Ao contrário da conclusão precipitada de Roberto Almada no seu blogue, eu não fiz a apologia de coisa nenhuma, muito menos fiz a defesa de qualquer tipo de confusão entre os apoios concedidos pela FSD e as opções partidárias. O problema é muito simples: há 30 anos que a oposição diz que o PSD, a JSD e mais não sei o que mais, são uma agência de emprego, insinuando que as pessoas se filiam apenas para conseguirem empregos e não sei que mais. Se assim fosse, fazendo fé nesse alegado "oportunismo" das pessoas, será que elas ao longo de todos estes anos não teriam toda a liberdade de votar como entendessem, ou seja, nos partidos da oposição que se dizem prejudicados? As conclusões do RA, que nada têm a ver com a realidade, resultam do facto de não ter lido o que escrevi ou de apenas ter lido o que quis. O que eu disse e mantenho foi apenas isto:
- "Segundo li no DN local, Coelho terá afirmado que "os bolseiros da Fundação Social Democrata são obrigados a se inscreverem na Juventude Social Democrata. A denúncia partiu do deputado do PND, José Manuel Coelho, que esta manhã esteve na 'casa-mãe' da Fundação Social Democrata em Santo António. José Manuel Coelho alerta para o facto da Fundação Social Democrata receber fundos e que, por esse facto, não pode discriminar os alunos que não são da JSD". Embora reconheça que não acompanho a gestão da Fundação, e portanto confesso a minha total ignorância nesse domínio, posso contudo questionar: recebe dinheiros públicos? Quais e de quem? Por outro lado, a Fundação Social-Democrata é uma instituição com estatutos devidamente registados e aprovados. Não vive na clandestinidade... Finalmente uma questão essencial: mais do que os Estatutos, que estão publicados, e que clarificam a acção da FSD, há um regulamento, todos os anos publicados, através do qual são instituídos os prémios para os melhores alunos da Região e um regulamento que serve de base à atribuição de bolsas de estudo a estudantes universitários madeirenses que comprovadamente demonstrem necessitar desse apoio. Em nenhum desses regulamentos - e o desafio para que o neguem está lançado - é feita alusão a questões de natureza política ou partidária. E isto é muito simples, se o deputado Coelho tivesse razão quanto a esse descarado e saloio aproveitamento político e partidário consubstanciado numa intolerável exigência (mas disso o deputado Coelho, que repetidamente se afirma ora comunista, ora anarquista, sabe melhor do que eu, porque certamente sabe como funcionavam as "coisas" no antigo leste europeu e nas ditaduras que por lá existiam), eu seria o primeiro a lamentar que assim fosse, porque não se pode confundir questões de oportunismo partidário com a dignidade e as necessidades de jovens estudantes que precisam é de ser apoiados para que possam terminar o seu curso superior, independentemente do partido a que pertençam. O absurdo, para me ficar por aqui, é que mesmo que, por suposição, a FSD exigisse essa filiação, quem é que obrigaria os bolseiros, caso votassem a terem que fazê-lo no PSD? Nada, ninguém. Nem sequer eram obrigados a votar... (16 de Agosto)
- "Eu explico-lhe como é: tenho um amigo que foi um dos madeirenses com melhores classificações escolares nos últimos três anos. Foi contactado por alguém ligado à tal FSD propondo-lhe que se inscrevesse na JSD e que concorresse a uma bolsa. Como é uma pessoa honrada e pertence a outro partido recusou, declarando "que preferia passar fome em Lisboa a ter de se inscrever na JSD para ter a bolsa". O que eu escrevi: Continuo a manter o que disse neste blogue: acredito que a Fundação Social Democrata atribui as bolsas em função das regras constantes do regulamento que é publicado. Se ao abrigo disso se fazem as patifarias que nesse blogue são insinuadas, se se brinca com a dignidade dos estudantes carenciados que naturalmente recorrerem a todos os apoios possíveis para que possam estudar e ter um curso superior, tal como afirmei sou o primeiro a considerar intolerável esse comportamento e inaceitável essa atitude. Caso se confirme - não sou capaz de confirmar - este tipo de acções insinuadas no blogue melhor seria que a Fundação Social Democrata assumisse, de uma vez por todas, que apenas concede apoio a estudantes filiados na JSD. Muitos optariam por fazê-lo, inclusivé muitos que se estariam nas tintas para a JSD, desde que por essa via ganhassem direito à bolsa. Até prova em contrário, mantenho o que disse, recusando aceitar que tais situações ocorram. Mesmo com estas histórias dos amigos à mistura".
Como é que depois destas partes assinaladas sobretudo a vermelho, Roberto Almada pode chegar às conclusão que refere no seu post? O meu problema neste momento é outro: é que vários têm sido os testemunhos que me têm sido enviados - e que agradeço - referindo que de facto têm existido contactos com vista a um oportunismo saloio, desonesto e eticamente reprovável, o de obrigar as pessoas a se inscreverem na JSD para terem direito a bolsa. Se isso é verdade, repito, se isso for verdade, estamos perante um comportamento indigno de uma instituição de utilidade pública que não pode confundir questões diferentes e que não têm sequer o direito de brincar com a dignidade de jovens estudantes que apenas precisam de apoio para poderem frequentar o ensino superior, por não terem condições para o fazer.
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