quinta-feira, agosto 19, 2010

TAP "despachou" 502 trabalhadores num ano mas quer mais ainda...

Garante o Público num texto da jornalista Raquel Almeida Correia, "no ano passado, 502 trabalhadores deixaram a TAP e foram recrutados apenas 72, o que significa que a estrutura da companhia de aviação sofreu uma redução substancial. Contabilizando saídas e entradas, a transportadora estatal perdeu 430 pessoas, no período de um ano. O plano de contingência movido para lidar com a crise foi o motor do emagrecimento, que afectou principalmente a empresa de handling Groundforce e a divisão de manutenção no Brasil. O relatório e contas de 2009 mostra que, no final do ano passado, o quadro de pessoal do grupo TAP contava com 13.397 trabalhadores. Comparando com o ano anterior, houve uma redução de 3,1 por cento, ou seja, 430 pessoas. O número de saídas é superior (502), mas foi minimizado pelo facto de a companhia de aviação ter contratado 72 novos profissionais. Foi a primeira vez que a transportadora aérea reduziu o número de efectivos desde 2004. De há seis anos a esta parte, a estrutura tem vindo a aumentar sucessivamente e a um ritmo acelerado. Entre 2006 e 2008, houve um crescimento abrupto, motivado pelo aumento da operação e da frota, que obrigou à contratação de 4033 trabalhadores. Os últimos cortes remontam a 2004, ano em que perdeu 96 funcionários. Um valor que, ainda assim, fica muito aquém do registado em 2009 e que teve como principal alvo a empresa de handling Groundforce, que registou prejuízos de 28,2 milhões de euros no ano passado. A estrutura de pessoal da participada, que, de acordo com o plano estratégico até 2012, poderá ser vendida na totalidade, tem agora menos 276 trabalhadores do que em 2008.
Cortar no handling
"Os recursos humanos estão a ser adequados às necessidades", justificou fonte oficial da companhia, detida a 100 por cento pelo Estado. Nesta redução estão incluídas reformas, rescisões amigáveis e transferências de funcionários para outras áreas. E, de acordo com a TAP, os cortes vão continuar, em nome do "equilíbrio financeiro" da Groundforce. Além do handling, também a manutenção sofreu reajustes, que resultaram na saída de 239 trabalhadores da subsidiária no Brasil, herdeira da VEM, que a TAP comprou em 2005. Uma decisão que foi tomada "por necessidades de adequação do quadro de pessoal às necessidades efectivas da empresa", justifica o grupo. A diminuição de pessoal tem sido acompanhada por uma política de flexibilização laboral e de redução de salários, fruto de um processo de reestruturação que resultou numa diminuição das perdas; de 29,2 milhões de euros, em 2008, para 3,2 milhões, no ano passado. Apesar da recuperação, a transportadora aérea admite que "pode ainda haver alguns acertos" no número de efectivos.
Menos no estrangeiro
O grupo assume que "a adequação dos quadros é uma necessidade permanente", assegurando que apenas a situação da divisão de transporte aéreo "está equilibrada". Foi, aliás, esta actividade que mais contribuiu para a entrada de novos trabalhadores, sobretudo para as funções de terra, a partir de Portugal. Foram recrutadas 25 pessoas para a manutenção e outras 27 para as operações de voo. Este aumento não se sentiu, porém, na estrutura de pessoal navegante, que perdeu 38 tripulantes. As actividades realizadas no estrangeiro sofreram mais cortes do que os negócios instalados em território nacional. Em 2009, a TAP tinha 542 efectivos deslocados fora do país, o que significa uma redução de 105 trabalhadores face ao ano anterior. "Às situações de saídas normais acresce o facto de ter vindo gradualmente a concentrar em Portugal os serviços de apoio", explicou a transportadora aérea. Estes cortes estão "integrados na redução geral de custos" que a companhia de aviação se viu forçada a concretizar para fazer face à instabilidade da indústria da aviação, que, nos últimos dois anos, teve de lidar com a alta do petróleo, com os impactos da gripe H1N1 e com a crise económica. No total, em 2009, a TAP conseguiu economizar 201 milhões de euros - 70 por cento dos quais à custa de reajustes na oferta. Esta poupança fez com que conseguisse recuperar dos prejuízos de 2008 (285 milhões de euros) e passar para um resultado líquido negativo de 3,5 milhões no ano passado".

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