segunda-feira, julho 20, 2009

O "caso da Quinta do Lorde"

Independentemente da decisão que for tomada - ou foi tomada - pelo Tribunal (e o porque pode acontecer a um país civilizado é entrarmos numa paranóia de contestação à justiça quando as decisões não nos agradam ou de endeusar os magistrados quando o seu veredicto vem ao encontro das nossas pretensões), continuo a pensar que o "caso Quinta do Lorde" pode estar muito distante do seu epílogo, devido a iniciativas que PND e Quercus anunciaram publicamente que desencadeariam depois de conhecida a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal. No que me diz respeito - e terei sido das primeiras pessoas a falar do assunto - o problema residia no índice de construção, ou seja, na volumetria autorizada para uma das áreas (Ponta de São Lourenço) mais emblemáticas da Madeira. E continuarei a pensar assim, gostem ou não. Mas não alinho na fobia da perseguição de empresários, muito menos por mero ajuste de contas, até porque não posso, não devo, deixar-me influenciar por sentimentalismos, amizades ou conhecimentos. Se assim for, o melhor é o silêncio. Não percebo nada - e clarifico desde logo esta questão - das questões ambientais que têm sido usadas para justificar alguma conflitualidade mais radicalizada, mesmo sabendo que nos últimos tempos temos assistido às particularidade de uma fabricação em larga escala de "especialistas" nesta matéria, muitos dos quais nem sabem como se pega num sacho. Entendo que os empresários promotores da Quinta do Lorde continuam a ter uma grande dificuldade em lidar com a comunicação social, falhando sistematicamente no que vulgarmente se designa de "gestão de crise" em linguagem comunicacional. Portanto, uma questão, diametralmente oposta à polémica, tem a ver com os aspectos processuais adoptados, com pareceres pedidos, com licenciamentos, etc. O Tribunal confirma que está tudo de acordo com o que o promotor deveria ter feito. Outra coisa é haver quem questione a validade de pareceres, a lógica de alguma da argumentação utilizada pelas entidades ouvidas obrigatoriamente, e quanto a isso as dúvidas parece que subsistem ao ponto de alimentarem uma contra-reacção. Lembro-me - e ninguém ousa negar-me - dos tempos em que o próprio PSD da Madeira pretendeu adquirir a Quinta para transformar aquele espaço numa zona de lazer para os seus militantes e simpatizantes e ali promover a sua festa. Tal possibilidade foi prontamente posta de lado, não só por causa do preço que uma organização religiosa proprietária pedia, mas também com base na informação de que ninguém podia construir fosse o que fosse naquele espaço. E não admito sequer que duvidem do que digo. Depois, a partir daí, desconheço tudo o que se passou. Uma coisa é certa. Não quero discutir se estamos perante um bom investimento para a Região, se o empreendimento vai gerar emprego, se vai constituir uma mais-valia para o turismo (o nosso futuro), até porque já percebi que há quem me fale em time-sharing), outros falam de um "eco-resort" cuja própria designação parece algo..."perigosa", enfim. Coloco-me à margem. O que espero, sinceramente, é que se esclareça, de uma vez por todas, este assunto e que não venhamos a correr o risco de vermos uma das áreas que eu julgava ser "sagrada" para uma região turística, deteriorada ou envolvida numa polémica pouco dignificante.

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