sexta-feira, maio 30, 2008

Mérito de coisa nenhuma...

Reafirmo tudo o que aqui referi no meu comentário quanto à caça às bruxas e à noção de perseguição pessoal que me parece estar subjacente a algumas iniciativas. “Anjinhos” na política é coisa que não existe. Não se trata de pessoalizar um assunto demasiado sério. O que importa, perante o facto consumado, em concreto, é a procura de soluções, independentemente de sabermos, por exemplo, se o processo teve ou não a participação de determinados grupos hoteleiros locais que, naturalmente, pensaram nos seus interesses, já que não tinham que se preocupar com a defesa dos interesses dos residentes e dos estudantes, já que se tratava de competência do poder político. E podem ter a certeza que politizar uma questão como esta, é tempo perdido, porque não vão resolver nada, muito menos ficar com méritos de coisa nenhuma. E por muito incómodo que o assunto seja para o PSD, também sê-lo-á para um partido que perde toda a moral para criticar ou exigir responsabilidade, pelo simples facto de que é o PS o responsável pelo Governo da República. Estou-me nas tintas quanto ao local onde os governos devem dar explicações. Nem sequer as quero, porque explicações não enchem barriga, não resolvem o problema. O que queremos todos, julgo eu, são novas soluções, novas propostas que possam remediar o que não foi devidamente tido em consideração, ou seja, não a liberalização, porque ela em si mesmo será útil para a Madeira, mas uma componente desse processo que tem a ver, repito, com os residentes e com os estudantes universitários. Acusar o governo madeirense de não ter negociado bem não quer significar que tinha que o fazer porque do outro lado, afinal estava um interlocutor, o Governo da República, que pelos vistos também não estava interessado em que isso acontecesse, pelo contrário? E finalmente quem me garante que este assunto está encerrado e que não tem sido reanalisado? Eu não abdico das minhas opiniões e da liberdade de pensar como penso. Mas acho desonesto e pouco sério, que numa situação de negociação, se tente culpar pelo insucesso, ou elogiar pelo sucesso, apenas um dos interlocutores. Se a liberalização, vista globalmente, nas suas múltiplas componentes – e elogiada pelo secretário de Estado da tutela (e ninguém se atreveu a comentá-lo…) - foi um mau processo, então as responsabilidades cabem, de forma igual, a quem o negociou, aos dois governos e não apenas a um deles. Porque se acusarmos o governo regional de ter negociado mal – e admito que tenha cometido erros – isso indicia que da parte do outro governo não havia boa-fé. Ou não será assim? O que precisamos de saber, agora, é se junto da União Europeia há espaço de manobra para remediar o que não foi devidamente tido em atenção. Tudo o resto, o que eu disser, o que outros disserem, com mais ou menos politiquice à mistura, não passa disso mesmo, de simples conversa, porque não contribuirá em nada, repito, em nada, para resolver seja o que for. Com isto não estou a branquear seja o que for ou quem for. Pelo contrário, várias vezes, aqui e noutros locais de opinião, disse claramente que houve erros e omissões que não agradaram às pessoas. Mas não me peçam, nem esperem, para andar armado em “justiceiro” ou me comportar de forma míope, distorcendo os factos, responsabilizando apenas um dos pratos de uma balança. Porque quanto a 2009, nada de pressas, pois quando chegar esse momento, quando tivermos que tratar disso, a seu tempo o faremos. E então constataremos o que acontecerá, o que dirão s pessoas, como vão elas decidir em função de outras realidades que penalizam famílias empresas e que nada têm a ver com este processo da liberalização em concreto…

Sem comentários: