sexta-feira, novembro 21, 2008

Princípios são princípios

Disse Johann Wolfgang von Goethe ("Máximas e Reflexões"): “A censura e a liberdade de imprensa hão-de continuar sempre a sua luta. O poderoso exige e exerce a censura; o homem sem poderes reclama a liberdade de imprensa. O primeiro quer ser obedecido, em vez de ser limitado nos seus planos ou na sua actividade por uma contradição insolente. O segundo quer dar voz às razões que lhe legitimam a desobediência. Por toda a parte se encontrará uma tal oposição. Notar-se-á contudo, e também, que, à sua maneira, o mais fraco, o que sofre a dominação, procura igualmente limitar a liberdade de imprensa, nomeadamente quando conspira e procura não ser traído. Ninguém clama tanto por liberdade de imprensa como aquele que a quer perverter”. Portanto, não tenho ilusões quanto ao debate em torno desta temática.
Se existem para mim princípios que considero intocáveis e inabaláveis, um deles, até pelo facto de ter sido jornalista, é o da liberdade de imprensa, do respeito por essa liberdade, que nada tem a ver com libertinagem informativa. Não quero com isto alinhar em qualquer procissão corporativista que reivindica para o jornalista, seja ele quem for, e apenas por ser jornalista, o dom da verdade absoluta e da infalibilidade. Ao lolngo da miknha actividade profissional na comunicação social nunca fui condenado, nem por abuso de libe rdsade de imoprensa, nem por falsidade, nem por ter pisado o código deontológico. Recebei alguns desmentidos, tive de rectificar algumas (poucas) informações, sobretudo por desconhecimento involuntário de factos ou devido a contactos tardios de entidades que recusavam prestar esclarecimentos num primeiro contacto, como se essa atitude fosse razão para travar um processo de proidução informativa. Portanto, não concebo – e prefiro remeter-me ao silêncio quando reconheço que estou em minoria ou percvebo que de nada serve esgrimir argumentos que contrariem o pensamento dominante – qualquer atentado a essa liberdade de informar, tal como, de uma forma tão fundamentalista, acho que o direito de resposta tem que estar sempre consagrado e respeitado. Não vou, não quero perder muito tempo a colocar em comparação insinuações e, depois, práticas. Esta pequena nota pessoal destina-se, essencialmente, a clarificar, de uma vez por todas, o meu posicionamento face a uma questão cada vez mais actual, e que coloca aos jornalistas de hoje, desafios acrescidos, admitindo mesmo que determinadas realidades, possam ser inibidoras e geradoras de auto-censura, o que lamento profundamente. E isto porquê? Porque muita confrontação política tem sido transferida para a comunicação social e porque muitos políticos, sobretudo os de menor expressão eleitoral, perceberam que sem a presença na comnunicação social nada valem, não existem. Por isso jogam tudo o que têm ao seu alcance para ganharem um mediatismo na comunicação social que nada tem a ver com a sua realidade e dimensão social, política e eleitoral. Um exemplo recente, embora existam factores que poderão ser trazidos a discussão, passou-se com o processo das “directas” no PSD em que um dos candidatos à liderança (Patinha Antão) entregou cerca de 1600 ou 1800 assinaturas, não posso precisar quantas, para poder formalizar a candidatura, mas depois não foi além de pouco mais de 300 votos na eleição do novo líder. Portanto, mesmo ressalvando um aparente fundamentalismo inflexível e uma agressividade, particularmente neste blogue, que podem ter a certeza não corresoponde à realidade, e que alguns poderão considerar, de quando em vez, excessiva, há que ter presente que censura, controlo seja do que for, manipulação de informação, coação, etc, não se enquadram com a minha maneira de ser e de estar.

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