segunda-feira, janeiro 19, 2009

Descaramento e pouca vergonha

Ficamos a saber há dias, pelo DN do Funchal, que terá sido formalizada uma queixa pela Quercus junto do Ministério Público contra esta construção que está ser feita na Quinta do Lorde, na Ponta de São Lourenço, e que realmente está a desfigurar aquela parcela ímpar da ilha. Eu acho inadmissível que as coisas se façam desta forma, sem que ninguém dê cavaco a ninguém, como se a permissividade fosse lei, e sem que ninguém dê explicações às pessoas que querem perceber o que ase passa. Alias, há por parte de alguns indivíduos desta bendita terra um comportamento abandalhado, abusivo, porque descaradamente colam-se ao poder, ou dele falam com um abusivo descaramento, metendo ao barulho membros do poder regional que nada sabem (?), e que, a coberto da cumplicidade de oportunistas que por aí andam, protagonizam patifarias que ninguém pode tolerar. Eu sei como é que estas coisas funcionam: basta falar em "postos de trabalho" ou na treta de pintar um empreendimento e dizer que se trata de um investimento de não sei quantos milhões e logo conseguem convencer meio-mundo. O outro meio-mundo é convencido à força. O que ali se passa, na Ponta de São Lourenço, é um descaramento, mais um, que mostra como aos os poucos se vai hipotecando o futuro de uma terra que ou se agarra ao turismo com tudo o que tem, ou caminha para uma realidade social que será tremenda, porque não tem mais nada para dar. Foi a pouca vergonha no Porto Santo de um megalómano e monstruoso "Columbus Resort" que foi sempre reflexo de mentes doentias, tudo, lá está, com a alusão aos alegados postos de trabalho a criar e aos tais milhões de investimento; foi (e?) a pouca vergonha dos terrenos comprados no Porto Santo a preços de miséria sob a ameaça da expropriação governamental, aliás assunto denunciado por Alberto João Jardim num comício em que foi giro ver os supostos alvos das criticas olhar para o lado como se a crítica fosse para algum coitado ali de férias; é o descaramento vergonhoso na Calheta onde andam a repetir as mesmas práticas sem que ninguém lhes trave ou lhes dê com um canelo pelos costados, porque é isso que estão a pedir. Que pouca vergonha pressionar gente idosa, indefesa e sem cultura que levada ao extremo, choram numa angústia que trespassa o coração. Um descaramento destas novas versões rafeiras dos "Robin dos Bosques" dos nossos tempos, que nada tem a ver com o mítico personagem que roubava aos ricos para distribuir aos pobres e mais necessitados. E no meio de tudo isto onde anda o bom senso? Estas fotografias foram tiradas por mim, há poucos dias, quando num fim-de-semana resolvi ir à Ponta de São Lourenço e de confrontei com esta pouca vergonha que jocosamente em Machico e no Caniçal já chamam de "Malvinas da Quinta do Lorde"...

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