quinta-feira, julho 30, 2009

Lucros da banca empolados por ganhos extraordinários

Segundo a jornalista Ilídia Pinto, do DN de Lisboa, "os quatro maiores bancos privados fecharam o semestre com 760,7 milhões de lucros, mais 17,4% do que em 2008. Corrigidas as mais e menos-valias o resultado é uma quebra global de 5,6%. Lucros a subir e impostos a baixar. No total, os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal - BES, Millenium bcp, BPI e Santander Totta - arrecadaram, nos primeiros seis meses do ano 760,7 milhões de euros de lucros, contra 647,9 milhões de euros na primeira metade de 2008. Um crescimento de 17,4% que contrasta com a quebra de 16,7% nos impostos pagos, correspondentes a menos 32,4 milhões de euros. Mas as contas estão distorcidas por ganhos/perdas extraordinárias. Aparentemente, só o BES teve performance negativa. O banco de Ricardo Salgado chegou a Junho com 246,2 milhões de euros de lucros, uma quebra de 6,8%. O Totta obteve um crescimento residual, na ordem dos 1,7%, com os resultados líquidos a atingirem 278 milhões de euros; o BCP reporta um crescimento de 45,5%, com os lucros a engordarem para 147,5 milhões de euros; e os resultados do BPI elevaram-se a 89 milhões, uma subida meteórica de 880%. Mas só mesmo aparentemente. O banco presidido por Santos Ferreira refere que este é um resultado influenciado por mais-valias obtidas com a dispersão do capital do Millenium Angola e que os números de 2008 haviam registado impactos relacionados com perdas por imparidades associadas à desvalorização das acções do BPI. Corrigindo destes factores, o resultado líquido teria caído 52,1%, passando de 263,6 milhões em 2008 (em vez de 101,4 milhões) para 126,3 milhões este ano (em vez dos tais 147,5 milhões). Situação idêntica verifica-se nas contas do BPI que, no primeiro semestre de 2008 foram muito influenciadas pelas menos-valias realizadas com alienação da participação no BCP e imparidades relativas à mesma participação. O lucro líquido ajustado é de 167,5 milhões de euros em vez dos 9,1 milhões, o que faz com que os resultados tenham, efectivamente, caído 46,9% em vez de aumentarem 880,2%. Ou seja, refeitas as contas, os lucros globais dos bancos registam uma quebra da ordem dos 5,6% em vez do referido crescimento de 17,4%. Para Filipe Garcia, analista da Informação em Mercados Financeiros, estes são dados "que não assustam", até porque "não são exclusivos da banca nacional. O sistema financeiro continua a arrumar a casa, constituindo provisões e registando imparidades. Assiste-se a uma alteração na relação com os clientes e a um certo realinhar do negócio", defende. Considera, por isso, "normal e compreensível" que as instituições não mostrem ainda uma performance muito positiva. "Estão mais preocupadas com a sua sustentabilidade do que com a rentabilidade".

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