Li no Correio dos Açores, um artigo de opinião de João Carlos de Nóbrega que até dá vontade de rir perante sensibilidades tão refinadas: "Estupefacção! Será o sentimento de qualquer açoriano ao descobrir que a paisagem que figura na capa dos horários da SATA Air Açores, empresa propriedade do povo açoriano, é a vista marítima da cidade do ... Funchal. Estupefacção seguida naturalmente de indignação perante a humilhação que nos é infligida.Que vergonha! Que desonra! Desde quando os orgulhosos Açores necessitam de serem representados por uma paisagem emprestada? Não se trata de um prospecto de promoção de um dos destinos operados pela SATA, mas do horário geral da companhia aérea que, por todos, aqui e no exterior, é identificada como a companhia de bandeira dos Açores. O gigante turístico Madeira não perde oportunidade de utilizar todas as suas estruturas, públicas ou privadas, para se dar a conhecer. O anão açoriano ridiculariza-se promovendo o seu principal concorrente. Turismo nos Açores? Com gente desta?
A SATA, uma das várias empresas de capital público regional é, na conjuntura actual, um mero instrumento ao serviço das políticas de turismo e de acessibilidade aérea da Região. A comprová-lo estão as recentes declarações do Secretário Regional da Economia e as frequentes intervenções do presidente do Governo Regional, que age públicamente como entidade patronal da SATA, usurpando frequentemente atribuições que são claramente competência da administração da empresa. Até o anúncio de tarifas promocionais em época baixa tem sido tarefa presidencial. Não deve existir outra companhia aérea com vínculo tão estatal como a SATA. Como é possível, nesse quadro, em que a tutela se confunde com a empresa, comportamento tão insólito e desleal por parte da transportadora aérea regional? Também na SATA Internacional há novidades. Desaparece a palavra Açores dos aviões. Dizem que é a nova imagem da companhia, concebida pela mesma empresa que mudou o visual da TAP. Mas a TAP continua a ter inscrita nos seus aviões, em caracteres gigantes, a palavra Portugal. Impõe-se, por parte do poder político autonómico, legislativo e executivo, uma atitude firme de desagravo da afronta sofrida pelo povo açoriano".
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