quinta-feira, maio 28, 2009

Atum capturado nos Açores é vendido na Madeira

Segundo a jornalista Paula Gouveia, do Açoriano Oriental, “a safra do atum está, este ano, a dar bom rendimento à frota açoriana. Mas, é na lota da Madeira, que os armadores dos Açores conseguem valorizar o pescado.Depois de já terem passado uma temporada a pescar nos mares da Madeira, é nos mares dos Açores que os barcos estão agora concentrados. Além das embarcações açorianas, há barcos da Madeira e Espanha junto à linha das 100 milhas a pescar o “patudo” ou “voador”, uma espécie de atum de grande dimensão com mais valor quando vendida em fresco. Mas se os barcos estão a pescar o “Patudo” nos mares açorianos, é na Madeira que quase todo o peixe capturado tem sido escoado. Segundo revelaram à Açores/TSF diferentes fontes ligadas ao sector, vários factores contribuem para isso. Em primeiro lugar, nos Açores há dificuldade em escoar o “Patudo”, pois as fábricas conserveiras preferem transformar uma espécie de menores dimensões - o “Bonito”. Além disso no mercado dos Açores o “Patudo” ou “Voador” não é uma espécie muito procurada para consumo. Por outro lado, como não há um entreposto de frio público, acaba por ser menos arriscado e mais rentável rumar à Madeira, porque no mercado madeirense têm a garantia de escoar o pescado todo, uma vez que, aí, o “Patudo” é uma espécie valorizada para consumo em fresco. A previsão é para que, daqui a 15 dias, as embarcações comecem a pescar o “Bonito”, sendo que só então será dada prioridade à descarga em fábrica. As duas embarcações da Fábrica de Santa Catarina, por exemplo, apesar de associadas a uma indústria conserveira estão a fazer exactamente o mesmo: a pescar nos Açores e a vender o atum na Madeira. Desde o início do ano, os dois barcos já pescaram cerca de 100 toneladas, mas à excepção de uma descarga de 20 toneladas em São Miguel - seis toneladas vendidas em lota e as restantes 14 vendidas à “Corretora” - todo o restante atum capturado foi descarregado e vendido em lota na Madeira. O responsável pela Fábrica de Santa Catarina, António José de Almeida, explica que a fábrica está desenhada para laborar principalmente com a espécie “Bonito” dos Açores. Em declarações à Açores TSF, António José de Almeida refere que “nesta época do ano, a safra ainda é da espécie do ‘Patudo’ e é preciso uma encomenda específica para esse tipo de produto que nós não temos”. Deste modo, neste momento, a fábrica está a adquirir atum a Espanha para laborar.Como explica o responsável pela indústria jorgense, recentemente adquirida pelo Governo Regional, é por uma questão de rentabilidade que o “Patudo” é vendido em lota. “Somos uma indústria que se gere por critérios empresariais, nomeadamente, o critério do melhor preço”, sublinha. Razão que também explica o facto das suas embarcações terem vendido atum a uma indústria concorrente. Até porque, adianta António José de Almeida, trata-se de “um comprador de São Miguel que normalmente compra uma quantidade muito pequena. Catorze toneladas mesmo para uma empresa pequena como a nossa é muito pouco”, sustenta, insistindo que a Santa Catarina “ não é um departamento do Governo, é uma empresa onde procuramos sempre a rentabilidade”. Quando as embarcações começarem a capturar o “Bonito”, todo o pescado das duas embarcações da Fábrica de Santa Catarina será utilizado pela indústria conserveira de São Jorge.“Todo o ‘Bonito’ é bem-vindo e queira Deus que seja muito” , diz António José de Almeida. E, “só no caso de ocorrer uma avaria técnica do barco ou da capacidade de frio do barco” é que será dado outro fim ao atum pescado, garante.
1374 toneladas de pescado descarregado nos Açores
Nos três primeiros meses do ano, foram descarregadas 1374 toneladas de pescado nos Açores, o que, em comparação com os mesmos meses do ano anterior, significa que se registou uma diminuição de 19,1 por cento na pesca descarregada, indicam dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA). Para já, são irrisórios os números do primeiro trimestre relativos à quantidade de atum descarregado, pois só a partir de Maio é que o atum começa a entrar nas lotas em quantidade. No entanto, os dados do SREA mostram como a safra foi boa no ano passado. Segundo os números disponíveis, em 2008, foram descarregadas nos Açores 5109,7 toneladas de atum, sendo que o pico de capturas se registou em Julho, com 2009,9 toneladas, prolongando-se ainda em Agosto (1146,4 toneladas) e Setembro (941,9 toneladas)”
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