sexta-feira, fevereiro 20, 2009

O desabafo de Alberto João Jardim

Li no Jornal da Madeira, hoje, um texto de Alberto João Jardim que me parece oportuno e responde a algumas declarações feitas recentemente por políticos da oposição, incluindo num programa de debate na RTP-Madeira esta semana: "Alguns pretensos «políticos» desta praça, sugerem que as medidas que o Governo socialista vem desenvolvendo contra o Povo Madeirense se devem ao mau relacionamento pessoal entre José Sócrates e a minha pessoa.O intuito é claro, a ambos meter igualmente no mesmo saco, o absurdo de intentar atribuir aos dois, idênticas responsabilidades, como se as decisões lesivas da Região tivessem sido tomadas pelas duas pessoas, em conjunto, e não apenas pelo Primeiro-Ministro.Presidente do Governo Regional, apenas reuni duas vezes, institucionalmente, com o Primeiro-Ministro, e muito antes da nefanda «lei de finanças regionais», então não tendo sucedido, parte a parte, qualquer incidente pessoal.Após a mencionada «lei», obviamente que orientei o combate político democrático na defesa intransigente dos Direitos do Povo Madeirense, nunca tendo saído do âmbito político ou partidário, para entrar em questões pessoalizadas.Só quem não professa os ideais democráticos, é que entende que este confronto político não podia ter lugar e que, venerantemente, a Madeira devia ter aceite tudo, mesmo considerando que de instrumentalização do Estado para fins partidários se trata.E o insólito democrático acentua-se quando, no mesmo dia das eleições regionais de Maio de 2007, consumados os resultados, o porta-voz nacional do Partido Socialista vem afirmar publicamente que o resultado da votação democrática do Povo Madeirense era indiferente aos socialistas.Lidei com todos os Governos da República, alguns destes liderados pelos Senhores Dr. Mário Soares e Engenheiro António Guterres.Não só com estes houve conflitualidades decorrentes da normal dialéctica democrática, aliás em toda a Europa, entre Estado Central e Região Autónoma. Houve-as também com Primeiros-Ministros do Partido Social Democrata.Mas, das partes envolvidas, por muito dura que tivesse sido a troca de argumentos, jamais foi perdido o sentido de Estado, nem o Estado confundido com Partidos políticos.Desta vez, a «culpa» é minha?...". É evidente que eu entendo este desabafo, necessário, aliás. O que tem sido feito à Madeira, perante a passividade de Cavaco Silva (e já que começar a dizer as coisas com a frontalidade que se exige) é uma vergonha. Ninguém duvida. O Presidente do Governo Regional já percebeu que esta ideia de que os problemas da Madeira se ficam a dever a uma disputa política (e pessoal) entre ele e Sócrates, será a tónica do discurso que o PS vai usar nas próximas campanhas, e, pelos vistos, alargado a outros partidos da oposição regional. Aliás lendo o texto hoje publicado no DN da Madeira - curiosa coincidência - fica-se com a sensação de que estamos perante uma tentativa de transformar numa espécie de "tempo perdido" tudo o que se passou desde Maio de 2007 para cá. O problema é que, se for assim, alguém tem que ser responsabilizado por isso. Ou não? Eu continuo a pensar que a Madeira será sempre o elo mais fraco nesta contenda e que dificilmente ela pode ser mantida por muito mais tempo, porque nos tem prejudicado. Mas confesso que não tenho a solução, embora ache positivos e necessários todos os passos que possam ser dados. Penso aliás que neste momento faltam "pontes" que existiram no passado, entre o Funchal e Lisboa, que foram construídas e usadas discretamente e que resolveram muitos problemas, mesmo quando politicamente a linguagem de radicalizou. Mas a questão institucional é matéria em relação à qual o Presidente da República há muito deveria ter intervido e não o fez, por omissão ou por cumplicidade. Em qualquer dos casos será sempre lamentável esse distanciamento.

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