terça-feira, novembro 08, 2011

Estudo de Natal 2011

Segundo a Deloitte Portugal, "o ano de 2011 marca a 14ª edição do Xmas Survey, o estudo anual da Deloitte que analisa as intenções de compra dos consumidores europeus para a época do Natal e Passagem de Ano. A presente edição abrange 18 países, tendo sido inquiridos um total de 18.354 consumidores, entre a segunda e terceira semana de Setembro, sobre as suas intenções e planos de gastos em presentes, alimentação e lazer. No que toca a Portugal, importa referir que o inquérito foi realizado antes do anúncio pelo Governo das medidas de retenção dos subsídios de férias e de Natal de 2012 e 2013 dos funcionários públicos e dos pensionistas, e do aumento da carga fiscal ao nível dos impostos directos e indirectos. A visão dos Portugueses sobre o estado actual da economia degradou-se significativamente. Em 2010, 75 por cento dos consumidores entrevistados acreditava estar numa recessão, em 2011 esse número subiu para 88 por cento. As expectativas para 2012 reflectem o mesmo pessimismo: 72 por cento dos consumidores acham que a situação irá piorar, face a 58 por cento em 2010. No que toca ao poder de compra, apenas 39 por cento dos portugueses entende que o seu poder de compra se manteve ou melhorou, sendo que os restantes consumidores (61 por cento) entendem que se reduziu. Em 2010 este valor tinha sido de 47 por cento.

Apesar da ideia de um decréscimo no poder de compra, os portugueses mantêm uma previsão média de gastos na época festiva de 530 euros, valor que representa um decréscimo de perto de 8 por cento face a 2010 e o mais baixo dos últimos seis anos. As razões para este decréscimo são principalmente o clima económico (77 por cento), o imposto especial sobre o subsídio de Natal em 2011 (64 por cento) e o receio de perder o emprego (30 por cento). A grande maioria dos consumidores portugueses (85 por cento) afirma que terá mais em conta o preço do que o fez em anos anteriores, apesar de apenas 35 por cento afirma directamente que vai optar por comprar os presentes mais baratos. Por outro lado, a intensão de fazer compras por impulso caiu drasticamente (10 por cento), o que se reflecte no aumento da vontade de tirar mais proveito de períodos promocionais (62 por cento). Mantém-se, ainda, este ano a tendência observada nos últimos anos de transferência do orçamento de Natal para a aquisição de presentes. O valor do orçamento canalizado para presentes representava, em 2007, 275 euros, menos de metade do orçamento da quadra festiva. Em 2011 prevê-se que venha a representar 346 euros, aproximadamente 2/3 do orçamento.

Confiança dos consumidores europeus em baixa mas com um forte desejo de celebrar as festividades

A crise da dívida na Europa e as sucessivas prespectivas de baixo crescimento têm sido devastadoras naqueles que ainda mantinham uma esperança num futuro melhor. Mais de 6 em 10 consumidores europeus pensa que o seu país está em recessão, uma percepção generalizadas mas com especial incidência na Grécia, Portugal, Itália, Espanha e França. No entanto, a “crise” ainda não afectou completamente a precepção dos consumidores face ao seu poder de compra, uma ideia que a maioria admite: 60 por centos dos inquiridos considera que o seu poder de compra se tem mantido estável ou tem mesmo aumentado. Na maioria dos países europeus, e especialmente naqueles mais afectados pela crise da dívida, as medidas de austeridade e o aumento da carga de impostos que já foram anunciadas não terão impacto sobre os orçamentos familiares até ao próximo ano. Os resultados do estudo deste ano demonstram que os europeus estão bastante preocupados com a situação económica para 2012, uma conclusão que representa um corte radical com os resultados dos anos anteriores, onde o optimismo face ao futuro era uma constante. No inquérito de 2010, um em cada quatro europeus respondeu que esperava uma recuperação económica no ano seguinte, este ano apenas um em dez inquiridos pensa dessa forma! E esta preocupação repercute-se fortemente em todos os países participantes neste estudo.
“As diversas percepções face à actual situação estão a encorajar os europeus a terem uma abordagem mais prudente face aos gastos. Mais prudentes mas sem receio de agir, uma vez que o desejo de comemorar a época festiva continua forte e os consumidores vêem o seu poder de compra como estável. Mais prudentes ainda que incisivos, pois os consumidores tenderão a ajustar o seu comportamento de compra tendo em conta a evolução gradual negativa da “crise” na Europa”, destaca Luís Belo, partner da Deloitte Portugal e responsável pelo sector de Consumer Business.

Orçamento para a época festiva mantem-se em 2011

Em média, os consumidores europeus pretendem alocar um orçamento 587€ aos gastos com as festividades de 2011, apenas menos 0,8 por cento do valor médio do ano passado. Contudo existe diferenças acentuadas entre os países europeus, com o surgimento de três grupos distintos:
• Os países que, pelo segundo ano consecutivo, relatam uma diminuição significativa nos seus orçamentos: Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Países Baixos;
• Os países que apresentam um ligeiro aumento nos seus orçamentos: Suíça, Luxemburgo, França, Espanha e Bélgica;
• Por último, os países que revelam um aumento elevado nos seus orçamentos: República Checa, Polónia, Alemanha, Eslováquia e Finlândia. A Rússia, a Ucrânia e África do Sul registam um aumento bastante significativo.
Mesmo assim, as preocupações com o contexto económico permanecem fortes e podem levar a gastos menores nesta época, especialmente se existirem novos desenvolvimentos negativos relacionados com a crise na Europa (ideia partilhada por 61 por centos dos inquiridos) ou se o crescente medo de desemprego se instalar verdadeiramente (receio partilhado 20 por cento). Ao mesmo tempo, os consumidores estão mais propensos em gastar em benefício próprio como forma de evitar pensar na actual situação de crise (39 por cento). Neste sentido, os resultados apontam para uma inclinação em aproveitar a época de saldos no final do ano (30 por cento). Esta atitude evidencia que a procura pelos preços mais baixos ainda é fundamental para os consumidores que planeiam gastar de forma cuidada e, portanto, aproveitar ao máximo os seus orçamentos.

A escolha de presentes tende a ser motivadas pelo interesse no bem-estar pessoal

Pela primeira vez na história deste estudo, há uma convergência entre a lista de presentes mais desejados e os mais oferecidos:
• Livros e dinheiro são os presentes mais desejados e tendem a ser também os mais oferecidos;
• Do mesmo modo que a categoria de cosméticos e perfumes são o presente com a maior probabilidade de oferta, à semelhança do ano passado, seguido pela opção chocolates.
Por toda a Europa parece existir um certo apetite por produtos e serviços relacionados com a beleza. Além da popularidade dos cosméticos e perfumes, a categoria relacionada com produtos de beleza e sessões de massagem ou spa alcançou o terceiro lugar do ranking dos produtos mais comprados. Esta tendência associada ao bem-estar também reflecte a preferência dos consumidores por mais prazeres pessoais.
Por outro lado, mantém-se a preferência de oferecer brinquedos com uma forte componente educacional, com 64 por centos das respostas dos consumidores europeus, nomeadamente jogos de tabuleiro, puzzles e livros infantis. Muitos pais sentem que ao encorajar o conhecimento estão a dotar os seus filhos de ferramentas para fazer face a um futuro incerto.
No ranking das ofertas a adolescentes estão os jogos de vídeo, dinheiro e livros, sendo este último o presente mais oferecido na maioria dos países. Os comportamentos e os compromissos de anos anteriores devem manter-se este ano como parte da equação final, contudo deve haver alguma movimentação nesta tendência. Tal como aconteceu no passado, os factores-chave no momento de decisão de compra para a época festiva de 2011 são a preferência por produtos de utilidade comprovada e a obtenção dos melhores preços possíveis.

A utilidade é reconhecida como uma prioridade para 79 por cento dos consumidores europeus, o mesmo nível do ano passado. O foco no preço mantém-se uma prioridade para 70 por cento dos consumidores europeus e está longe de diminuir, ainda que seja atenuada pelo desejo de auto-satisfação e o apelo por presentes de melhor qualidade. Este desenvolvimento irá inspirar os consumidores a aplicar práticas mais racionais de consumo, reduzindo substancialmente o número de compras impulsivas, para 69 por cento dos consumidores, um créscimo de 6 por cento relativamente ao ano passado. Os retalhistas necessitam por isso de cuidar de fornecer melhor informação aos consumidores sobre as vantagens funcionais dos diferentes produtos à parte das considerações de preço. Nos últimos anos, as marcas nacionais têm perdido terreno para as designadas marcas brancas ou próprias no seio dos consumidores interessados em poupar dinheiro e menos preocupados nas vantagens dos produtos. Este ano estamos a assistir a um reequilíbrio em favor das marcas nacionais. De tal modo que, só 55 por cento dos consumidores europeus planeiam basear as suas compras em marcas brancas ou próprias, comparado com os 64 por cento do ano passado. Este reequilíbrio foi sobretudo notado nos países da Europa Ocidental. A fim de comemorar a época festiva, os europeus vão assumir alguns compromissos à semelhança do ano passado, nomeadamente em gastar menos com entretenimento e passeios (39 por cento), viagens (36 por cento) e roupa (32 por cento). Neste âmbito, é expectável que estas decisões de compromisso sejam alargadas já este ano e certamente no próximo a novas áreas como educação (explicações, ensino privado, entre outras), produtos domésticos e saúde, ainda que com menor dimensão.

A protecção do ambiente continua a ser um interesse manifesto nos consumidores europeus, ainda que esta preocupação não se traduza na vontade de pagar mais por produtos sustentáveis. Contudo, vale a pena destacar que as informações presentes nos rótulos dos produtos têm um interesse crescente para os consumidores.

Consumidores europeus estão já a fazer uso da experiência dos vários canais de compra

Os anteriores estudos tinham vindo a evidenciar o surgimento da internet como um canal de retalho, por mérito próprio, muito utilizado para as compras da época festiva. Para além da distinção simplista entre os canais online e offline, os consumidores europeus optaram por fazer uso de ambos os canais nas três etapas do seu processo de compra: pesquisa, comparação e compra. Quase metade dos consumidores europeus já utiliza tanto as lojas físicas como a internet para encontrar e comparar produtos. Em suma, um em cada três consumidores planeia neste ano utilizar tanto os canais online como offline para comprar produtos ou presentes previamente definidos. Ao utilizar a internet para encontrar e comparar produtos, os consumidores vão centrar a sua atenção nos sites dos retalhistas, nos motores de busca e nos sites dos fabricantes. O uso crescente dos sites dos retalhistas e fabricantes reflecte o reconhecimento genuíno do esforço e investimento destes no comércio electrónico. Contudo, a maioria dos consumidores europeus planeia fazer as suas compras em lojas físicas. Apenas, os consumidores alemães, gregos, polacos e checos afirmam que já estão habituados a finalizar as suas compras via internet ou em loja. A aceitação por parte dos consumidores da experiência dos múltiplos canais de compra é consideravelmente reforçada pelo facto de lhes oferecer a possibilidade de melhor satisfazer as suas necessidades, aproveitando ao máximo as respectivas vantagens das lojas físicas e da internet:
• Encontram informação online que não são capazes de obter nas lojas, tais como as opiniões de outros consumidores, têm a possibilidade de comprar a qualquer hora do dia ou da noite e podem facilmente comprar preços;
• Em contrapartida, preferem as lojas pela facilidade da trocada ou devolução da compra, pelo serviço pós-venda, pela segurança de pagamento e pelo prazer de fazer compras. É por esta razão que os consumidores apreciam, por exemplo, a capacidade de levar os produtos adquiridos através do site à loja física para fazer a troca ou devolução. De destacar que a confiança dos consumidores na segurança dos pagamentos online tem vindo a diminuir este ano, após vários anos de crescimento constante. “Actualmente, os retalhistas têm ferramentas para lançar uma verdadeira estratégia multi-canal centrada no cliente para ganhar uma verdadeira vantagem competitiva”, destaca Luís Belo, partner da Deloitte Portugal e responsável pelo sector de Consumer Business
". Leia
aqui o estudo da Deloitte

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