sábado, setembro 27, 2008

Euro provocou perda de competitividade da Europa...

O curioso desta notícia do Publico, do autoria da jornalista João Ramos de Almeida reside na afirmação de que "desde a sua criação em 1999 até 2008, a moeda única europeia foi responsável por uma perda de competitividade do preço das mercadorias da zona euro em cerca de dez por cento, contrastando com os ganhos dos Estados Unidos, do Japão e do Reino Unido. A conclusão é de dois economistas do Banco Central Europeu num artigo sobre os efeitos da globalização na competitividade da zona euro. Filippo di Mauro e Kristin Forster partem do factor preço como elemento base da competitividade, mas sublinham não ter sido esse factor transversal a motivar as diferentes situações em cada dum dos países da zona euro, que registaram efeitos bastante heterogéneos. Usando um indicador harmonizado, a repercussão nos preços das exportações variou entre valores quase nulos (Áustria, Alemanha ou França) até quebras assinaláveis - Espanha (acima dos 15 por cento) ou da Irlanda (a rondar os 28 por cento). Essas perdas parecem, contudo, ter sido mais homogéneas desde 2006. Apesar disso, Di Mauro e Forster desvalorizam o papel do euro, uma vez que não se registam alterações significativas na ordenação dos países quando se considera os preços dentro e fora da zona euro. "A principal mensagem, portanto, é a de que a evolução dos custos e preços internos de cada país da zona euro representa o factor principal das alterações nas posições relativas na competitividade", concluem. Os autores referem, todavia, que mais recentemente têm vindo a esbater-se as diferenças de custos salariais entre a zona euro e os Estados Unidos. A explicação para os diferentes impactos encontra-se - sublinham - na progressiva presença da China nos mercados internacionais e, consequentemente, nos efeitos sectoriais em cada um dos países. Com a entrada de capitais na China - ampliando a parte da produção em "outsourcing" -, "a China tem-se especializado apenas marginalmente nos sectores em que a área euro se especializou" (exportações de média-elevada tecnologia) e posicionou-se, antes, na produção de equipamento de rádio, televisão e telecomunicações ou em serviços de contabilidade e de computadores. Outro facto "interessante" é o de a China estar a especializar-se em indústrias de elevado conteúdo tecnológico e a retirar-se dos sectores tradicionais (têxteis, vestuário e calçado). Globalmente, a zona euro não parece ter sido afectada. Mas o mesmo não se passa em cada um dos países. Enquanto a Irlanda e a Holanda parecem ter beneficiado da procura mundial em bens de elevada tecnologia, países como Grécia, Portugal e até Itália parecem estar mais expostos à concorrência chinesa nos sectores tradicionais, o que é "consistente com as perdas de mercado" desses países desde 1999".

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