sexta-feira, dezembro 24, 2010

Conto de Natal

"“Exactamente na véspera de Natal, eu corri ao mercado para comprar os últimos presentinhos, que eu não havia conseguido comprar antes. Quando eu vi todas aquelas pessoas no mercado, comecei a reclamar comigo mesma:
- "Isto vai demorar a vida toda, e eu ainda tenho tantas coisas para fazer, outros lugares para ir. O Natal está ficando pior a cada ano. Como eu gostaria de poder apenas me deitar, dormir e só acordar após tudo isso".
Sem notar, eu fui andando até à secção de brinquedos, e lá eu comecei a bisbilhotar os preços, imaginando se as crianças realmente brincam com esses brinquedos tão caros. Enquanto eu olhava a secção de brinquedos, notei um garoto de mais ou menos 5 anos pressionando uma boneca contra o peito. Ele acarinhava o cabelo da boneca e olhava tão triste, e fiquei tentando imaginar para quem seria aquela boneca que ele tanto apertava. O menino virou-se para uma senhora que estava próxima e disse:
-"Avó, você tem certeza que eu não tenho dinheiro suficiente para comprar esta boneca?"
A senhora respondeu:
-"Você sabe que o seu dinheiro não é suficiente, meu querido!"
E ela perguntou ao menino, se ele poderia ficar ali olhando os brinquedos por 5 minutos, enquanto ela iria olhar outra coisa. O pequeno menino estava segurando a boneca em suas mãos. Finalmente eu comecei a andar em direcção ao garoto e perguntei para quem ele queria dar aquela boneca. Ele respondeu:
- "Esta é a boneca que a minha irmã mais adorava, e queria muito ganhar neste Natal. Ela estava tão certa que o Pai Natal traria esta boneca para ela este ano."
Eu disse:
"Não fique tão preocupado, eu acho que o Pai Natal trará a boneca para a sua irmã."
Mas ele triste disse-me:
-"Não, o Pai Natal não poderá levar a boneca onde ela está agora. Eu tenho que dar esta boneca para minha mãe, assim ela poderá dar a boneca à minha irmã, quando ela for lá."
Os seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele falava:
-"Minha irmã teve que ir para junto de Deus. O papai me disse que a mamãe também irá embora para perto de Deus em breve. Então eu pensei que a mamãe poderia levar a boneca com ela e entregar a minha irmã.".
Meu coração quase parou de bater. Aquele garotinho olhou para mim e disse:
-"Eu disse ao papai para dizer a mamãe não ir ainda. Eu pedi-lhe que esperasse até eu voltar do mercado."
Depois ele mostrou-me uma foto muito bonita dele rindo:
- "Eu também quero que a mamãe leve esta foto, assim ela também não se esquecerá de mim. Eu amo a minha mãe e gostaria que ela não tivesse que partir agora, mas meu pai disse que ela tem que ir para ficar com a minha irmãzinha."
Ele ficou olhando para a boneca com os olhos tristes e muito quietinho. Eu rapidamente procurei a minha carteira e peguei algumas notas e disse para o garoto:
- "E se nós contássemos novamente o seu dinheiro, só para termos certeza de que você tem o dinheiro para comprar a boneca?"
Coloquei as minhas notas junto ao dinheiro dele, sem que ele percebesse, e começamos a contar o dinheiro. O dinheiro daria para comprar a boneca e ainda sobraria um pouco.
E o garotinho disse:
-"Obrigada Senhor, por atender o meu pedido e me dar o dinheiro suficiente para compra a boneca". Ele olhou para mim e disse:
- "Ontem antes de dormir eu pedi a Deus que fizesse com que eu tivesse dinheiro suficiente para comprar a boneca, assim a mamãe poderia levar a boneca. Ele me ouviu... e eu também queria um pouco mais de dinheiro para comprar uma rosa branca para minha mãe, mas eu não ousaria pedir mais nada a Deus. E Ele me deu dinheiro suficiente para comprar a boneca e a rosa branca. Você sabe, a minha mãe adora rosas brancas."
Uns minutos depois, a senhora voltou e eu fui embora sem ser notada. Terminei as minhas compras num estado totalmente diferente do que havia começado. Entretanto não conseguia tirar aquele garotinho do meu pensamento.
Lembrei-me de uma notícia no jornal local de dois dias antes, quando foi mencionado que um homem bêbado numa camioneta, batera noutro carro, e que no carro estavam uma jovem senhora e uma menininha. A criança faleceu imediatamente, a mãe estava em estado grave nos cuidados intensivos, e que a família decidiu desligar as máquinas, uma vez que a jovem não sairia do estado de coma. E pensei, se seria a família daquele garotinho. Dois dias depois do meu encontro com o garotinho, li no jornal que a jovem senhora tinha falecido. Eu não pude me conter e sai para comprar rosas brancas. Fui ao velório daquela jovem. Ela estava segurando uma linda rosa branca nas suas mãos, junto à foto do garotinho e com a boneca em seu peito. Deixei o local chorando, sentindo que a minha vida havia mudado para sempre. O amor daquele garotinho por sua mãe e irmã continua gravado em minha memória até hoje. É difícil de acreditar e imaginar que numa fracção de segundos, um bêbado tenha tirado tudo daquele pequeno garotinho”.

Sem comentários: