sábado, fevereiro 16, 2008

Testemunho impressionante

Que mais poderei dizer perante o testemunho que a seguir vos transcrevo por ocasião a efémeride ontem assinalada? Nada. Qualquer palavra, qualquer suspiro, qualquer gesto, seria sempre e só um amontoado de idiotices de um hipócrita. Opto pelo silêncio:
"A perda de um filho
Adriana,
Não levará a mal que a trate assim como se a conhecesse mas também eu sou mãe dum jovem que teve cancro.Com 16 anos foi-lhe diagnosticado Linfoma Não-Hodgking (Dezembro de 2005), que foi debelado após tratamento no IPO do Porto. Ao ler o seu testemunho chorei. Também eu nunca pensei que a vida nos traria algum dia uma tragédia desta natureza. A possibilidade de perda de um filho é uma das experiências mais terríveis. A perda de um filho deve ser a dor suprema.Por isso acho MUITO importante falar do cancro nas crianças e nos jovens, desmitificar uma doença que para a generalidade das pessoas se traduz numa sentença sem apelo.É preciso falar, não esconder, dar testemunho de esperança, ajudar os doentes e as famílias a ultrapassarem as imensas batalhas dessa longa guerra que é o tratamento.No meio da tragédia que sobre nós se abateu percebi que, ainda assim, a sorte não nos abandonou. Tivemos uma legião de familiares e amigos a dar apoio de todas as fornas possíveis; conseguimos não sucumbir ao medo; nenhum de nós desistiu, nunca. E, muito importante, tive a sorte de ter o meu filho tratado por técnicos excelentes que são também seres humanos extraordinários.Refiro-me aos médicos, enfermeiros e funcionários do Piso 5, da consulta de Oncohematologia, Radioterapia, Psicologia.Nunca viveremos os suficiente o suficiente para agradecer a humanidade e competência com que trataram o nosso filho.É justo que se saiba que existem pessoas como a dr.ª Isabel Oliveira, como a enfermeira Maria José e as suas colegas do Hospital de Dia (adultos), como as enfermeiras e funcionárias da consulta de Oncohematologia. Pessoas como Dona Ana, auxiliar de acção médica do PISO V que soube incutir-me a necessária dose de esperança quando me acompanhou para tratar das papeladas do internamento e quando transportou o meu filho aos exames de diagnóstico. E tantas outras pessoas (dr. Nuno, dr.ª Margarida, dr. Herlânder, dr. Pedro Teixeira, dr.ª Carla Castro enf.ª Isabel, enf:ª Marta) que em muitos momentos souberam ter a atitude certa. E que me perdoem os outros cujos nomes não refiro porque a memória não chega a tanto, mas eles sabem que a minha gratidão é infinita. De toda esta experiência recolhi alguns ensinamentos interessantes que aqui partilho:
- há poucas coisas realmente importantes na vida
- a humanidade e a amizade ajudam a curar
- celebrar cada pequena vitória com um sorriso
- o optimismo informado é fundamental
- o pós-doença e o regresso à normalidade não são fáceis para o doente nem para os familiares
- a expriência vivenciada ao longo de todo o processo de tratamento faz parte, definitivamente, do nosso mundo interior. A doença do meu único filho confirmou aquilo que eu já suspeitava: pus no mundo um ser humano extraordinário, com uma capacidade de sacrfício e de luta que excedeu todas as expectativas e que é para nós um imenso motivo de orgulho. Tenho a certeza que os outros pais e mães descobrem coisas semelhantes a respeito dos seus filhos.Para terminar quero agradecer-lhe por partilhar a sua experiência e se dispor a ajudar os outros. Obrigada Zita Fonseca".
Uma sugestão apenas: os interessados no tema vão a este site.

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