segunda-feira, janeiro 26, 2009

Berardo salvo pela banca?

Diz o Expresso, "Joe Berardo foi salvo pela banca quando três das quatro instituições a quem devia dinheiro pela compra de mil milhões de euros em acções do BCP (com menos-valias de 800 milhões) aceitaram uma renegociação altamente favorável ao investidor. A Caixa, o BCP e o BES (a excepção foi o Santander) aceitaram prolongar o prazo de pagamento do empréstimo e tomaram como garantia 75% da entidade que gere a colecção de arte, além de outros activos do empresário madeirense. O conjunto destes bens não deverá, no entanto, cobrir mais do que cerca de metade da dívida". Segundo o jornalista autor da peça, "Berardo conseguiu com três bancos um acordo muito favorável, mas negociação com Santander ficou de fora Joe Berardo acabou por conseguir um acordo muito favorável na negociação do reforço das garantias do empréstimo de cerca de mil milhões de euros que o investidor fez junto dos bancos para comprar acções do BCP, no decurso da guerra de poder que a instituição viveu em 2007 e onde foi uma das vozes mais activas. De fora deste acordo ficou, porém, o Santander Totta, um dos quatro bancos que concederam empréstimos a Berardo para comprar acções do BCP, que hoje valem em Bolsa pouco mais de €190 milhões. Apesar de o montante ser de dimensão pouco significativa, o Santander não concordou com os activos que estavam a ser entregues como garantia. Por isso, as negociações acabaram por ser fechadas apenas com a Caixa, BCP e BES, onde está o grosso dos empréstimos, que venciam este mês, obrigando o investidor a reforçar as garantias e colaterais. A CGD e o BCP terão emprestado cada um cerca de €400 milhões, e o BES um montante inferior a 200 milhões. Prolongar empréstimo Ao que o Expresso apurou, o investidor — quarto maior accionista do BCP, com uma participação de 6,2% — conseguiu não só prolongar o prazo dos empréstimos como congelar o pagamento de juros por mais quatro ou cinco anos. O objectivo é dar espaço para que os mercados de capitais melhorem e a economia comece a recuperar. Não terão, no entanto, ficado por aqui as vantagens acolhidas pelo mais mediático investidor do mercado português. Berardo entregou como garantia 75% da Colecção Berardo — um acervo de 862 obras de arte moderna e contemporânea avaliado em €316 milhões em 2007 — mas terá conseguido que ficasse de fora a Quinta da Bacalhôa, que produz vinho com aquela marca. E acabou por entregar apenas como colaterais activos detidos em Portugal, deixando de fora investimentos no exterior, nomeadamente no Canadá. Berardo com risco sistémico É na prática um excelente acordo, já que Berardo investiu mil milhões em acções do BCP, que agora valem pouco mais de €190 milhões. Ou seja, o investidor regista neste momento uma menos-valia potencial de €800 milhões. Um valor considerável, que obriga os bancos que fizeram os empréstimos a tratar o assunto com pinças, já que não chegar a acordo com Joe Berardo implicaria aprovisionar o montante da dívida e isso teria impacto nas contas das instituições. Desconhece-se que montante da dívida contraída por Berardo terá sido paga desde que os empréstimos foram feitos, ou a nova data de pagamento dos mesmos. Sabe-se apenas que inicialmente os empréstimos tinham como garantia essencialmente as acções do BCP, muitas delas compradas no auge da guerra de poder no banco, quando as cotações do título andavam à volta dos quatro euros. Hoje valem menos de 80 cêntimos. O Expresso não conseguiu confirmar junto de Joe Berardo a informação sobre o reforços das garantias e a renegociação das condições do empréstimo, uma vez que o investidor se encontrava ausente do país. Na opinião do advogado de Joe Berardo, as condições da renegociação são satisfatórias para todos. “A renegociação dos empréstimos aos bancos para compra de acções estão fechadas e o resultado é satisfatório para todas as partes envolvidas”, afirmou André Luiz Gomes. O comendador, adianta, “não fugiu às suas responsabilidades e reforçou as garantias prestadas”. Quanto aos novos colaterais dados como garantia e às condições de pagamento, afirmou: “Não vou confirmar os activos que foram dados como garantia, mas as negociações decorreram em bons termos”. Acabou, no entanto, por dizer que “o prazo acordado foi considerado razoável para as partes envolvidas”.

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