sábado, outubro 31, 2009

"Operação Face Oculta": os favores no fisco e na GNR

Também no semanário Sol li que "os conhecimentos de Manuel Godinho, líder da O2, vão muito além das grandes empresas públicas. Funcionários do fisco, cabos da GNR e outros ajudaram-no a enriquecer à custa dos resíduos, diz o Ministério Público. Os negócios de Manuel Godinho que a Polícia Judiciária investigou não se limitam aos concursos e obras para as grandes empresas públicas e aos contactos com os gestores de topo dessas empresas. O empresário chegava também aos quadros intermédios e aos funcionários menos qualificados, que podiam, no entanto, ser-lhe úteis, sempre a troco de contrapartidas, na obtenção de favores para as suas empresas. Em Fevereiro de 2009, por exemplo, contratou, para trabalhar na sua empresa O2, a mulher de um militar da GNR. Isto como contrapartida «pelo conhecimento que o seu marido lhe fornecia das acções de fiscalização promovidas» pela GNR, nas quais as empresas de Godinho podiam ser alvo. Também em Fevereiro deste ano, Manuel Godinho entregou dez mil euros a um funcionário da Lisnave, para que este consentisse e criasse as condições necessárias à retirada de cem toneladas de resíduos ferrosos das instalações do estaleiro. Era, no entanto, preciso que estes resíduos passassem por lixo – daí a necessidade do conluio do referido funcionário. Assim, a empresa de Godinho podia imputar à Lisnave a despesa da retirada do lixo que não era lixo e, no mesmo passo, vender os ditos resíduos ferrosos. Um «duplo benefício ilícito», como aponta o Ministério Público no mandado de busca. Uma operação semelhante foi feita também no Complexo Industrial de Sines da Petrogal. Em Abril de 2009, e depois de ter entregue dez mil euros a João Tavares, chefe de armazém da Petrogal – que já tinha tratado de «afastar alguns trabalhadores que não interessava estarem presentes» -- a empresa de Godinho retirou do Complexo de Sines cerca de cem toneladas de resíduos nobres (cabos de cobre e quadros eléctricos) no valor de 300 mil euros. O próprio Manuel Godinho deu ordens para que, assim que as camionetas de transportes estivessem cheias, o material retirado do Complexo fosse coberto com resíduos ferrosos. Isto para se «eximirem a qualquer controlo administrativo ou policial», diz o mandado – uma vez que, além da empresa de Godinho não ter alvará para transportar cobre, aquele era material que estava a ser retirado do Complexo de Sines sem se saber. As camionetas levaram, depois, as cem toneladas de cobre e quadros eléctricos para as instalações de uma empresa chamada Mantaverde, pertencente alegadamente a Paulo Costa – o alto quadro da Galp que é também arguido neste processo". Leia tudo no link assinalado porque vale a pena.

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