segunda-feira, abril 26, 2010

O 25 de Abril falhou nestes aspectos? (II)

Segundo o Jornal de Negócios, "o ex-Presidente da República Ramalho Eanes assume que a descolonização "não foi a melhor", considerando, porém, "pouco razoável" uma não independência de Cabo Verde, e reconhece que o 25 de Abril fracassou na resposta às aspirações dos portugueses. Em entrevista à rádio Antena 1, Ramalho Eanes sustenta que a descolonização "não foi a melhor, muito longe disso". "Foi a possível", frisa, acrescentando que "se fez o que se pôde" atendendo à "situação que se vivia no momento", em Portugal e no mundo. No entanto, para o antigo Presidente da República, o primeiro democraticamente eleito após o 25 de Abril de 1974, "pensar em Cabo Verde numa situação política diferente é pouco razoável". Recentemente, Mário Soares, que sucedeu a Ramalho Eanes na Presidência da República, defendeu que Cabo Verde "não deveria ter sido independente" e que o arquipélago "teria muito a ganhar" em ter evitado a separação em relação a Portugal, além de que a descolonização portuguesa "foi exemplar" perante "as condições" em que o país estava em 1974. Na entrevista à Antena 1, a segunda de um ciclo de três a antigos chefes de Estado no pós-25 de Abril, cujo aniversário se assinala no domingo, Ramalho Eanes critica a pouca seriedade da comunicação social e advoga o serviço público de televisão sem publicidade e regulado por um Conselho Superior de Televisão e alude à "situação financeira dramática" de Portugal, fruto da "fraca poupança" e do "endividamento". Ramalho Eanes reconhece que, passados 36 anos, o 25 de Abril "não conseguiu responder às aspirações justas e fundadas e aos interesses legítimos da maioria dos portugueses", suscitando a "situação perversa" de que o poder, enquanto "instituição" democraticamente eleita, "não funciona, porque a sociedade não sabe fazê-la funcionar de maneira correta". "Uma democracia assim não funciona bem", sublinha. O antigo Presidente da República (1976-1986) entende que, "muitas vezes", a comunicação social "não tem a seriedade devida e mostra o que é acidental", impedindo o país de se instruir. Ramalho Eanes defende o serviço público de televisão sem o "constrangimento" da publicidade e com uma programação elaborada e regulada por um Conselho Superior de Televisão formado por representantes da sociedade civil". Uma notícia que pode ser lida no Sol.

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