sábado, maio 31, 2008

Combustíveis: perguntas e respostas

São provavelmente as perguntas que todos fazem. O Expresso publica hoje um interessante trabalho sobre isto que aqui reproduzo com a devida vénia:
Que medidas podem contrariar a escalada do petróleo?
Em mercado aberto, só há uma saída: contrair a procura destas «commodities», alterando o padrão de consumo. Dada a consciência de que se está a atingir um tecto de produção (o ‘pico do petróleo’), a oferta deixou de poder satisfazer os apetites do consumo.
Qual a produção actual?
74 milhões de barris de crude por dia, mais 8 milhões de barris de líquidos associados ao gás natural, 4 milhões em outros líquidos e ganhos nas refinarias.
E qual é a procura mundial?
Os especialistas estimam uma procura de 90 milhões de barris por dia para os preços se manterem abaixo dos 100 dólares, e superior a 95 milhões de barris por dia para não ultrapassarem os 150 dólares. O consumo tendia a crescer de 2,5% a 3% ao ano, mas devido à viragem do preço desde 1999, e particularmente desde 2001, o aumento anual do consumo abrandou para 1,5%. No futuro próximo, terá mesmo de se contrair. O consumo mundial actual equivale a uma piscina olímpica cheia de petróleo a cada 15 segundos.
A oferta ainda poderá crescer?
A oferta de crude propriamente dito tem estagnado desde 2005. Estima-se que possa crescer 3 milhões de barris por dia até 2012. O segundo maior produtor, e patrão da OPEP, Arábia Saudita, há anos que não divulga estimativas sobre a sua margem de manobra. Em termos globais, a oferta poderá aumentar até aos 90 milhões de barris/dia, mais quatro que actualmente.
E será esse aumento suficiente?
O investigador Félix Ribeiro diz que não existem, mesmo em cem anos, “problemas sérios de restrição na oferta de combustíveis fósseis”. Segundo a BP, nas condições actuais as reservas dão para 40 anos. Porém, segundo o World Energy Outlook da AIE, a oferta deveria aumentar em 37,5 milhões de barris por dia até 2015 sem alteração do actual padrão de consumo, particularmente em países como a China e a Índia. Mesmo no cenário mais optimista, em 2015 poderá haver um défice superior a 20 milhões de barris por dia.
Que efeito poderá ter a pressão política junto da OPEP?
Nenhum. A OPEP perdeu, realmente, o controlo do limite superior de preços. Exceptuando o Irão, o Iraque e a Venezuela, todos os outros membros do cartel estão a produzir acima da sua quota.
A subida de preços resulta da especulação financeira?
Não é o factor fundamental, como querem fazer crer a OPEP e alguns políticos, e mesmo George Soros. O peso das aplicações financeiras nesta «commodity» deverá estar a implicar um prémio de 15 dólares por cada barril ao preço actual.
O preço poderá baixar se a política americana mudar?
O efeito será transitório.
Qual é o perfil do consumo mundial de energia?
O petróleo representa 36%, seguido do carvão com 25%, gás natural com 21%, nuclear com 6%, biomassa com 4% e hidroeléctrica com 3%.
E em Portugal?
O petróleo representa 55% do consumo de energia primária (uma dependência maior do que a média mundial), o gás natural 14%, o carvão 13%, a electricidade 7% e o resto 12%. O sector dos transportes é o que mais gasta, consumindo 34% do total de energia

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