quarta-feira, julho 15, 2009

Boletim de Verão do Banco de Portugal

O Boletim de verão do Banco de Portugal, hoje divulgado em Lisboa, pode ser lido aqui. Dessa publicação destaco, por exemplo, os seguints textos:

- SALÁRIOS E INCENTIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM PORTUGAL, por Maria Manuel Campos e Manuel Coutinho Pereira - A necessidade de caracterizar e compreender a gestão dos recursos humanos na Administração Pública em Portugal justifica-se pela sua importância enquanto entidade empregadora de cerca de um quinto da mão-de-obra nacional e da maioria dos trabalhadores de determinadas categorias profissionais. Neste artigo procede-se a uma análise dos incentivos associados aos salários no sector público, tomando como termo de comparação o sector privado.Para o efeito são utilizadas bases de dados abrangentes para os dois sectores, recolhidas nos anos de 1996, 1999 e 2005. Este período de tempo, apesar de relativamente curto, permite ir além de uma análise meramente estática e identificar alguns factos que aparentam ter mudado nos últimos anos. Embora a literatura em que se comparam os diferentes aspectos dos sistemas salariais público e privado seja extensa para outros países, não existem muitos trabalhos aplicados ao caso português. Uma primeira análise deste tipo foi feita por Portugal e Centeno (2001) com base em dados de inquérito. Centeno e Pereira (2005) estudaram a determinação dos salários no sector público com base nos dados para 1999 que aqui são utilizados, mas não efectuaram um contraponto com o sector privado. O presente trabalho expande o âmbito deste tipo de análise, explorando as bases de dados para os dois sectores relativamente a várias dimensões.
***
- PERSPECTIVAS PARA A ECONOMIA PORTUGUESA:2009-2010 - Um aspecto essencial das projecções macroeconómicas agora divulgadas consiste na manutenção da queda do PIB em 2009 (-3.5 por cento) relativamente à projecção intercalar publicada em Abril no Boletim Económico da Primavera. Essa projecção era na altura a mais baixa entre as publicadas para a economia portuguesa por diferentes instituições, as quais vieram, no entanto, a apresentar posteriormente previsões mais negativas. A informação mais recentemente coligida sobre a economia portuguesa justifica, porém, que se mantenha o valor publicado no Boletim Económico da Primavera, que se traduz numa contracção ligeiramente inferior à antecipada para a média da área do euro. Sublinhe-se, no entanto, a enorme incerteza que rodeia estas projecções e o resultado da análise de riscos que continua a apontar para um risco descendente para a actividade económica em Portugal.As perspectivas para a economia portuguesa no período 2009-2010 continuam a ser marcadas pela interacção entre a crise nos mercados financeiros internacionais e a evolução da actividade económica à escala global, sendo de destacar o colapso do comércio internacional registado desde o final de 2008. Neste enquadramento, admite-se que a generalidade das economias avançadas atravesse uma fase de contracção aguda da actividade em 2009, enquanto as economias de mercado emergentes deverão apresentar níveis de crescimento historicamente baixos. Este quadro recessivo global deverá começar a dissipar-se, ainda que de forma muito gradual, ao longo do horizonte de projecção, num contexto de progressiva regularização das condições financeiras à escala global e de recuperação gradual da procura mundial. A economia portuguesa, sendo uma economia aberta e plenamente integrada em termos económicos e financeiros, não poderia deixar de ser significativamente afectada por este enquadramento internacional. Neste contexto, prevê-se que após a forte contração da actividade económica no corrente ano, se suceda uma retracção limitada (-0.6 por cento) em 2010.
***
- A DINÂMICA DOS PREÇOS E SALÁRIOS EM PORTUGAL: UMA ABORDAGEM INTEGRADA COM BASE EM DADOS QUALITATIVOS, por Fernando Martins - Um conhecimento mais aprofundado acerca das características e determinantes da dinâmica dos salários é uma condição fundamental para uma correcta definição das políticas económicas, em geral, e da política monetária, em particular. Na ausência da taxa de câmbio como instrumento de ajustamento, a flexibilidade salarial apresenta-se como um importante mecanismo alternativo para assegurar um adequado ajustamento a choques simétricos ou assimétricos numa união monetária. Apesar de diversas reformas nos mercados de trabalho terem sido levadas a efeito nos últimos anos em vários países da área do euro, permanecem diferenças assinaláveis ao nível da contratação colectiva e de outras instituições do mercado de trabalho (Du Caju et al., 2008). Por outro lado, os salários são um determinante importante do nível de preços das empresas. Um dos factos estilizados mais robustos da evidência microeconómica recente, tanto quantitativa, como qualitativa, sugere que as empresas em que o peso dos custos do factor trabalho nos custos totais é superior, com particular destaque para as empresas de serviços, tendem a apresentar uma maior rigidez de preços.
***

Sem comentários: