sábado, junho 25, 2011

Governo adia a venda da RTP?

Segundo o jornalista do Expresso, Filipe Santos Costa, "o compromisso mantém-se, tal como Passos Coelho reafirmou ao “Financial Times”: o Governo vai privatizar a RTP. Só não sabe é quando. O acordo programático assinado entre Passos e Portas — que será a base do Programa de Governo — prevê a privatização de um canal da televisão pública, mas sem calendarizar, admitindo apenas que isso será feito de acordo com a “oportunidade”, de acordo com a avaliação das condições do mercado. Essa foi uma pequena vitória do CDS — que se pode (ou não) tornar numa grande vitória. Portas está contra a venda de um canal da RTP e o facto de esse compromisso ter ficado no programa em termos “moderados” é valorizado pelos centristas. No mínimo, a privatização será adiada; na melhor das hipóteses um adiamento sine die pode matar o projeto. Não seria a primeira vez: Durão chegou a anunciar a intenção de vender parte da TV estatal e acabou por deixar a ideia pelo caminho. Em qualquer caso, são travados os planos do PSD para privatizar a RTP rapidamente e em força — “até ao fim do ano” era o timing apontado por responsáveis sociais-democratas, para quem este é o tipo de decisão que, ou se leva para diante em seis meses, ou já não avança. No PSD há até quem dê como certos os principais interessados nesta privatização: os grupos Cofina (proprietário do “Correio da Manhã” e “Record’, entre outros títulos) e Ongoing (“Diário Económico” e Económico TV). E a convicção de fontes próximas de Passos é que a venda de um canal acabará por ser incontornável: ‘‘A troika não vai permitir que o Estado continue a injetar €200 a 300 milhões na televisão por ano’’, afirmam. A oposição do CDS à venda da RTP tem que ver com razões de fundo e de conjuntura — o adiamento da privatização responde às segundas: numa situação de recessão económica e consequente contração do mercado publicitário, dificilmente o sector acomodaria um novo grande player (não os há maiores do que uma televisão generalista em sinal aberto) a disputar o mercado publicitário. Certo é que, depois de fechar o acordo com o CDS, o PSD parece ter refreado a pressa na venda da televisão pública. ‘‘Temos tantas prioridades’’, reconhecia esta semana ao Expresso um responsável do Governo, disposto a elencar alguns dos dossiês mais urgentes: os transportes (‘‘um sector em estado de degradação total’’), a Saúde (‘‘num estado de fugir’’), e as autarquias, são exemplos. O Governo não vai falar de surpresas negativas que encontre no Estado ‘‘para não impressionar os mercados’’, mas, garantem, antes da RTP1 há outras urgências".

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