ter um salário mínimo elevado, em comparação com o salário mediano, importa sublinhar que o salário mínimo está longe de ser dos mais elevados da Zona Euro: 760€ mensais, em 2023, quando comparado com países como o Luxemburgo (2.191€), Alemanha (1.712€) ou Países Baixos (1.684€). Estes valores estão ajustados para 14 meses de salário anuais para efeitos de comparabilidade (Mais Liberdade, + Factos)

Correlação de voto entre partidos na Legislatura

Qual a correlação de voto entre partidos na legislatura que está a terminar? Esta é uma das estatísticas que podes consultar no +Escrutínio, uma ferramenta essencial de escrutínio da atividade parlamentar (Mais Liberdade, + Factos)

Lucros da banca em Portugal sobem 13% para recorde de 6,3 mil milhões em 2024

Menos custos e malparado, mais lucros e depósitos: assim foi o ano de 2024 para a banca portuguesa. Nem tudo foi positivo: o rácio de transformação voltou a cair. Os lucros dos bancos em Portugal subiram 13% para um valor recorde 6,323 mil milhões de euros em 2024, um ano marcado pela inversão das taxas de juro, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal.

No final do ano passado, o sistema bancário português apresentava uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 15,2%, 0,4 pontos percentuais acima de 2023. Vários fatores contribuíram para o lucro histórico da banca portuguesa no ano passado, incluindo os rendimentos gerados pelos juros e pelas comissões, mas também a reversão de provisões e imparidades, entre outros fatores. Por outro lado, os bancos mantiveram-se os custos relativamente controlados, com o rácio cost-to-income a subir ligeiramente para os 39,7%, mais 2,7 pontos percentuais do que um ano antes, mas quase 20 pontos percentuais abaixo dos níveis registados em 2020.

quinta-feira, março 27, 2025

BdP Alerta: “International Bank Madeira” não é um banco autorizado e não pode conceder créditos em Portugal

O Banco de Portugal alerta que a entidade “International Bank Madeira”, que atua através da página na internet https://international-madeira.com/, não se encontra habilitada a exercer, em Portugal, qualquer atividade sujeita à supervisão do Banco de Portugal, nomeadamente, a receção de depósitos ou a concessão de crédito. “A atividade de receção de depósitos, prevista na alínea a) do nº1 do artigo 4.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 298/92, de 31 de dezembro, bem como a atividade de concessão de crédito, prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º do mesmo regime, encontram-se reservadas às entidades legalmente habilitadas para o efeito, conforme disposto no artigo 10.º do referido regime jurídico”, explica o regulador em comunicado. É possível consultar as listas das entidades autorizadas a conceder crédito, a atuar como intermediários de crédito e a prestar serviços de consultoria relativamente a contratos de crédito no site do Banco de Portugal, em www.bportugal.pt, e no Portal do Cliente Bancário, em https://clientebancario.bportugal.pt (Executive Digest, texto do jornalista André Manuel Mendes)

Comissões bancárias representaram metade dos lucros da banca em 2024. Clientes pagam 4.800 euros por minuto

Os principais bancos a operar em Portugal compensaram a descida das taxas de juro com um aumento significativo das comissões cobradas aos clientes. De acordo com os relatórios e contas consultados pelo Jornal de Notícias, o lucro gerado apenas pelas comissões ascendeu a 2,488 mil milhões de euros em 2024, o que representa cerca de 4.800 euros por minuto. Este montante corresponde a aproximadamente 50% dos lucros totais do setor bancário, que atingiram os 4,964 mil milhões de euros no mesmo período.

O banco que mais lucrou com comissões foi o BCP, que arrecadou 809 milhões de euros, seguido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), com 581 milhões. O Santander Totta registou 452 milhões de euros, enquanto o BPI e o Novobanco obtiveram 327 milhões e 319 milhões, respetivamente. Comparativamente a 2023, houve um aumento global de quase 5% nas receitas provenientes de comissões, com exceção do Santander Totta, que registou uma ligeira quebra. Nos últimos dez anos, o montante arrecadado pelos bancos em comissões passou de 2,028 mil milhões de euros, em 2015, para os atuais 2,488 mil milhões, o que representa um crescimento de 22,7%. Este aumento supera a inflação acumulada no mesmo período, que foi de 21,4%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Alemães têm de continuar a pagar reunificação do país, determina tribunal. Imposto rende 13 mil milhões de euros por ano

Os cidadão alemães vão continuar a pagar a “sobretaxa de solidariedade”, decretou o Tribunal Constitucional da Alemanha: em causa estão 5,5% do IRS e IRC, que rendeu cerca de 13 mil milhões de euros ao Estado germânico no ano passado, que se destinam a financiar a reunificação alemã, um imposto criado na década de 1990. A sobretaxa destinou-se a reduzir as desigualdades económicas entre as duas Alemanhas – Ocidental e de Leste – e apesar de o pacto de solidariedade ter terminado em 2019 continua a ser aplicada, o que tem gerado críticas sobretudo entre os setores mais liberais. O tribunal alemão rejeitou os argumentos apresentados por membros do Partido Democrático Livre sobre como a manutenção do imposto viola a Constituição germânica, reforçando que desde 2021 quase 90% dos contribuintes estarem isentos desta taxa. Os juízes sublinharam que, desde a reunificação, a medida representou uma “necessidade financeira” adicional para o Governo. “O facto de a sobretaxa de solidariedade se aplicar agora apenas aos que auferem rendimentos mais elevados não a torna menos legítima, pelo contrário: é agora mais necessária e mais justa do que nunca”, apontou a economista Julia Jirmann, especialista no sistema fiscal alemão, citada pela agência ‘Reuters’ (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)

Grande Entrevista na RTP: Albuquerque acredita que AD será beneficiada

O presidente do Governo Regional da Madeira acredita que a crise política no Continente vai beneficiar Luís Montenegro, como aconteceu na região autónoma. Miguel Albuquerque disse também, na Grande Entrevista da RTP, não acreditar que será acusado, mas não revela o que fará, se isso acontecer (Veja aqui a entrevista na íntegra)

terça-feira, março 25, 2025

Canárias: população estrangeira aumenta

Cuatro municipios canarios ya tienen más habitantes extranjeros que españoles, de los que tres están en Tenerife, que son Adeje (56,52%), Arona (51,8%) y Santiago del Teide (51,5%), y uno en Fuerteventura, La Oliva (50,74%). Canarias tiene una población total de 2.238.754 habitantes, de los que 505.075 son extranjeros, un 22,6%, y las principales nacionalidades son:

  • Venezolana (83.000 habitantes)
  • Cubana (45.000)
  • Italiana (43.000)
  • Colombiana (35.000)
  • Britânica (30.000)
  • Marroquí (29.000)
  • Alemana (26.000)

Y el porcentaje de población extranjera en cada isla es el siguiente:

  • Fuerteventura (el 38,4% de sus habitantes son de nacionalidad extranjera).
  • Lanzarote (33,2%)
  • El Hierro (30,5%)
  • La Gomera (25,4%)
  • Tenerife (24,7%)
  • La Palma (22,6%)
  • Gran Canaria (15,6%)

Otro dato a destacar es el porcentaje de habitantes nacidos en la propia isla:

  • Gran Canaria (el 75% de su población es nacida en Gran Canaria).
  • La Palma (66,6% nacida en La Palma).
  • Tenerife (62% nacida en Tenerife).
  • La Gomera (56,4% nacida en La Gomera).
  • Lanzarote (44,8% nacida en Lanzarote).
  • El Hierro (42,2% nacida en El Hierro).
  • Fuerteventura (33,4% nacida en Fuerteventura).

Es decir, ya hay tres islas, Lanzarote, El Hierro y Fuerteventura, donde más de la mitad de su población es nacida fuera de la propia isla (Canarias te Quiero)

Governo Regional: tão-somente um conselho a Miguel Albuquerque

A competência para a formação do novo Governo Regional, depois das negociações que garantam ao partido mais votado e ao seu líder, a necessária maioria absoluta, e consequente estabilidade governativa e institucional, é da exclusiva competência de Miguel Albuquerque, vencedor inequívoco das eleições regionais do passado domingo - mais 13 mil votos e mais 4 deputados que em 2024 dispensam mais comentários! Contudo, e realçando sempre o meu estatuto de "outsider" relativamente a tudo o que se passa no PSD-Madeira, do qual sou apenas militante com quotas pagas, acredito que Miguel Albuquerque não vai arriscar e vai reflectir muito, vai aconselhar-se com o seu núcleo duro, vai recolher opiniões, vai querer ter a percepção de determinadas decisões que terão que ser tomadas, de escolhas que devem ser feitas e que não se podem confundir com relações pessoais ou de amizade, tudo para tornar o futuro executivo menos fragilizado, menos exposto que o antecedente e politicamente mais forte.

Tem faltado nos últimos governos de Albuquerque uma componente politica inequívoca, até porque a política regional se tem vindo a radicalizar, mais do que a bipolarizar-se. Acredito que uma remodelação governamental, se for essa a opção natural de Albuquerque, poderá porventura ser maior do que a imaginada. Mas a opção será sempre determinada pela evolução de acontecimentos recentes, pelo seu impacto desgastante no partido e na política regional - e que precisa de ser estancada rapidamente - e pela necessidade de, aos olhos da opinião pública e em defesa da imagem política e pessoal do Presidente do Governo, ser mantida uma lisura e uma imagem de liderança que não dê margem a polémicas, especulações e dúvidas que seriam demasiado desgastantes. E passíveis de gerar muita desconfiança e provocar instabilidade política.

O conselho que daria a Miguel

O conselho que daria a Miguel Albuquerque, não apenas como correligionário mas como amigo, seria o de remodelar, inequivocamente que sim, escolhendo sempre pessoas da sua confiança, mas também tomar uma opção política de tornar mais político um governo regional que tem que enfrentar uma oposição reduzida, na sua representação parlamentar, mas agreste no discurso e que se pavoneias com o rei na barriga, como se tivesse sido ela a ganhar eleições e como se tivessem sido esses partidos, dispersos, os mais votados nas urnas.

Jaime Filipe Ramos

Neste quadro de especulação, todos especulam, Jaime Filipe Ramos seria uma excelente opção para número dois do Governo, caso Albuquerque entendesse retomar a figura de Vice-presidência, chamando a si (JFR) a coordenação política do governo e a ligação política e institucional necessária entre o Governo e o parlamento. Não me parece, salvo melhor opinião, que no actual contexto exista para MA, que ainda por cima tem uma boa relação pessoal com JFR, outra alternativa forte.

E vou dizer uma outra "enormidade" neste quadro de especulação pessoal, de divagação descontrolada da minha parte, e acreditando eu que MA vai cumprir o seu último mandato na liderança do Governo Regional e do PSD-Madeira, acho normal que no âmbito da preparação da sua sucessão partidária - embora isso seja prerrogativa dos militantes do PSD-M - o protagonista de JFR num papel governamental essencialmente político, abriria caminho a uma transição normal protagonizado por uma pessoa com larga experiência e tarimba nas lides políticas e partidárias.

Rafaela Fernandes

E no parlamento quem poderia ocupar o lugar de JFR na liderança de um grupo parlamentar que ficou com mais 4 lugares que o anterior? Não tenho dúvidas que a pessoa adequada, pelo percurso parlamentar, pela experiência política, pelo discurso, pela assertividade, pela forma como vai a combate, seria naturalmente Rafaela Fernandes. Alias, não terá sido um acaso o facto de ter sido ela a única pessoa do Governo Regional ainda em funções, para além de MA, a candidatar-se ao parlamento nestas eleições, embora tudo dependesse, como é óbvio dos resultados eleitorais.

Rubina Leal

Finalmente, deixando o CDS a presidência do parlamento regional, que obviamente deve ser entregue a um deputado social-democrata, considerando a institucionalidade da função, a componente de relações públicas que o cargo exige, a experiência política e parlamentar e o facto de ter estado sempre com Miguel Albuquerque, desde os tempos em que era vereadora da Câmara do Funchal, Rubina Leal é a candidata natural. Mais do que ser uma das Vice-Presidentes da Assembleia a sua eleição permitiria que, pela primeira vez, uma senhora assumisse a liderança do principal órgão de governo próprio da Autonomia regional, algo que em meu entender há muito que tarda acontecer na RAM. E que já aconteceu tanto no parlamento dos Açores como na Assembleia da República. Acredito mesmo que Rubina Leal poderia ter uma votação expressiva caso seja essa a opção - para mim inevitável - do PSD-Madeira (LFM)

Nota: a explicação (plausível) para o regresso do CDS ao Governo Regional

Vou procurar "explicar", de acordo com a minha análise e percepção das coisas, o que se passou com o CDS e com José Manuel Rodrigues, para que este tenha sido praticamente "obrigado" a prescindir das presidência do parlamento para integrar o gabinete de Miguel Albuquerque. Nada está decidido, ressalvo desde logo, nada foi anunciado de concreto no quadro do respeito institucional pelos procedimentos a adoptar nestes tempos, e antes de sexta-feira consideremos tudo especulação. E quanto a isso, é o que há demais bestes dias, aliás como é costume e habitual. Nada de admirar, portanto

Mas há uma fortíssima probabilidade, diria 99 em 100% de José Manuel Rodrigues integrar o governo, sem que saibamos ainda qual a pasta num executivo cuja estrutura nem é conhecida. Alguns comentários preliminares, nas redes sociais, tentaram logo desvalorizar a situação e afirmar, a quente, que José Manuel Rodrigues era "despromovido" ou "descia de cavalo para burro" expressão popular que procura retratar situações semelhantes.

Nada disso.

Falar de política, considerando todos os itens necessários ao processo de decisão, exige que se conheça minimamente o que se passa, o que está em causa, antecipar cenários, analisar opções reduzir escolhas. E não são as redes sociais, de uma maneira geral, o local mais adequado, recomendável e competente para isso. Sobretudo quando entram, numa espiral linguística e de catalogação das pessoas.

É como o futebol, temos os treinadores de bancada que sabem "tudo", que falam de "tudo" que jogavam melhor do que todos os jogadores do mundo e arredores, mas depois há o futebol real, as competências, as aptidões, os conhecimentos, o profissionalismo, enfim, o saber, mesmo!

Vamos a factos

Na noite eleitoral, mais do que ter percebido que o CDS seria o aliado natural do PSD-Madeira, para ser garantida, por ambos, a maioria absoluta e uma perspectiva de cumprimento da Legislatura regional de 4 anos, interroguei-me várias vezes que decisão o CDS-Madeira tomaria perante a nova realidade.

Sendo natural que um pequeno partido - é igual em toda a parte do mundo - percebendo que é fundamental para a estabilidade governativa jogue no tabuleiro das negociações muitas vezes obtendo fora do parlamento um protagonismo e presença superior à representação parlamentar alcançada, ao CDS-Madeira colocava-se outra questão bem mais melindrosa, politicamente falando, e complexa.

E percebemos facilmente que assim fosse.

Perdido o estatuto de grupo parlamentar e mais fragilizado eleitoralmente - o CDS-Madeira perdeu 1 deputado e pouco mais de 1.000 votos, passando a ter apenas um representante - seria politicamente polémico que José Manuel Rodrigues se mantivesse na função de Presidente da Assembleia, que por norma exige alguma equidistância, pouco protagonismo nos debates parlamentares sem, renegar obviamente ao seu partido.

Ou seja, com JMR na presidência da Assembleia o CDS-M ficaria privado de um deputado no hemiciclo que participasse normalmente nos debates, na discussão de iniciativas legislativas, no período de antes da ordem do dia, nas declarações políticas, nas comissões, etc. Seria primeiro passo para um suicídio político do CDS-Madeira e obviamente isso, mais cedo ou mais tarde, traria problemas complexos ao partido e ao próprio José Manuel Rodrigues.

Portanto a saída era outra opção a negociar. A hipótese de integrar o Governo foi adquirindo corpo e se isso se confirmasse, colmo tudo indica que sim, o CDS ficaria com um secretário regional, com o protagonismo que isso lhe confere mediaticamente falando mas poderia substituir JMR por outro deputado, neste caso Sara Madalena, que já estava na anterior Legislatura, garantindo ao CDS um lugar no parlamento e a participação nos debates e outras prerrogativas parlamentares atribuídas aos deputados únicos.

Ou seja, dificilmente o CDS, com um deputado apenas, poderia liderar o parlamento regional, não que  não fosse possível, mas pelas implicações políticas negativas para o próprio CDS que perderia espaço e intervenção política quando o objectivo é o de recuperar os eleitores perdidos. Que, de acordo com a minha percepção e análise, se desviaram para o PSD-Madeira a favor de uma estabilidade governativa que, em certa medida, o CDS, se chegasse à mesma conclusão que eu, estaria obrigado a garantir.

Basicamente o CDS sabe que saiu fragilizado deste processo eleitoral embora tenha tido a  sorte de manter-se essencial a garantir a maioria absoluta. Duas coisas distintas. E José Manuel Rodrigues percebeu, não só pela posição de Luis Rosa do CDS-M, que defendeu o regresso do partido ao Governo Regional - comparativamente semelhante ao acordo que levou Nuno Melo ao governo de Montenegro, embora num quadro de coligação pré-eleitoral - mas também para estancar qualquer movimentação interna que a reboque dos resultados eleitorais pretendesse disputar a liderança do partido com  ele.

Ou seja, se o CDS-M tivesse mantido o grupo parlamentar nada disto eventualmente se colocaria. Mas a nova realidade eleitoral e parlamentar determinou estes ajustamentos que desde a noite eleitoral, percebo que seriam inevitáveis. Pelos motivos atrás referidos (LFM)

Regionais 2025: Alberto João Jardim considera que vitória do PSD "é culpa do poder central"


...e diz ser "a favor de um bloco central"

Trump vai impor tarifas sobre importações de países que comprem gás ou petróleo à Venezuela

A data de entrada em vigor das novas tarifas aduaneiras é ainda o dia 2 de abril, o dia que Trump chama "da libertação" e que deverá ser o da aplicação de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos. Donald Trump, Presidente dos EUA, anuncia que vai impor tarifas aduaneiras de 25% sobre todas as importações de qualquer país que compre petróleo ou gás da Venezuela.  Quando Trump anuncia medidas, por escrito, nas redes sociais, o melhor é citar ‘ipsis verbis’ o que o Presidente dos Estados Unidos escreve. E esta segunda-feira a decisão em relação às tarifas é a seguinte: 

"A Venezuela tem sido muito hostil para com os Estados Unidos e as liberdades que defendemos. Por isso, qualquer país que compre petróleo e/ou gás da Venezuela será obrigado a pagar uma tarifa de 25% aos Estados Unidos sobre qualquer comércio que faça com o nosso país."  A data de entrada em vigor das novas tarifas aduaneiras é ainda o dia 2 de abril, o dia que Trump chama "da libertação" e que deverá ser o da aplicação de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, tal como Trump voltou a dizer na reunião do gabinete, o equivalente ao Conselho de Ministros em Portugal. 

Trump acusa Venezuela de enviar criminosos para os EUA

A nova taxa de 25% de que Trump não falou perante os jornalistas na tal reunião, mas sobre o qual escreveu, aparece depois de o Presidente acusar a Venezuela de enviar "propositadamente e de forma enganosa" criminosos para os Estados Unidos.  Já esta segunda-feira, 199 venezuelanos regressaram ao país depois de serem deportados pelos Estados Unidos da América e de terem feito escala nas Honduras.  Do lado dos Estados Unidos a mensagem é que as deportações vão continuar e que o cerco aos alegados criminosos é para apertar (SIC- Notícias, texto da jornalista Catarina Neves)

Miguel Albuquerque à SIC-Notícias: “Madeirenses querem continuar rumo de desenvolvimento com o meu Governo”

Em entrevista à SIC Notícias, o presidente do Governo Regional eleito no domingo destacou que o bom resultado foi conseguido depois de o Executivo social-democrata ter conseguido feitos como “o maior crescimento económico de sempre, uma dívida pública mais baixa que a média europeia, a redução fiscal e um desemprego mínimo residual.” 

Miguel Albuquerque será reconduzido como líder do Governo Regional da Madeira depois de, no domingo, o PSD ter obtido 43,43% dos votos nas eleições regionais. Em entrevista à SIC Notícias, o social-democrata reagiu aos resultados e garantiu que um acordo com o CDS-PP está para breve. Abordou ainda o processo em que pode vir a ser arguido e acusou os "partidos extremistas" de produzirem denúncias anónimas com o intuito de causarem "destabilização política".

Ao PSD/Madeira falta apenas um deputado para atingir a maioria absoluta, algo que, à partida, será conseguido com o auxílio do CDS-PP.

Em entrevista à SIC Notícias, o novamente eleito chefe do Executivo insular começou por assumir que, de facto, o CDS é “o parceiro preferencial” para um acordo, partido com que chegará a um entendimento, garantiu.

Quando foi investigado pelas autoridades, há cerca de um ano, o CDS tirou o tapete aos sociais-democratas e rompeu a coligação que estava em vigor, mas nem isso leva Miguel Albuquerque a pensar duas vezes sobre um novo acordo.

“Quem me tirou o tapete foi o PAN”, atirou.

Não adiantou se prefere uma coligação de governo ou um acordo de incidência parlamentar, mas, novamente, referiu que está a trabalhar no sentido de chegar a um entendimento “o mais rapidamente possível”.

“Como fizemos a coligação, temos um acordo parlamentar e temos um acordo para governo escrito. Escrito para não existirem equívocos”, revelou.

"Nunca fui corrompido por ninguém"

Questionado sobre o que fará se surgir uma acusação contra si, Miguel Albuquerque afirmou que irá esclarecer tudo o que for necessário:

“A minha convicção é que ao longo de 30 anos públicos da vida pública nunca fui corrompido por ninguém. Portanto, eu sei quem sou e sei aquilo que faço e aquilo que fiz. E, nesse sentido, a minha convicção é que não existe nessa denúncia qualquer fundamento para existir uma acusação.”

O social-democrata acredita que as denúncias anónimas de que foi alvo “matam a democracia”, acrescentando que são os “partidos extremistas” que utilizam denúncias anónimas para causarem “desestabilização política”.

“Toda esta parafernália judicial leva a que os processos durem anos e anos e anos. As pessoas ficam inibidas a exercer as suas funções para que são eleitas”, disse o líder do governo madeirense.

Novamente questionado sobre o que fará caso exista uma acusação, Miguel Albuquerque garantiu que tudo “depende da configuração da acusação” e revelou não ter consultado o processo em questão.

As críticas ao "partido do senhor Ventura"

Ainda sobre as acusações anónimas de que diz ser alvo, apontou o dedo ao “partido do senhor Ventura”:

“[André Ventura] está à espera de que as instituições democráticas e os titulares vão caindo um a seguir ao outro para depois parecer um salvador.”

Apelou ainda à população para que distinga a “utilização destes processos de forma enviesada para causar perturbação e aquilo que, na verdade, são ilícitos praticados, que nada têm que ver com esta situação.”

Miguel Albuquerque destacou ainda que o bom resultado obtido no sufrágio de domingo foi conseguido depois de o PSD/Madeira, nos últimos anos, ter conseguido feitos como “o maior crescimento económico de sempre, uma dívida pública mais baixa que a média europeia, a redução fiscal e um desemprego mínimo residual.”

“Se [os madeirenses] estivessem numa má situação, mudavam. Ou seja, querem continuar este rumo de desenvolvimento com o meu governo”, apontou.

PSD “vai subir” nas legislativas

Depois da Madeira, dentro de menos de dois meses, todos os portugueses são chamados às urnas para as legislativas.

O presidente do governo insular acredita que o PSD “vai subir”, numa altura em que os “partidos democráticos enfrentam os partidos populistas.”

Entende também que, se o PSD sair derrotado das legislativas, o partido terá de convocar um congresso, atirando para canto a possibilidade de alianças com “partidos populistas à direita”. “Acho que é muito perigoso”, acrescentou.

Mas deve o PSD viabilizar um eventual governo socialista?

“Depende dos resultados, mas normalmente o que acontece, eu sou defensor, quem ganha as eleições deve formar governo e não o contrário.”

Miguel Albuquerque desvalorizou o facto de Luís Montenegro não ter marcado presença na campanha eleitoral e frisou que o PSD na Madeira “tem um histórico de ser um partido autonomista que não precisa que venha para cá o primeiro-ministro, o líder do partido nacional, como bengala". "Nós temos uma autonomia funcional e estatutária”, explicou (veja aqui a entrevista na integra)

Nota: E agora PSD-Madeira?

Mais 13 mil votos, mais 4 deputados, uma distância de escassos 300 votos da maioria absoluta, uma resistência de assinalar numa campanha altamente desgastante que o teve como figura central, por razões que nem sempre se relacionaram com o debate político-partidário puro e duro, eis o que aconteceu com Miguel Albuquerque numa campanha eleitoral exigente, desgastante, que se diferenciou positivamente das anteriores sobretudo pela aposta pouco usual nos social-democratas em plataformas digitais com grande projecção e impacto. Albuquerque utilizou vídeos filmados  nos próprios locais das obras, de curta duração, dando conta de obras em curso, em conclusão ou previstas caso os social-democratas tivessem responsabilidades governativas, assumindo deste modo compromissos fortes com os eleitores nos diferentes concelhos da Madeira e nalgumas freguesias. A oposição cometeu o seu primeiro erro ao usar as plataformas digitais, diga-se que sem grande projecção e impacto, com discursos agrestes e valorizando a tendenciosa e manipuladora antecipação de cenários que não passaram do imaginário especulativo por motivos relacionados com a desenfreada caçada do voto

Eleitores votaram na estabilidade governativa

Claramente os eleitores madeirenses não votaram em processos pendentes na justiça, porque sabem quem tem competência para se pronunciar e decidir o que fazer, como fazer e fazê-lo com base em quê, o que nada tem a ver com julgamentos populares na praça pública alimentados por partidos por meros interesses partidários ditados por imposições de natureza eleitoralista. Tudo a cargo de gente sem nível, sem princípios e sem escrúpulos. Chegamos ao ponto de ouvir ex-arguidos e potenciais futuros arguidos a apontar o dedo acusador a  Miguel Albuquerque, repito, oficialmente não acusado de nada pela justiça, a quem compete decidir sobre esta temática.

Os eleitores votaram na estabilidade e só por uma unha negra falharam a maioria absoluta. Os eleitores estão fartos de instabilidade e de verem partidos brincarem com eleições, tendo por isso dado uma lição a começar pela afluência às urnas que surpreendeu muitas aves agoirentas. Penalizaram o Chega, principal mentor da moção de censura, mas hoje a braços com escândalos de malas roubadas em aeroportos, pedofilia, violência doméstica, falências fraudulentas, dívidas de empresas por pagar, etc.

E agora?

Agora o PSD-Madeira tem que criar condições para governar com estabilidade para um horizonte de 4 anos de Legislatura. Se não o fizesse estaria a trair a confiança que os eleitores lhe deram no passado domingo. Miguel Albuquerque também deve ter percebido, por tudo o que se passou nos últimos meses, que nada pode continuar como antes, que não pode querer pensar que não aconteceu nada, que há factos que precisam ser neutralizados, quando há oportunidade para isso, para que a governação não caia de novo numa instabilidade, que a ocorrer seria fatal para o PSD-Madeira e o seu líder. Pessoalmente acho que há lições e avisos que não serão desvalorizados. Não podem ser desvalorizados. Sabendo que a coligação com o CDS será por apenas um deputado e que, em política, as lideranças dos partidos nem sempre primam pela estabilidade.

Depois de domingo, e caso seja anunciado, como tudo indica que sim, um novo entendimento PSD-CDS, seja ele qual for, tenha ele os contornos que tiver, há uma previsibilidade, caso tudo corra com normalidade, de cumprimento de uma legislatura regional de quatro anos. Mas há mais.

Os resultados obtidos pelo PSD-Madeira este ano, surpreendentes pela dimensão do apoio obtido nas urnas, neutraliza também qualquer instabilidade interna no partido que acredito esteja condenada ao fracasso. Uma coisa era um PSD-Madeira, fragilizado nas urnas, refém de um ambiente de instabilidade interna e sem garantia de maioria absoluta e estabilidade governativa, outra coisa é um PSD-Madeira a um mandato da maioria absoluta e com disponibilidade para garantir uma Legislatura regional de 4 anos por via de um entendimento com o seu parceiro privilegiado e natural, o CDS.

Os mais 13 mil votos alcançados e os 23 deputados, inviabilizam potenciais e hipotéticos sinais de instabilidade interna salvo se algo de anormal ocorrer. Sucede que eu não acredito em anormalidades por encomenda, colmo deseja a oposição, alguma dela a braços ainda com a incerteza de processos que permanecem sem evolução nas gavetas da Procuradoria-Geral. Significa isto que Miguel Albuquerque, líder de uma coligação governativa com horizonte de estabilidade para 4 anos, deverá voltar a candidatar-se ao PSD-Madeira no próximo Congresso Regional laranja, não fazendo sentido, em ambiente de normalidade governativa, alimentar instabilidade partidária interna que, neste contexto, estaria condenada ao fracasso. Porque penosa, fragilizadora, divisionista e desnecessária.

MA a preparar sucessão?

Não me admira nada que Miguel Albuquerque, depois de garantida a solução governativa e parlamentar, aposte também em preparar o PSD-Madeira para uma sucessão, a ter lugar, se tudo correr bem em termos de Legislatura regional (2025-2029), em final de 2028 ou início de 2029. Admito que estas possam ter sido as últimas regionais para Miguel Albuquerque que nos últimos anos, sobretudo depois de Janeiro de 2024, tem estado sujeita a uma enorme pressão e desgaste. Não me repugna nada acreditar que a sua prioridade seja o futuro do PSD regional, repito, se tudo se mantiver, como admito, normal e a legislatura de 4 anos for cumprida.

Gostei da entrevista que Albuquerque concedeu à SIC-Notícias, que ajudou a clarificar a sua imagem sobretudo no espaço mediático nacional, já que em termos regionais - ressalvando alguns sinais de manipulação entre comentadores de algumas televisões - os cidadãos, pela forma como se expressaram domingo nas urnas, já sabem o que está realmente em causa e quem tem o poder de decisão, caso cheguemos a esse ponto. Repito, caso cheguemos a esse ponto. A justiça não funciona com base em encomendas só porque interessam aos partidos políticos, nem muito menos deve promover julgamentos na praça pública alimentando deliberadas fugas ao segredo de justiça ou deixando sem resposta vagas noticiosas inventadas mas direcionadas e seleccionadas em termos de timing de divulgação. Eu sei como estas coisas funcionam, fiquem descansados.

Redes sociais (veja aqui)

Tal como já referi, acho que a oposição se "esqueceu" de algo importante nesta campanha eleitoral do PSD-Madeira, concretamente a campanha de Miguel Albuquerque nas redes sociais, com recurso a pequenos vídeos colocados em várias plataformas, quase sempre filmados nos locais próprios e anunciando obras em conclusão, em curso ou programadas, caso o PSD assumisse responsabilidades governativas. Uma resposta que o líder do Governo Regional assumiu ser a sua resposta ao "falatório" da oposição. Desconheço quem teve a ideia mas acho brilhante a sua execução, porque foi impactante e permitiu que a candidatura de Albuquerque marcasse presença num espaço digital onde não era muito frequente vermos o que esta campanha agora propiciou. Gostem ou não que se diga, é um facto que a vitória do PSD-Madeira e de Miguel Albuquerque, com mais de 62 mil votos, constituiu uma surpresa mas também um sinal dos eleitores, o sinal de imposição de estabilidade política e governativa regional a uma Região farta de irresponsabilidades, demagogia, aventureirismos partidários, etc.

Novo Governo

Obviamente que a competência para a formação do novo Governo Regional, depois das negociações que garantam ao partido mais votado e ao seu líder, a necessária maioria absoluta, é da exclusiva competência de Miguel Albuquerque, grande e inequívoco vencedor das eleições regionais - mais 13 mil votos e mais 4 deputados que em 2024! Contudo, e realçando o meu estatuto de "outsider" de tudo o que se passa no PSD-Madeira, do qual sou apenas militante com quotas pagas, acredito que Miguel Albuquerque não vai arriscar e vai reflectir muito, vai aconselhar-se com o seu núcleo duro, vai recolher opiniões, vai querer ter a percepção de determinadas decisões que terão que ser tomadas, de escolhas que devem ser feitas e que não se podem confundir com relacções pessoais ou de amizade, tudo para tornar o futuro executivo menos fragilizado e menos exposto que o antecedente. Acredito que uma remodelação governamental, se for essa a opção natural de Albuquerque, poderá porventura pode ser maior do que a imaginada. Mas a opção será sempre determinada pela evolução de acontecimentos recentes, pelo seu impacto desgastante e pela necessidade de, aos olhos da opinião pública e em defesa da imagem política e pessoal do Presidente do Governo, ser mantida uma lisura e uma imagem de liderança que não dê margem a polémicas, especulações, dúvidas que seriam demasiado desgastantes. E passíveis de gerar muita desconfiança e provocar instabilidade política (LFM)

segunda-feira, março 24, 2025

Regionais 2025: comparação global

Este quadro mostra a evolução, entre 2011 e 2025 - incluindo as regionais de 2024 e de 2023 - dos valores dos inscritos, votantes e abstenção, a votação, percentagem e deputados eleitos pelo vencedor das regionais, os mesmos indicadores no caso dos partidos da oposição parlamentar, a votação do CDS em separado - por ter sido aliado do PSD-Madeira em coligações - e finalmente os votos e percentagem de todos os partidos concorrentes às eleições mas que não elegeram deputados. Uma das conclusões é que no caso dos 4 actos eleitorais escolhidos para este quadro, os resultados do PSD-Madeira obtidos domingo passado apenas não superaram os de 2011. Curiosamente, apesar da diferença significativa das duas votações, os social-democratas entre 2011 - 25 deputados - e 2025 - 23 deputados - não alcançaram uma grande diferença de eleitos.

Legislativas nacionais 2025: Sousa e Gomes para Lisboa. CDS coligado?

 

Não parecem existir dúvidas que Filipe Sousa, actual Presidente da Câmara de Santa Cruz e Francisco Gomes, eleito deputado do Chega pela Madeira nas últimas legislativas, devem  voltar a encabeçar a candidatura do JPP e do Chega às legislativas nacionais. Admito, segundo me confidenciaram, que alguns sectores do JPP terão pensado na actual autarca de Santa Cruz, Elia Ascensão. Contudo a autarca admitiu domingo na RTP que apenas estará disponível para a edilidade santa-cruzense, sabendo eu que essa candidatura é apoiada por Filipe Sousa. Contudo, aliás tal como Élia reconheceu na televisão, existem outros interessados nessa candidatura, facto que pode levar o JPP a grandes movimentações internas, não estando sequer excluída uma sondagem em moldes que serão definidos, caso essa solução arriscada seja implementada.

Mantendo a votação de domingo a JPP elegerá um deputado para São Bento, algo que seria inédito, até porque se tratar de um deputado fora do universo dos chamados partidos nacionais tradicionais. Tal desfecho abriria uma nova frente política e parlamentar importante para o JPP e com  visibilidade mediática, mas sei também que há sectores do PS regional, preocupados com a derrota de domingo, que querem jogar "tudo por tudo" numa candidatura política que não represente risco para o partido e sobretudo não mantenha o voto útil a favor da JPP quer funcionou nas regionais deste ano.

Há também quem no JPP defenda a necessidade de não se confundir eleições e que a JPP não tem a obrigação de repetir votações em actos eleitorais diferentes entre si, até na mobilização de eleitores E com alguma razão como podemos ver:

PS

  • Legislativas 2024 - 29.723, 19,8%, 2 deputados
  • Regionais 2024 - 28.981, 21,3
  • Regionais 2023 - 28.844, 21,3%
  • Legislativas 2022 - 40.004, 31,5%, 3 deputados

JPP

  • Legislativas 2024 - 14.344, 9,6%
  • Regionais 2024 - 22.958, 16,9%
  • Regionais 2023 - 14.933, 11,0%
  • Legislativas 2022 - 8.7721, 31,5%

CHEGA

  • Legislativas 2024 - 26.296, 17,6%, 1 deputado
  • Regionais 2024 - 12.541, 9,2%
  • Regionais 2023 - 12.028, 8,9%
  • Legislativas 2022 - 7.727, 6,1%

CDS em coligação?

Quanto ao PSD-Madeira os três actuais deputados estão garantidos mas pessoalmente não excluo que o CDS de Jose Manuel Rodrigues esteja disponível para fazer um acordo com o PSD regional e formalizar uma coligação que funcionou em 2024 e em 2022. Tudo indica que esse será um dos temas que Rodrigues e Albuquerque, hoje ou amanhã, terão ou poderão debater, dada a exiguidade de tempo par a preparar as legislativas nacionais de Maio (LFM)

Regionais 2025: Notas ao acaso

  • O PAN foi afastado da Assembleia da Madeira tendo obtido menos 209 votos que em 2024 mas foi ultrapassado pelo PCP ultrapassou-o. O PAN derrotou-se a si próprio com aquela triste mania - desconfio que imposta pela fraquíssima liderança nacional em Lisboa - de "maria vai atrás das outras" e pelas declarações em relação a Albuquerque que me pareceram deslocadas e despropositadas, dado que nada de novo aconteceu desde que PAN e o PSD regionais se entenderam em 2023;
  • A coligação de Raquel Coelho foi um fracasso porque obteve menos votos que o PTP sozinho em 2024. Faltou uma liderança clara a uma coligação de três pequenos partidos que nunca podia ser colocados num mesmo plano de igualdade eleitoral que o PTP. E Raquel Coelho, comparativamente a outros tempos pareceu-me claramente sem o gás desses idos...;
  • O CDS perdeu 1 deputado e mais de 1.096 votos, perdeu o estatuto de grupo parlamentar pelo qual lutava - porque lhe daria outra capacidade de manobra e de iniciativa no parlamento - mas é essencial ao PSD para obter uma maioria absoluta estável para uma Legislatura de 4 anos. Não me repugna que José Manuel Rodrigues - mesmo penalizando a participação do CDS nos debates parlamentares - dado que com um deputado os centristas ficarão sem intervenção no hemiciclo - tenha percebido isso mas seja "obrigado" a um entendimento com o PSD-M em moldes que hoje ou amanhã ficará clarificado;
  • O Chega perdeu 1 deputado e cerca de 4.720 votos e a IL desceu mais de 385 votos face a 2024. Não sei se o Chega foi penalizado pela moção de censura ao Governo Regional ou pela sucessão de casos graves que a nível nacional penalizam a imagem e a credibilidade do partido, particularmente os casos de pedofilia e os roubos das malas. Ou se a uma conjugação de ambas as situações ou mesmo se o partido já atingiu o seu pico eleitoral na Região. Sei que perdeu milhares de votos e um deputado face aos eleitos em 2024. Quanto à IL obteve uma tremenda "vitória" própria, pois com a saída de Nuno Morna e a ascensão do desconhecido - falo em termos eleitorais - novo líder, muitos vaticinavam uma IL fora da Assembleia, aliás as sondagens apontavam para essa possibilidade. Manteve o mesmo deputado que tinha, por isso conseguiu os propósitos embora admita que pretendesse ter elegido um grupo parlamentar que lhe daria maior visibilidade e intervenção;
  • O JPP aumentou 8.136 votos entre 2024 e 2025 e o PS perdeu 6.626 votos na Madeira. Tenho a certeza que há uma partilha do mesmo eleitorado, por parte destes dois partidos, mas o JPP além de conseguir uma vitória - mesmo que venha a perder eleitores que "roubou" ao PS - a de passar a ser a segunda força regional, teve obviamente mérito próprio pelas características da oposição que desenvolve que também pode vir a ter um efeito eleitoral que o tempo pode esbater. Veremos. Facto é que PS e JPP perderam, juntos, 1 mandato face a 2024 e apenas subiram 510 votos que facilmente se encontrarão nas perdas de outros partidos à esquerda, nomeadamente o PAN que perdeu 209 votos;
  • Assembleia da Madeira passou a ter apenas 6 partidos, PSD, JPP, PS, CHEGA, CDS e IL. Quem sabe se os partidos vão achar que provavelmente terá que ser feita alguma adaptação à lei eleitoral regional
  • Claramente a subida eleitoral do JPP foi feita, para além do mérito próprio dos "verdinhos", à custa das perdas assinaláveis do PS que ficou privado de demasiados votos para quem diz ser, repetidamente, a..."alternativa" aos social-democratas. A tudo isto acresce um cenário inegável de voto útil que penalizou a coligação de Raquel Coelho e o PAN, entre outros partidos de menor expressão;
  • O PSD-Madeira obteve mais cerca de 13 mil votos, comparativamente aos resultados de 2024 elegeu mais 4 deputados que no ano passado, só perdeu em 3 freguesias para o JPP, Santa Cruz, Gaula e Santo da Serra. Foi o mais votado em 10 dos 11 municípios regionais - perdeu em Santa Cruz para a JPP, tal como ocorreu em 2024. Alguma oposição regional já percebeu que isso aconteceu? Parece que não.

Legislativas nacionais 2025: Câmara, Cedras e Franco para Lisboa?

A primeira tarefa de Cafofo tem a ver com as eleições legislativas antecipadas para a Assembleia da República, a terem lugar em Maio próximo. Não sei como é que o líder socialista - que já recusou qualquer  candidatura ao parlamento nacional - vai resolver o problema, na medida em que o PS-Madeira tem dois deputados - Miguel Iglésias e Sofia Canha, que substituiu Paulo Cafofo no lugar - mas estes resultados das regionais, ressalvando que se tratam de actos eleitorais diferentes, coloca muita coisa em dúvida.

Projecção para as nacionais...

Numa projecção - que vale o que vale porque recuso comparar eleições e resultados eleitorais diferentes - que fiz, apenas para curiosidade, os resultados das regionais, caso os partidos mantivessem nas legislativas nacionais as mesmas votações, algo que não acredito, o PSD elegeria 4 dos 6 deputados, contra 1 deputado do JPP e 1 deputado apenas do PS.

Neste contexto o PS dificilmente candidatará Miguel Iglésias ou Sofia Canhas como cabeça-de-lista às legislativas. Se a ideia é enfrentar a candidatura do JPP, que será liderada por Filipe Sousa, actual autarca de Santa Cruz - e não tenho dúvidas quanto a isso - e dado quer Carlos Pereira que foi "saneado" por Cafofo nas últimas eleições, não tem condições para ser o 1º da lista socialista, acredito que o antigo líder do PS, Emanuel Câmara, em final de mandato autárquico juntamente com Sara Cedras e eventualmente Ricardo Franco, autarca de Machico, até podiam ser uma solução, porque os socialistas vão precisar de uma lista politicamente forte (Iglésias e Sofia Canha estão demasiado colados a um fragilizado Cafofo que vai ter grandes dificuldades em gerir este processo depois da derrota de domingo). A grande aposta, se não tivéssemos autárquicas em Setembro, seria Miguel Gouveia que, depois, suspenderia o mandato para se candidatar  oposição à CMF. Politicamente, e neste contexto, seria uma jogada arriscada e que os demais partidos usariam para mais umas estocadas nos socialistas.

Se, entretanto, Cafofo, pressionando como está a ser, resolver bater com a porta, apresentar a demissão e deixar de envolver-se na actividade partidária, quem pode assumir a coordenação desse processo e coimn que autoridade política? Essa dúvida existirá, na certeza de que Carlos Pereira, neste momento, está longe de constituir uma solução forte. Muito menos será uma solução se o grupo de Cafofo se se mantiver na liderança dos socialistas e a controlar o aparelho. Portanto estamos perante um processo com mais dúvidas que certezas. Uma coisa é certa. mesmo tratando-se de eleições diferentes a derrota de domingo obriga o PS-Madeira a uma mudança total de candidatos a Lisboa. Nas últimas legislativas nacionais o PSD elegeu 3 deputados, contra 2 do PS e 1 do Chega (LFM)

Regionais 2025: evolução da IL

Regionais 2025: evolução do CHEGA

Regionais 2025: evolução do CDS

Regionais 2025: evolução do PS

Regionais 2025: evolução do JPP

Regionais 2025: Paulo Cafofo devia agendar já directas e Congresso extraordoinário

Cafofo foi o grande derrotado da noite eleitoral, não há volta a dar apesar de ter anunciado que vai ficar na liderança do PS-Madeira até as autárquicas altura em que admitiu abrir um processo eleitoral interno com directas e Congresso. O problemas de Cafofo é que parece estar deslocado da realidade. Um político que sofre uma derrota com esta dimensão, que fez uma campanha marcada por promessas a pataco, que escolheu como alvo - ele que já foi arguido e até pode voltar a ser arguido se alguns processos saírem da gaveta da PGR onde estão desde 2021 - Albuquerque, alvo constante sobretudo pelo seu estatuto de arguido, que o próprio solicitou, que sabe que o Presidente do Governo não está acusado de nada, que sabe que não devemos julgar ninguém na praça pública, muito menos nas redes sociais, e muito menos por causa de questões pessoais melindrosas - aliás, Cafofo sabe disso... - cometeu ainda uma série de erros que começaram, em meu entender, com no impacto de uma lista de candidatos a deputados que ficou longe de reunir o adequado consenso interno. O real, não aquele que foi expresso nas salas de reuniões onde só existem unanimismos e aclamações de circunstância. Acresce que, para além de tudo isso, Cafofo ficou com um problema em mãos, bem complicado, já que a eleição de 8 deputados deixou alguns dinossauros do PS-M fora do parlamento e sem possibilidades de regressarem devido ao jogo das suspensões de mandatos que não me parecem plausíveis. Admito contudo que nalguns casos, em 2 deles, os eleitos venham a abandonar o parlamento por desilusão com a situação no PS-Madeira, e isso beneficiará os "afastados". Pessoalmente não creio que Paulo Cafofo tenha condições políticas para manter-se em funções como se nada se tivesse passado no passado domingo. Devia imediatamente reunir os órgãos competentes do PS-Madeira, obter a anuência deles para que seja ele a liderar o processo de elaboração da candidatura à Assembleia da República, mas agendado imediatamente as directas e o Congresso Regional extraordinário no final de Agosto ou início de Setembro, porque não em parece que um líder enfraquecido tenha a autoridade política e mesmo a legitimidade para decidir um processo com a complexidade das autárquicas. Mas essa é a minha opinião. O PS já nos habituou, desde 1976, a que nunca existem derrotas eleitorais regionais que sejam suficientemente dolorosas e expressivas ao ponto de provocarem a demissão dos lideres socialistas. Sei que não é fácil, que as decisões como esta são dolorosas, mas pior do que isso será entrar em negação ou deixar protelar a incerteza, fragilizando-se ainda mais. É apenas uma opinião pessoal que, por isso mesmo, vale o que vale. (LFM)

Regionais 2025: o "esquecimento" da esquerda...

O erro da esquerda, falo do PS, JPP e do PAN, foi "esquecerem" - o que é sempre fatal em eleições assentes num círculo eleitoral único - que entre eles há essencialmente uma disputa na área do eleitorado comum e que não tem grande expressão, salvo algumas excepções, a penetração destes partidos no eleitorado abstencionista e mesmo naquele que fielmente - como os resultados de 2025 e os mais de 13 mil votos alcançados pelo PSD-Madeira face a 2024 - vota nos social-democratas por opção. Acresce se alargarmos os efeitos do chamado voto útil - neste caso ao PCP, Bloco e a coligação de Raquel Coelho e mesmo o Livre - o impacto é residual mas no apuramento de mandatos pelo método de Hondt pode penalizar tanto o PS como o JPP. Ou beneficiá-los (como nas regionais de 2019 aconteceu com o PS), tudo depende da amplitude do voto útil conseguido em seu favor e das fatias que consegue no chamado eleitorado comum. Deixo isso para os especialistas e consumidores de literatura sobre esta temática!

Regionais 2025: a disputa eleitoral entre PS e JPP

A explicação para a derrota do PS e de Paulo Cafofo. Este quadro mostra a "disputa" entre PS e JPP nos diferentes concelhos bem como as oscilações eleitorais, em 2025, comparativamente aos resultados das regionais de 2024. Lembro que comparativamente a 2024, PS e JPP, juntos, obtiveram em 2025 apenas mais 510o votos e perderam 1 deputado

Regionais 2025: a evolução eleitoral do PSD-Madeira desde 2007

 

Regionais 2025: a "guerra" PSD-JPP em Santa Cruz, nas regionais

Qual a evolução eleitoral do JPP e do PSD e do outsider PS em Santa Cruz? Considerando as regionais de 2023 a 2025, e ressalvando, como é evidente, que as eleições têm naturezas diferentes, não sendo possível comparar actos eleitorais diferentes, constata-se que depois do PSD-Madeira ser o mais votado nas regionais de 2023 como mais 1.08 votos que a JPP que foi o 2º mais votado, em 2024 a JPP foi a vencedora com mais 1.563 votos que o PSD que passou a ser a 2ª força política do concelho, situação que se repetiu em 2025, mas agora com uma diferença de apenas 383 votos a favor da JPP. Por isso alguma cautela nas apreciações, ainda por cima sabendo-se a natureza da campanha da JPP relativamente a Miguel Albuquerque - falando todos os dias no Presidente do Governo e no seu estatuto, a seu pedido, de arguido que ainda nem declarações prestou perante a justiça - fomentando intoleráveis e desonestos cenários de  julgamentos populares na praça pública desrespeitando a presunção da inocência. Aliás uma penalização do eleitorado, considerando as regionais de 2023 a 2025, que terá penalizado o JPP incapaz de travar a subida eleitoral do PSD-Madeira em Santa Cruz, mais 2.398 votos neste concelho contra uma subida de apenas 1.218 do JPP claramente quase semelhante aos 1.073 votos perdidos pelo PS. O quadro dispensa mais comentários.

Regionais 2025: o apuramento pelo método de Hondt

De acordo com o apuramento dos 47 mandatos regionais, por via da aplicação do método de Hondt, constatei que os partidos elegeram os seus representantes nas seguintes posições:

- PSD (23): 1º, 2º, 5º, 6º, 8º, 10º, 12º, 14º, 17º, 18º, 20º, 22º, 24º, 26º, 29º, 31º, 34º, 35º, 38º, 39º, 42º, 43º e 47º

- JPP (11): 3º, 7º, 11º, 15º, 19º, 23º, 27º, 32º, 36º, 41º e 45º

- PS (8): 4º, 9º, 16º 21º, 25º 33º, 37º e 44º

- CHEGA (3): 13º, 30º e 46º

-CDS (1): 28º

- IL (1): 40º

Regionais 2025: o mito da abstenção?

 


Estas regionais também deitaram abaixo o mito - ou mitos - alimentado em torno da abstenção, sobretudo quando os partidos tentam "justificar" resultados adversos com a teoria da abstenção. Sendo certo que se torna urgente actualizar os cadernos eleitorais - ressalvo que em próximas regionais as alterações aprovadas sobre a mobilidade eleitoral, que foram aprovadas pela Assembleia da República mas não entraram a tempo de ser aplicadas este ano, já estarão em vigor o que pode reduzir ainda mais a abstenção ou desmistificar também alguns mitos sobre esta matéria... - o facto de terem votado quase 56% dos eleitores, reduzindo a abstenção, comparativamente a 2023 e 2024 em 2,5% foi significativo. Sendo difícil analisar com rigor as oscilações eleitorais e particularmente as "viagens" de votos de A para B ou de B para C, etc (lembro que tenho tido a cautela de abordar a questão da importância do eleitorado flutuante que vota de forma diferente em cada acto eleitoral, porque não tem qualquer vínculo certo com nenhum dos partidos, o que explica os mais 13 mil votos obtidos pelo PSD-Madeira, e escolhe razões de fundo para o fazer, este ano acredito que foi um voto na estabilidade governativa e para uma Legislatura - é um facto que a análise ao fenómeno da abstenção na RAM não é tão fácil de abordar, contrariando o que alguns sustentam e tentam "vender".