sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Europa: governos podem deixar cair bancos na reestruturação do sector financeiro?

Li ontem no Jornal de Negócios, num texto da jornalista Carla Pedro, que a comissária europeia da Concorrência, Neelie Kroes, "apelou aos governos da UE para realizarem uma profunda reestruturação do sector financeiro, que inclua a liquidação de bancos se isso for necessário.Neelie Kroes quer ver aplicadas medidas urgentes que restabeleçam a confiança nos mercados financeiros, salientou o “The Guardian”. E adiantou que na próxima semana apresentará aos 27 governos da UE as orientações sobre como lidar com os activos tóxicos que paralisam a concessão de crédito por parte da banca e agravaram a recessão.Alguns bancos têm sido acusados de acumularem as ajudas estatais que receberam no ano passado, na vaga de recapitalizações por parte dos governos, porque estão a tentar criar reservas conta as fortes perdas potenciais, decorrentes dos mercados accionistas e de derivados, relembrou o “International Herald Tribune” (IHT).Para retirar pressão ao sector bancário, os governos poderão criar os chamados “*bad banks*” para comprarem os activos problemáticos, como os britânicos pensam fazer.A comissária afirmou, citada pelo “IHT”, que prefere ver serem tomadas medidas que cortem o mal pela raiz. “Medidas que limpem os balanços, reestruturem ou liquidem os bancos e que permitam que os sobreviventes voltem a conceder crédito sem olharem para trás”.Kroes declarou que isto é melhor do que proceder à fusão de bancos com problemas, visto que “dois perús não fazem uma águia”.Relativamente ao que fazer com os activos tóxicos, aquela responsável afirmou que a concessão de garantias públicas sobre esses activos e as injecções de capital são medidas viáveis, mas advertiu: essas medidas “deixarão as entidades vivas, mas demasiado débeis ou demasiado assustadas para emprestarem dinheiro”, salienta o espanhol “Finanzas.com”.A comissária insistiu que é preciso aumentar a transparência e vaticinou que o modelo de negócio dos bancos será muito diferente no futuro, até porque estarão sujeitos a uma regulação muito mais apertada. “A tendência para o sobreendividamento será substituída por um modelo bancário mais simples e transparente, com menor recurso ao endividamento e menor tomada de riscos”, explicou a comissária holandesa, citada pelo “site” espanhol.Neelie Kroes crê que estas mudanças levarão a uma maior diversificação geográfica das entidades financeiras, o que poderá levar ao aparecimento de grandes grupos financeiros transnacionais com sede na Europa.“Se cada país agir de acordo com a máxima ‘à minha maneira ou de maneira nenhuma’, então o sector bancário no seu conjunto – e, com ele, a economia mundial – sofrerá durante muitos, muitos mais anos”, disse ainda a comissária da Concorrência, citada pela Reuters".

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