sexta-feira, abril 10, 2009

Educação: Melhor aluna de Portugal é...russa

A revelação é feita hoje no semanário Sol, num texto assinado pela jornalista Ana Cristina Câmara: "Em 2008 obteve a melhor nota do país no 12.º ano: 19,7 valores. Mas, sendo a melhor aluna de Portugal, não é portuguesa – nasceu na Rússia. Com todos os cursos à disposição, escolheu Bioquímica. A sua grande paixão é, contudo, o piano, onde soma prémios internacionais. Chama-se Alena e tem 18 anos. Quando, aos nove anos, Alena convenceu os pais a inscrevê-la em aulas de piano, os progenitores podiam suspeitar que a menina tinha jeito para a coisa. Não seria de estranhar – na família Khmelinskaia os três irmãos formaram-se no conservatório, a mãe estudou piano. Do ‘ter jeito’ para o ‘ser bom’ houve uma caminhada, cada passo concluído com afinco e trabalho, ao mesmo tempo que carregava a desvantagem de ter começado tarde o estudo do piano. Mas havia nela algo mais, algo que só se revelou, mesmo aos olhos da sua professora, há cinco anos: o talento. Que não se explica, que ilumina salas – e que muitas vezes tem agenda própria para se declarar. Agora com 18 anos e a frequentar o curso de Bioquímica em Lisboa, Alena divide-se entre a capital e Faro, onde está a família, e entre as aulas e as três a seis horas diárias que quer dedicar ao piano. Pelo meio ainda há que arranjar tempo para preparar recitais e concursos. Não se queixa, sabe exactamente o que quer: uma licenciatura em música. «Tenciono mestrar-me, doutorar-me e ser pianista», afirma. Há quase dez anos, quando começou a ter aulas de piano com Oxana Anikeeva – que já arrebatou, pelas mãos destras e delicadas dos seus pupilos, mais de meia centena de prémios internacionais –, a professora recorda que «ela não sabia nada, nada, nada!».No ano em que começou a aprender, ganhou o 1.º prémio no V Concurso de Piano Florinda Santos, em São João da Madeira, em 2000. Mas nada que fizesse marca profunda na docente. «A música abre os horizontes das crianças», a transformação deu-se aos poucos e o talento deixou-se descobrir. Oxana Anikeeva, formada pelo conservatório de Lvov, na Ucrânia, explica, no seu português articulado com sotaque russo, e amaciado pelo entusiasmo com que fala de Alena: «Quando acabou o 5.º grau já brilhava. Vi esta força interior com que toca. Tenho um imenso respeito por ela».

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