quinta-feira, janeiro 07, 2010

Entrevista de JCG: leiam só isto...

Leiam só estas passagensda entrevista de João Carlos Gouveia hoje ao DN doi Funcha:
- O que é que muda?
- Acima de tudo a consistência de uma liderança, de quem ganha as eleições, para se afirmar e afirmar o partido a médio e longo prazo. E deixa de haver os cavalos de Tróia de uma década.
- Está falar de Victor Freitas e de Jaime Leandro?
- Estou a falar de dois Cavalos de Tróia. O que me interessa é pensar no futuro e não discutir pessoas. Deixo um partido estruturado nos seus militantes, nas suas estruturas de base, nos autarcas e, a médio e longo prazo, chegaremos ao poder.
- Para conquistar o poder em 2011?
- Impossível. Há pessoas que não estão a fazer nada para isso. Estão apenas a discutir os lugares no parlamento. Quem quer brincar aos congressos e fazer carreiras políticas vai disputar os lugares em 2011. Com isso não perco tempo. Esse tempo já perdi eu. Já gastei muita energia nisso. Tenho muito orgulho das marcas que deixei. Não só no PS, mas em termos regionais.
- Que marcas são essas. Há quem as avalie como mais negativas do que positivas?
- A marca foi tão profunda que até o discurso que eu trouxe para o PS deu para um partido da extrema direita eleger um deputado ALM.
- Se calhar à custa do PS.
- Obviamente que sim e com o apoio de socialistas. Esse partido, aquele a quem os cavalos de Tróia se ancoraram. Mas, em termos autárquicos e para a AR, esse partido não tem possibilidade na Região, porque a extrema direita é preenchida pelo PSD. Quem traz a mais-valia eleitoral para esse partido é o senhor Coelho que é militante comunista (...).
- Essa divisão se calhar ajuda ainda mais o PSD.
- Obviamente que sim. Mas, curiosamente, aqueles que deveriam estar nas campanhas eleitorais do PS, que são dirigentes e que hoje se apresentam ao eleitorado interno e vão ter a resposta dos militantes, não estavam a fazer campanha para as europeias, não fizeram campanha para as legislativas nacionais, não fizeram campanha para as autárquicas, fingiram-se de corpo presente.
- Disse que esses cavalos de Tróia estariam com o PND. Quem vimos com o PND foi o senhor.
- Não é o PND que está em causa. A única estratégia de sobrevivência política é se agarrarem ao PND. Não podiam apoiar o João Carlos Gouveia (JCG), porque, se não, ele perpetuava-se mais uns tempos dentro do partido, então tiveram a estratégia de fazer com que JCG não tivesse resultados eleitorais externos, para ir para casa. Isso é clarinho como água.
- Voltemos aos que chama de cavalos de Tróia e ao afastamento...
- Afastamento? Não, não, demissão. É mais cruel a demissão. Um presidente do PS em qualquer parte do mundo tem de ter capacidade de demitir. Fi-lo e tinha razões para o fazer.
- Essas razões foram devidamente explicadas?
- Não tenho de explicar. Um presidente de qualquer organização tem de ter capacidade de demitir.
- Na altura falou-se em questões financeiras. Por essa razão, Jaime Leandro colocou-lhe um processo em tribunal. Como vê essa acção?
- Sabe o que é que vai acontecer? De certeza que o MP apresentará uma acusação contra o dr. Jaime Leandro. Veja a ironia do destino, não por minha iniciativa.
- Tem informações nesse sentido?
- Por aqui me fico. Por aqui me fico.
- Se diz que o MP apresentará um processo, está dizer que houve irregularidades praticadas por esse militante.
- Estou a dizer que o mais provável é que isso aconteça.
- Um presidente sozinho no meio dos deputados?
- É a luta política. Não estamos a falar de feijões. Não vos passa pela cabeça o poder que tem o presidente do PS. É o que eu digo: este telemóvel só tratou de questões políticas, não tratou de outras questões, mas podia ter tratado. A mim foi-me solicitado e eu reneguei.
- O que é que lhe foi solicitado?
- Benesses e favores do Governo da República, que eu recusei.
- Por parte de militantes do PS?
- Por aqui me fico.
- Uma cunha?!
- Sim. Estamos a falar não de um varandim de uma casa. Estamos a falar de negócios chorudos. Estamos a falar de poder. A certa altura pensou-se que o JCG, pressionado, ia ficar com as pernas tão a tremer que ia abandonar isto tudo e ia para casa e os tais cavalos de Tróia já estavam a dirigir o partido. E chegavam ao congresso a dirigir o partido. Falhou tudo. Passou-se a ideia de que o JCG ficou tão deslumbrado com o poder, que se agarrou a ele.
- O que é que o levou a estudar a hipótese de deixar cair a candidatura de Bernardo Martins à vice-presidência ALM?
- Eu não sou hipócrita. 90% dos dirigentes do PS querem estar na vice-presidência. Aos que não querem, as minhas desculpas públicas. Para mim é uma ofensa estar num parlamento onde não há pluralidade. Quem está certo sou eu. O resto é fingimento. O resto é hipocrisia (...)"

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