quarta-feira, maio 25, 2011

Sondagens: copo meio cheio, vazio ou alguém o bebeu

Li hoje no Jornal I que "estudos de opinião multiplicam-se na recta final da campanha. Últimos números agitam partidos. Sondagens para todos os gostos e a um ritmo alucinante. Diárias ou de dois em dois dias, a pressionarem caravanas que avançam pelo país sem saberem a caminho do quê. O PSD anima-se com alguns números (prefere o copo meio cheio que lhe dá 39,6%), o PS vai evitando esses dados (centra-se no copo meio vazio do empate técnico) e o CDS alerta para a "bebedeira de sondagens" (alguém bebeu o copo). Pedro Magalhães, especialista em matéria de estudos de opinião, alerta para a necessidade de "olhar para a floresta e não para a árvore" e aponta para a tendência "de aproximação de PS e PSD". O cenário é este, mas cada partido olha para onde lhe convém. E o PSD tem aproveitado a onda da primeira destas três sondagens (ver gráfico ao lado), a da Intercampus para a TVI. Uma vantagem significativa em relação ao principal adversário e a maioria absoluta à direita garantida já fazem Passos Coelho trocar "ses" por certezas. Num almoço com agricultores em Portalegre, o líder do PSD já falou no futuro como certo: "Quando tomarmos posse teremos 15 dias para discutir" os problemas da agricultura. À tarde pediu sem cerimónias a maioria absoluta (ver pág. 18). E ao fim do dia explicou que "o país inteiro está cansado do que se passou. As sondagens também o dizem, mesmo aquelas que dizem que estamos empatados. Quase 70% deste país não quer este governo." A confiança começa a aparecer no rosto do líder do PSD, que não descura a estratégia de ataque contra o principal adversário. Mas também alerta que "não são favas contadas apenas porque as sondagens melhoraram e o PSD descolou nas sondagens" e por isso pede ao partido que não entre em "euforias". Com o tempo a acabar para convencer os indecisos, a campanha do PSD segue a um ritmo acelerado. São várias as acções por dia. O candidato social-democrata anda sempre na rua, várias vezes por dia. Ontem teve a sua primeira enchente, no núcleo empresarial de Castelo Branco. Amanhã em território laranja - a caravana passa por Viseu - esperam no staff que "comece a aquecer ainda mais". Contenção No PS a palavra de ordem é contenção. No dia 5 de Junho far-se-á a vindima. Até porque para Sócrates joga--se tudo (uma derrota deve pôr fim a este seu ciclo político) e em matéria de sondagens prefere apontar para o empate (resultado de dois dos estudos mais recentes) entre PS e PSD. Ao i Silva Pereira garante que o PS está a olhar para as sondagens que indicam uma derrota socialista com "a tranquilidade" com que olha para aquelas "em que PS e PSD estão muito próximos". Mas pelo sim pelo não, o PS já critica a cobertura de campanha pela comunicação social: "Nem tudo o que vemos nas televisões corresponde à leitura do contacto directo com as pessoas". O braço-direito de Sócrates diz que regista a "diferença no acolhimento" que tem sentido no terreno e "a imagem que por vezes se pode ter quando se vê na televisão". Olhando para as últimas legislativas, o discurso contra os jornalistas esteve sempre do lado de quem estava por baixo: foi assim com Santana Lopes em 2005 e Manuela Ferreira Leite em 2009. Aliás, em campanha eleitoral é esta a máxima. Nas presidenciais de 2006, Soares culpou a comunicação social e agora, em 2011, Alegre também chegou a ensaiar esse caminho. No PS a máquina tem funcionado (é sempre assim quando Sócrates está no terreno). O líder tem contactado com a população na rua, mas em curtas arruadas para evitar confusões maiores. A estratégia é sempre a mesma: duas ou três arruadas por dia, que culminam sempre com um discurso se Sócrates em cima de um camião, que tem um pequeno palco, e no qual falam mais duas figuras ligadas à região. O candidato percorre, nas arruadas, um caminho que não ultrapassa os 200 ou 300 metros e durante o qual tem contacto directo com as populações. Em geral, há sempre alguém exterior ao desfile que lança provocações à caravana socialista, devido, na maioria dos casos, às medidas de austeridade aplicadas pelo governo. No CDS, Portas pede "cautela, humildade, trabalho e merecer", apesar de cheirar a confiança nas acções de campanha. Sobre as sondagens lança um alerta: "Quero avisar os eleitores que vão sair muitas sondagens, vai ser uma bebedeira de sondagens, mantenham-se lúcidos. Até porque são cometidos erros gravíssimos nas sondagens e ninguém paga por eles." À esquerda, a tendência também é para ignorar as sondagens. Jerónimo de Sousa diz que os estudos "mostram apenas que há um longo caminho para a percorrer". Faltam 11 dias".

Sem comentários: