quarta-feira, maio 14, 2008

PSD: Declaração de Jardim (na íntegra)

Foi a seguinte a declaração lida hoje por Alberto João Jardim, em conferência de imprensa realizada na sede do PSD-Madeira, no Funchal:

"A situação antecipadamente desencadeada no Partido Social Democrata, obviamente que preocupa as minhas responsabilidades de português e de dirigente partidário.
Com uma urgência que denota planeamentos já anteriormente montados dentro e fora do Partido, “interesses” que não são os nacionais, logo não são os do PSD, imediatamente procuraram controlar os acontecimentos.
Contra este imprevisto no conhecimento da Opinião Pública, eu tentei ainda uma coesão e dinâmicas internas, capazes de nos conduzir a uma vitória eleitoral que provoque as mudanças imprescindíveis ao futuro dos Portugueses.
Motivação pessoal despida de qualquer ambição e egoísmo, pois as pessoas entendem que, neste momento de vida, não preciso, nem me é cómoda, uma candidatura à liderança nacional do PSD. Assim como a experiência adquirida me dá a maturidade e o bom-senso para não participar em aventureirismos, nem remar contra invejas medíocres.
Apesar dos públicos apoios amigos e solidários, os quais muito me sensibilizam e me nobilitam, e que muito agradeço para sempre pessoalmente reconhecido, imediatamente se interpuseram movimentações oriundas de sectores de dentro e de fora do Partido, conotados com o situacionismo político- -económico de um Sistema que não serve aos Portugueses. Tratou-se de uma defesa desesperada desta Situação que lesa o País. Mesmo sem eu ter formalizado a minha candidatura, parecia ser eu, o “inimigo principal” a abater.
O sistema político-constitucional, os seus “interesses” e agentes, obviamente perceberam o que os ameaçava.
Este controlo doloso da Opinião Pública, de que os Portugueses têm de se libertar sob pena de futuros mais fracassos nacionais, impede a coesão interna indispensável para o PSD poder ter força e derrotar o Governo socialista, o que, mas de outro modo, está bem ao nosso alcance.
Porém, foi-se pela fragmentação partidária, pela balcanização a que se assiste e que, assim, vai continuar a não ter cura.
Pelo contrário, fomenta a manutenção do presente estado de coisas nacional.
Fomenta o controlo do Partido Social Democrata por uma burguesia inculta, autopromovida nos errados convencionalismos sociais vigentes e alimentada pela propaganda. Uma burguesia inculta e narcisa que nada tem a ver com a realidade social-democrata, nem com o Povo português.
Fomenta o controlo externo do Partido Social Democrata, em termos de Este continuar a se deixar condicionar, nas suas escolhas e decisões, por uma falsa “esquerda” burguesa e seus agentes na comunicação social.
Pelo que agradeço, também, aos que me atacaram e tentaram denegrir, pois, com isso, ainda mais me convenceram de que eu tenho razão. Como português e social-democrata, sinto-me nobilitado quando alvo desse tipo de gente que é grande responsável pelo infeliz País que somos, e a quem os Portugueses terão de exigir contas. Continuarei a desprezar as críticas destrutivas e pessoalizadas, as quais, para mim, são até motivo para gozo e sarcasmo, humor sem o qual a Política é insonsa, desmotivadora e desmobilizante.
Mas, insisto, é impossível tentar libertar quem, por enquanto, parece não querer ser libertado. O sebastianismo é a derrota de Alcácer-Quibir. O quixotismo é inócuo. Detesto-os.
Recuso-me a ser mais uma facção neste quadro para o qual o PSD se deixou arrastar.
A derrota dos socialistas é possível, mas não passa por isto.
Esta balcanização não pode ser minimamente comparada à então necessidade que Sá Carneiro teve de unificar e de caracterizar solidamente o Partido, dotando-nos de uma Ideologia identificada com os Valores histórico-sociais profundos da Nação Portuguesa, desta forma organizados com eficácia política e através de uma dialéctica firme com o Sistema em que estamos mergulhados. Diferente, portanto, do partido situacionista em que erradamente vêm transformando o PSD, e que os candidatos deste momento à sua liderança, nem o conseguem marcar, de fundo, como alternativa aos socialistas.
A Social-Democracia que inspira a fundação do Partido Social Democrata, é personalista. Bebe na concreta realidade nacional. Logo, tem de ser oposição a todas as correntes socialistas, bem como ao liberalismo que endeusa o mercado e que, em Portugal, tragicamente, voltou ao orçamentalismo do Dr. Salazar, mas agora à mercê de directivas externas à comunidade nacional soberana.
Reflecti muito, durante estes dias.
Entretanto, foram recolhidas as assinaturas necessárias a eventual candidatura, no que agradeço a disponibilidade dos Militantes sociais-democratas da Região Autónoma da Madeira.
Ouvi muitos Companheiros de Partido e, ainda mais do que Estes, Cidadãos partidariamente descomprometidos.
Ouvi, sobretudo, a Comissão Política Regional da Madeira do Partido Social Democrata, bem como o seu Secretariado Regional.
Concordo com a opinião dominante de eu não dever me envolver no estado em que o PSD está mergulhado. Antes, o que se entende necessário e prioritário, é fazer com que o Partido, ultrapassados este tempo e estas pessoas, assuma caminhos novos e se revigore através de outro projecto, que não estes, um projecto de reencontro com o sentir e vontade dos Portugueses. Há passos que só se dão pela certa, e muito menos se dão quando o terreno está armadilhado, desgraçadamente a partir de fora do Partido.
A Comissão Política Regional da Madeira do PSD, institucionalmente não apoia qualquer candidato.
Na Madeira, o Partido Social Democrata não pode se deixar dividir por causa das traquinices de Lisboa. Os nossos combates são outros.
Pessoalmente, respeito todos os Companheiros de Partido, nem as minhas amizades esmorecem pelo facto de estar bem distante daquilo para que deixaram o PSD resvalar e ser condicionado por opiniões que lhe são exteriores e adversárias.
Pessoalmente, no quadro a que chegámos, prefiro Pedro Santana Lopes. Não por me identificar com várias posições suas, nomeadamente a de não resistência ao “golpe de Estado constitucional” do socialista Sampaio, origem primeira da situação em que o País se encontra. Sobretudo prefiro Pedro Santana Lopes aos restantes, porque mal vamos quando se enjeita a Ideologia e a coerência política.
Não aceito posicionamentos que, pactuando com uma derrota em 2009, se baseiam num calculismo para o posteriormente.
Como não aceito políticas situacionistas que são mais do mesmo, o mesmo sistema, os mesmos “interesses” de uma burguesia inculta e incapaz de desenhar uma Pátria com futuro, absolutamente nocivas ao que planeamos para futuro da Madeira.
Sobretudo, recuso a voracidade de grupos mundialistas que, também através do PSD, se vão apoderando de Portugal.
Peço calma, atenção e empenhamento às centenas de Cidadãos que, do Continente, me enviaram apelos e mensagens de incentivos.
Estamos a atravessar uma situação que é um mero episódio.
Como eu disse no último Congresso Nacional do PSD, a involução preocupante das condições de vida dos Portugueses, bem como o que já se prevê para o futuro próximo do Partido Social Democrata, determinam que até o final do primeiro trimestre de 2009, seja então o tempo certo de aferir as possibilidades eleitorais de quem for líder nacional. Aferir se este, na ausência de um quadro partidariamente optimista, tem a grandeza ética de permitir outra solução.
Disse-o no Congresso, e mantenho-o. Pois, se tal infelizmente se verificar, será suicídio e irresponsabilidade, então, não proceder a mudanças definitivas para as eleições nacionais.
Mudanças que esgrimam o efeito surpresa; que reduzam o tempo de manobra adversário para a crucificação prevista por parte dos “interesses” do Sistema e da sua comunicação social; que motivem e desencadeiem uma campanha avassaladora e total contra os socialistas; que refunda uma Aliança Democrática entre todos os sectores não-comunistas e não-socialistas, o que os actuais cinco candidatos à liderança do PSD erradamente recusam; que unifique e mobilize fortemente contra os socialistas, em termos de Vitória.
O Partido Social-Democrata tem de ser uma armada política, só com adversários externos, empenhado em mudanças de fundo para Portugal. E não, como agora, um espectáculo cinzento, timidamente subjugado ao “politicamente correcto”, conciliador do inconciliável e conformista com a Situação.
O PSD tem de voltar a se identificar com os Portugueses, de maneira dinâmica.
Mas, no tocante a Portugal e ao PSD, desejo sinceramente que o futuro não me dê razão.
E fiquem os meus adversários e detractores a saber que continuarei a lutar por Portugal, sempre na primeira linha do combate político e ideológico, sem medos do que ou quem quer que seja".

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