quarta-feira, maio 21, 2008

João Carlos Gouveia

Na política, mesmo que pareça que andamos mergulhamos numa selva, onde ninguém respeita ninguém, e onde se confunde tudo, a política é isso mesmo, e só isso, a política, com todos os seus defeitos e virtudes, um conjunto de pessoas e de diferentes formas de pensar, diferentes formas de participar, diferentes opções livremente tomadas pelos cidadãos e que por todos devem ser respeitadas. Da parte que me toca, por formação e por educação, respeito todas as pessoas, particularmente os meus adversários políticos, porque embora sabendo que pensam livremente de forma diferente que eu em relação a tantos assuntos, não os posso olhar como inimigos. E não me venham com a treta do politicamente correcto, porque não alinho nesta concepção. Serve esta introdução para justificar, se é que alguma justificação tinha para dar, a minha total solidariedade ao João Carlos Gouveia, líder do PS regional, pelo falecimento do seu pai ainda por cima em circunstâncias tragicamente inesperadas. Conheço JCG há muitos anos, construímos um quadro de respeito que não impede que pensemos de forma diferente e que continuemos a estar em lados opostos, quando se trata de política. Quanto ao resto, particularmente aos aspectos humanos e de uma forma mais evidente nos momentos de dor, acho que é dever de todas as pessoas abdicar das divergências ideológicas e políticas, passando-as para um plano secundário, sem importância, para podermos estar ao lado dos que sofrem. Acredito que JCG é hoje um homem consumido pela dor. Porque não é por acaso que cada um de nós sabe o que valemos pais,a importância que eles têm, o que eles estão dispostos a fazer por nós, seus filhos,etc. "Pais são pais",ouvimos habitualmente. Por isso, temos a certeza, nós os filhos, que também somos pais, que os filhos sabem que independentemente de tudo o que lhes possa acontecer, terão sempre os pais ao seu lado, disponíveis para lhes estender a mão amiga,da mãe ou do pai, sempre pronta a impedi-los de se sentirem sós. Infelizmente, no que me toca, não tive tempo para isso, não tive oportunidade para isso, melhor dizendo. Valeram-me outros familiares, aos quais devo o que sou hoje, convictamente um ser não perfeito, com defeitos e virtudes, mas também convictamente uma pessoa que tudo faz para não os envergonhar, se é que nos olham lá onde algures estarão. Merecidamente em paz de espírito. Ao JCG uma palavra de solidariedade num momento difícil, e a certeza que a vida continua, porque somos parte de um ciclo infernal que não tarda muito, devolve-nos de novo para a tal "selva" que construímos.

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