quinta-feira, setembro 30, 2010

Alberto João Jardim: "Não haverá hesitações no combate político aos adversários do Povo Madeirense"

Com o título “Definições para o que aí vem”, Alberto João Jardim publica mais um texto de opinião no Madeira Livre que volta a constituir uma reflexão a ser consultada atentamente:
"I
Portugal encontra-se num impasse que chega a desesperante. A situação social agrava-se com o piorar constante das condições económicas. A Economia deteriora-se porque subordinada a uma estratégia financeira errada, em que o ministro das Finanças, parecendo politicamente mais identificado com o “Bloco de Esquerda” do que com o Partido Socialista, ao melhor estilo estalinista, considera a despesa do Estado intocável e carrega constantemente no aumento dos impostos. O problema da Economia portuguesa é também o da Produtividade. Os Portugueses produzem muito menos do que aquilo que não abdicam de consumir, de gastar, e o regime laboral, bem como os regimes salariais, não incentivam à Produtividade, não premeiam, nem compensam individualmente quem produz mais e melhor. A Educação é também uma das causas principais deste impasse português, na medida em que não prepara os Portugueses para hábitos de trabalho, para o esforço, nem faculta Conhecimentos mínimos, pelo que a Produtividade se vai reduzindo, a sociedade se mediocratiza. Hoje, via umas tais “novas oportunidades”, chegamos ao ponto de arranjar na Internet um “trabalho” que, copiado, permite receber um diploma a atribuir a qualificação do décimo segundo ano! O quarto factor do impasse que trama a vida portuguesa, para além da derrocada socioeconómica, da falta de Produtividade e do descalabro no ensino, é a situação de uma Justiça feita de leis decadentes, incompetentes e permissivas, sujeitas a demoras inadmissíveis e, ainda, escandalosamente politizada, o que afecta a sua necessária independência e imparcialidade.
II
Ante este quadro de impasse, ou se o resolve, ou não se o resolve. Para resolvê-lo, é necessária uma alteração profunda do sistema político-constitucional. E não é mais possível o Partido Social Democrata participar em revisões constitucionais que pouco até agora alteraram, deixaram tudo mais ou menos na mesma. Ou então os Portugueses, continuando mergulhados num conformismo doentio e letal, com fé tonta na “religião socialista”, mantêm tudo essencialmente na mesma. Aceitam, mártires e submissos, a mediocridade, a incompetência e os interesses instalados de uma certa “classe política” lisboeta. O problema é que se for esta a postura desgraçada dos Portugueses do Continente, a maioria do Povo Madeirense não tem quaisquer razões, desejos e sobretudo vontade para continuar a se deixar arrastar pela asneira nacional. Solidariedade nacional, sim. Solidariedade com a incompetência e com a asneira, NÃO! Eticamente, a tal não estamos minimamente obrigados. E se nos coagem mediante a força que garante a aplicação de leis e políticas idiotas do Estado neste território do Arquipélago da Madeira, então estamos numa verdadeira situação COLONIAL.
III
O que é o COLONIALISMO?
O Direito Internacional define como situação colonial aquela em que um território impõe a outro território um estatuto político que este rejeita. É o que se passa com a Assembleia da República em relação ao Arquipélago da Madeira. Apesar de sucessivas revisões constitucionais, o estatuto constitucional da Região Autónoma não é aquele que, através da sua Assembleia Legislativa, o Povo Madeirense legitimamente pretende. Somos pela Unidade Nacional. Não aceitamos integrar um “Estado Unitário”.
A Madeira, com toda a legitimidade democrática, pretende do Estado uma transferência de mais competências, as quais nos permitirão encontrar as soluções que Lisboa é incapaz de acertar, mais a mais, no caso madeirense, um Estado desconhecedor dos problemas concretos. Não se trata de pretender transferência de competências em matérias que são inerentes à Unidade Nacional e à Cidadania, mas sim em áreas económicas, financeiras, de ordenamento do território, de urbanismo, etc. Por outro lado, as pretensões legítimas da Madeira não implicam quaisquer novos encargos para os Portugueses do Continente, até pelo contrário. Neste quadro, razão para não aceitarmos estar limitados, subjugados, pelos caprichos políticos e pela discricionariedade de certa “classe política” de Lisboa, à qual não reconhecemos legitimidade e competência para tais imposições.
IV
Assim, o Partido Social Democrata da Madeira não pode baixar os braços. Nem interna, nem exteriormente. O primeiro-ministro e líder do Partido Socialista já viu que sabemos ser solidários com quem nos ajuda, mas que não poderemos continuar a tolerar as atitudes que o ministro Teixeira dos Santos exerce permanentemente sobre o Povo Madeirense. E o próprio PS que se cuide com este ministro...
V
Internamente, tal como desde há mais de trinta anos, temos a bipolarização madeirense. De um lado, os autonomistas sociais-democratas. Do outro, juntos num “albergue espanhol”, os nossos adversários referenciados pelos seguintes quatro grupos:
• a “Madeira Velha”;
• As sociedades “secretas”;
• Os Partidos da Oposição;
• O PC – S (partido da comunicação social).
No combate político também é importante e tal como nas operações militares, tendo em vista a estratégia que temos de desenvolver, a definição do tecnicamente chamado de “inimigo”.
a) A “Madeira Velha” reúne algumas famílias madeirenses e inglesas que nunca aceitaram as mudanças políticas, culturais e de evolução social que resultaram da Autonomia Política. O primeiro espanto acerca da atitude dessa gente reside no facto de, com as posses que têm, em vez de também crescerem com o desenvolvimento e a dinâmica que a Madeira ganhou com a Autonomia Política e lhes propicia, ei-los, pelo contrário e contra os seus próprios interesses, a remar contra a maré através da assumpção de posições políticas.O segundo espanto, aliás na linha do primeiro, é o “mistério Diário de Notícias”, incluindo a sua rádio TSF.
Porque razão, desde o 25 de Abril e de novo agravado com a presença de José Câmara no grupo Blandy`s, a linha editorial de radicalismo marxista e anti-Autonomia?!... Porquê o recrutamento de pessoal em áreas claramente identificadas ou próximas da “esquerda” mais totalitária?!... Não se percebe...
b) Outro adversário são as “sociedades secretas”
As chamadas “sociedades secretas” reúnem pessoas de várias tendências políticas – reconheço que o PCP lhes está de fora – numa solidariedade de “interesses” da mais diversa ordem, procurando assim influenciar decisões que têm a ver com a vida colectiva, mas sem a necessária transparência democrática que é um requisito fundamental do regime democrático. Obviamente como fui sempre uma pessoa independente em relação a esse género de coisas, eis as hostilidades que venho suportando ao longo da minha vida política.
c) Terceiro adversário a considerar são os Partidos da Oposição, apesar da sua constatada mediocridade e da sua dependência dos restantes três grupos hostis aqui tecnicamente definidos como “inimigo”. O descrédito desta Oposição resulta, primeiro, da circunstância de se ter oposto a tudo quanto, A TEMPO, foi feito no Arquipélago. Na presente situação, o Povo Madeirense estaria bem arranjado se lhe tivéssemos prestado qualquer atenção!... Segundo, esta Oposição, ao longo de decénios, veio defendendo todos os disparates de Lisboa que trouxeram Portugal ao presente estado em que se encontra. Mais. Atacou os autonomistas sociais-democratas por sempre nos termos oposto aos caminhos desgraçados que a República Portuguesa percorreu e que agora se comprovam. Porém, neste momento, por um lado quer que sejamos nós a retirar a Madeira das consequências dos erros nacionais que a Oposição foi apoiando, mas, por outro lado – veja-se!... – recusa que sejam transferidas para a Região Autónoma as competências para tal necessárias!...
Fica bem claro que não afrouxaremos no combate contra os partidos totalitários, sejam as organizações comunistas PCP e “Bloco de Esquerda”, seja a extrema-direita. Nem afrouxaremos na luta contra o “partido colonial” ou “partido de Lisboa”, o PS, pois está localmente nas mesmas mãos que cumpliciaram o “garrote financeiro” contra o Povo Madeirense e as políticas nacionais desastrosas que trouxeram os Portugueses à lamentável situação presente. Exigindo mesmo mais investimento público – o que não joga com a política socialista em Lisboa – depois de os socialistas locais terem cumpliciado a retirada de meios financeiros ao Povo Madeirense.
d) Finalmente, o quarto adversário definido é o PC-S, o “partido da comunicação social”. Este é formado por um conjunto de militantes políticos, identificados com a “esquerda” comuno-socialista, propositadamente recrutados para, na comunicação social, desenvolverem uma “guerra” permanente e panfletária contra os autonomistas sociais-democratas. É conhecida a forma como foram recrutados e quem os recrutou, bem como tal ter obedecido a uma estratégia de aproveitar situações psicológicas individuais de pessoas com frustrações, raivas, etc., com fortes causas sociais e vazias de Conhecimentos.
VI
Esta é a situação, ao se iniciar o novo ano político. Vamos enfrentá-la, com fé no sucesso de sempre! Não haverá hesitações, por parte de qualquer autonomista social-democrata, no combate político aos adversários do Povo Madeirense! Não há mais lugar para “falinhas mansas”, concessões ou exibicionismos de “politicamente correcto”! Conto com a força do Povo Madeirense, no qual bebi todos os Valores que me dão ânimo para a Resistência democrática”.

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