segunda-feira, abril 28, 2008

"Bem-vinda, dra. Manuela"

Retive - e não posso deixar de chamar a atenção para o mesmo - um artigo do antigo Ministro da Saúde, e actual professor universitário, Correia de Campos, com o título em epígrafe, publicado hoje no Diário Económico, jornal que chama a atenção para o texto sublinhando que "Correia de Campos diz que a ex-ministra das Finanças vai “ajudar a focar” o PS".Vale a pena ler pelo que, com a devida vénia, transcrevo a seguinte passagem: "(...) Vou dar-lhe algumas das razões pelas quais um socialista também pode ficar satisfeito com a sua candidatura. Em primeiro lugar, para o bem do PS que fica estimulado a não adormecer e a não enviesar a linha reformista que o distingue do resto da esquerda e do PSD dos últimos doze anos. Depois, por tornar claro ao eleitorado da esquerda o que distingue o PS do PSD, alertando para o que esse eleitorado perde se o PS perder a maioria. Mas também por revigorar a direita, estendendo-a ao seu território real e não ao das sondagens do desagrado, o que reforça a autonomia do PSD e previne participações cruzadas e espúrias com o PCP ou o BE, a que o líder cessante não foi capaz de resistir, na ânsia de capitalizar descontentamento. Finalmente, a sua candidatura dá alegria a muitos dos meus amigos do PSD que levam a sério estas coisas da governação. Todos gostamos de ver os amigos felizes.Mas os seus trabalhos vão ser grandes, muito grandes. Em primeiro lugar, unir o PSD, antes de chegar ao poder e longe da perspectiva de o alcançar; às actuais forças centrífugas juntam-se sempre as futuras. Depois, terá que resolver o problema do seu grupo parlamentar incluindo a respectiva chefia; nada fácil. Terá que escolher uma lista de deputados e avalizar as candidaturas autárquicas; aprovar propostas de candidatos a deputados é mais difícil que escolher um governo; leva mais tempo e a roupa suja é toda lavada na rua. Uma das tarefas mais duras será aguentar o périplo pelo território, com as refeições de bacalhau com natas ou vitela assada, as salas que enchem ou vazam ao sabor da sua simpatia entre as concelhias, os longos quilómetros, os beijos lambuzados, os abraços asfixiantes. Mas no campo dos conteúdos, terá que se demarcar do PS e da sua vasta, ambiciosa e parcialmente já conseguida política reformista, o que lhe dá pouco espaço para não ser vista como o “Sócrates de saias”. Terá pela frente um PS forte, moralizado, especialmente na recta final e disposto a vender cara a maioria absoluta. Finalmente vai ter dificuldades em lutar contra um bom governo. Se tem dúvidas, coteje, pasta a pasta, o governo PS com os dois anteriores governos, a um dos quais a dra. Manuela pertenceu (...)". Interessante, não acham?

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