segunda-feira, fevereiro 28, 2011

PS-Madeira: guerra Serrão-Sócrates com final imprevisível

Continua uma enorme confusão nas hostes socialistas locais e nem uma almoçarada realizada em S.Vicente - e João Carlos Gouveia continua a mostrar que é imbatível nesse tido de iniciativas - consegue esclarecer o que realmente ser passou. Uma cosia é certa, esta "guerra" terá um final imprevisível que tanto pode "queimar" Serrão já antes do verão, como afastar Trindade de qualquer veleidade em termos do PS local e mesmo das listas de candidatos. Segundo o DN do Funchal, "Na apresentação da sua moção política de orientação nacional, Jacinto Serrão não poupou, ontem, em São Vicente, nas críticas ao próprio partido ao nível nacional.O presidente dos socialistas madeirenses denunciou a "profunda crise de esperança", com graves repercussões sociais, para exigir do seu próprio partido uma mudança de rumo, que permita "voltar às origens", defendendo "o socialismo democrático". É com esse propósito que disse estar "determinado e com coragem" para romper com os "grupos económicos especuladores", em prol das grandes causas sociais. O ataque categórico à governação socialista de Lisboa, foi proferido ontem, em São Vicente, durante um almoço ao ar livre, que reuniu mais de 500 militantes no parque de lazer junto à Vila nortenha. As dificuldades sociais que a Região e País atravessam, serviram de mote para o longo discurso de mais de 20 minutos. "Não é justo pedir às famílias que paguem esta crise", criticou o líder madeirense, interrogando-se de como é possível o PS "defender estes cortes salariais sobre os trabalhadores, e defender medidas que estão a suspender um conjunto de medidas sociais", quando há "gestores de empresas públicas a ganharem salários obscenos e escandalosos", acusou, mas "a esses ninguém lhes toca", criticou. É perante esta desigualdade que disse não compreender "este tipo de políticas", acrescentando mesmo que "isto não é o PS". Exigiu "justiça social e uma justa distribuição dos sacrifícios por todos", reclamando que "isso faz-se incentivando o trabalho e não castigando o trabalho", apontou, numa indirecta ao PS de José Sócrates. Mantendo o ataque cerrado às actuais políticas, Serrão aliou-se ao povo para denunciar que "as pessoas são sistematicamente esquecidas por aqueles centralistas que governam a Região, na Quinta Vigia e também por muito pensamento centralista que governa o país através de Lisboa e que se esquece do Portugal profundo e esquece-se do povo que sofre", contestou, para logo acrescentar: "Eu não tenho interesses económicos para defender. Eu tenho o povo para defender", sublinhou o político madeirense. É nesta linha de orientação que diz ter "um conjunto de propostas concretas para resolver problemas políticos de maneira a que o desenvolvimento do país se faça com políticas justas". Defende por isso uma regionalização urgente do país, de modo "a descentralizar os centros de poder que estão em Lisboa, para que os decisores do poder estejam mais próximos das pessoas", desafiou.
Socialistas com "vergonha de gritar PS"
Jacinto Serrão garantiu que a sua moção está a deixar "muita gente incomodada", inclusive "com medo". Tudo porque "eles sabem" que a sua proposta "não é uma mensagem para satisfazer interesses de grupos económicos ou de grupos particulares que estão a viver muito à custa da vida política do nosso PS", admitiu. Com os principais 'rostos' do PS/M presentes, Serrão foi várias vezes interrompido no seu discurso pelos aplausos das centenas de militantes, havendo mesmo quem, à sua chegada, fizesse questão de lhe beijar a mão. Aproveitou a ocasião para denunciar ainda que alguns dirigentes socialistas até já têm "vergonha de gritar PS", desafiando por isso o partido a "voltar às origens, voltar a defender o socialismo democrático", para inverter o actual estado de coisas. Foi de resto num cenário de "crise de esperança" que disse que "os jovens olham para o futuro sem qualquer esperança ou optimismo", os que trabalham "também já perderam a esperança de um futuro melhor", e até os idosos "já nem têm dinheiro para pagar os medicamentos". É este flagelo social que se propõe combater através daquele que diz ser "o ideal do PS
".

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