quinta-feira, julho 30, 2009

João Jardim: "Nada de afrouxar porque em política não há vitórias antecipadas"

Alberto João Jardim volta a publicar na edição de Agosto do "Madeira Livre", jornal editado pelos social-democratas insulares, um, texto intitulado "TRABALHAR e VENCER", no qual opina:
"Prontas as listas de candidaturas para a eleição da Assembleia da República, a 27 de Setembro, e para a eleição das Autarquias Locais, em 11 de Outubro, duas coisas, apenas, peço aos meus Companheiros de todos estes anos de lutas pelo Povo Madeirense.
TRABALHAR e VENCER.
Não é que estas duas posturas na Política alguma vez tenham sido descuradas. Mas o acumular de sucessos políticos nunca pode servir para a tentação de um esforço mais abrandado. Pelo contrário. Em Política, as vitórias não são um troféu que se ponha em exposição, como que para «glória do clube».
As vitórias não são para deslumbramentos narrativos do passado.Na Política, cada vitória aumenta o peso da responsabilidade, pois trata-se de mais uma vez se ficar depositário da Confiança da maioria do Povo soberano.E tal Confiança é uma exigência legítima. A exigência de que os mandatados democraticamente para as funções designadas façam cada vez melhor, pois, quando essa Confiança é repetida, este reforço de fé em políticas e em eleitos obriga a que se trabalhe ainda mais aperfeiçoadamente.
Logo, ao ter sido reconduzida a Confiança nos autonomistas sociais-democratas e na Política da Organização que integram ou colaboram, mais Trabalho se exige, logo os sucessos do passado já não contam. As eleições que em cada época se seguem são como as primeiras, disputadas há mais de trinta anos. Implicam, não apenas idêntica dedicação, mas ainda maior empenho, em consonância com a maior complexidade da vida, que o progresso felizmente trouxe à Madeira e ao Porto Santo. Portanto, nada de afrouxar. Também porque, na Política, não há vitórias antecipadas. Felizmente que, em regime democrático, elas só existem após a contagem do último voto, entrado nas urnas onde o Povo livremente exerceu a Sua soberania.
O Povo é o titular da soberania. O Estado é apenas a organização político-administrativa, encarregada de exercê-la conforme o mandato do Povo soberano. E é bom ter isto presente, principalmente também aqui na Madeira, onde entendimentos marcados por cultura colonialista e deturpadores ou redutores da Democracia por vezes têm uma concepção errada, distorcida, do Estado. Na Região Autónoma da Madeira, a política dos autonomistas sociais-democratas, sufragada pela maioria do Povo Madeirense, foi sempre afirmativa e persistente. Sabe o que quer, assume firmemente os objectivos, actua em conformidade, não titubeia, nem faz concessões, nem desvios.
Tudo teria corrido mal ao Povo Madeirense se assim não fosse. Se tivéssemos caído no «politicamente correcto» imposto em Lisboa, se tivéssemos praticado o «cinzentismo» da classe política lisboeta, se o nosso Espírito vivesse na hesitação ou no compromisso desviante. Se tivéssemos continuado o atavismo local de parar, hesitar, temer, discutir sistematicamente, de embalar em «conversas», boatos ou bilhardices, males que explicam o porquê de a Madeira não ter avançado nos períodos históricos anteriores ao da conquista da Autonomia Política. Com a Democracia Representativa constitucionalmente estabelecida, nas horas próprias, o Povo soberano decidiu se, assim, foi bem ou foi mal. Claro que um estilo tão afirmativo e não pactuante com dúvidas permanentes, nem com perdas de tempo, acabou também por gerar mais radicalismo naqueles que não subscrevem os Ideais dos autonomistas sociais-democratas. Tal revela-se lógico, até porque, durante séculos, não foi esta a prática política no arquipélago – mergulhado, dividido e impotente nas rivalidades de «interesses» das «grandes famílias» da «Madeira Velha» - e porque também é lógico que, naqueles sistematicamente contrariados eleitoralmente, sentindo-se frustrados e invejosos dos sucessos resultantes da Confiança das maiorias do Povo soberano, entretanto se desenhasse uma psicologia doentia de raiva.
Obviamente que, em Espíritos superiores, o sentimento de oposição nunca se traduz numa hostilidade patologicamente raivosa. Só que a dimensão popular que atingiu quantitativamente o Projecto Madeira, e sobretudo o empenho com que quase todas as elites regionais mais válidas alinharam no Desenvolvimento Integral do arquipélago, deixou os sectores hostis numa posição bem minoritária e, pior, praticamente sem elites dirigentes.
Daqui, também, o estilo radical, sem categoria, que vem marcando os activistas da oposição ao Projecto dos autonomistas sociais-democratas.
Mas tal radicalismo com que nos defrontamos e que temos de derrotar sempre, para Bem do Povo Madeirense, decorre agora numa «sociedade de informação», com a inerente pressão, na Opinião Pública, dos nem sempre adequadamente chamados de «meios de comunicação social».
Ora, dada a fragilidade, principalmente intelectual, dos sectores hostis aos autonomistas sociais-democratas, tais sectores, na sua impotência conceptual, criativa e inovadora, agarram-se ao «trabalho» de vários que têm emprego nos referidos meios de comunicação. Estabelecendo-se, assim, uma cumplicidade intimista que também a fraca preparação ou a perturbação psicológica desses alguns profissionais leva-os a se sentir «importantes», mas também «derrotados». Ilusão e ignorância que os fazem desbragar, com a óbvia consequência do descrédito.
É importante termos tudo isto presente, porque a «aliança» entre a «Madeira Velha», socialistas, comunistas e identificada comunicação «social», todos desesperados vão recorrer, nestes meses eleitorais, ao radicalismo mais reles a que, na Madeira, alguma vez se assistiu em época democrática.
Tal radicalismo deles vai ao ponto de subscrever tudo o que seja contra «Mais Autonomia» para o Povo Madeirense, preferindo se dobrar à canga colonial e contra os Direitos e Liberdades da própria população que integram.
Daqui, o meu apelo a muito TRABALHO. Sobretudo de esclarecimento sobre a actual situação da vida madeirense, aqui descrita, denunciando as manobras sujas, desmentindo firmemente as calúnias, as «análises» dolosas, os boatos, e «pondo a careca à mostra» dos que, desta forma identificados, desesperados procedem de maneira vil. As questões essenciais são estas:
·o Povo Madeirense precisa, ou não, de «Mais Autonomia», para assegurar melhor o futuro?
·o futuro do Povo Madeirense é, ou não, compatível com a continuidade dos socialistas no poder, em Lisboa?
·o futuro de Portugal é, ou não, possível, com a grande percentagem de votos, sem paralelo na Europa democrática, nas organizações comunistas «Bloco de Esquerda» e «Partido Comunista»?
·o Desenvolvimento Integral do Povo Madeirense ganha, ou não, com a comprovada boa articulação entre o Governo Regional, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia?
De tudo isto se conclui que, para além de muito TRABALHO, é também necessário VENCER. E, o muito TRABALHO, não é só o ESCLARECIMENTO da população. É também convencer as Pessoas sobre a necessidade de VOTAR, de decidirem, livre e soberanamente, sobre que futuro têm o DIREITO de ESCOLHER. É combater a abstenção.
Porque o Povo Madeirense, na sua esmagadora maioria, é consciente, bem-formado e justo. Exortem-No a decidir
".

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