quarta-feira, novembro 02, 2011

O que é que pressiona Horta Osório...

Segundo a jornalista Barbara Barroso do Dinheiro Vivo, “foi o primeiro não anglo-saxónico a ocupar o lugar de presidente executivo do Lloyds Bank. O português António Horta Osório assumiu a liderança do banco britânico em Março deste ano e pela frente tinha uma grande desafio: reestruturar o banco e voltar aos resultados positivos. Oito meses depois é obrigado a afastar-se por indicação médica devido a excesso de cansado e stress. Saiba quais as grandes metas que Horta Osório tem pela frente:

Nacionalização

O banco britânico Lloyds no rescaldo da crise de 'subprime' (crédito hipotecário de alto risco) assistiu à entrada no seu capital. O estado britânico injectou, na altura, mais de 47 mil milhões de euros em vários bancos para evitar o colapso do sistema financeiro inglês. A ajuda financeira do governo resultou numa posição accionista de 41%. Foi esta a herança que Horta Osório recebeu, e apesar de ter tido carta branca no seu plano de reestruturação responder perante o Estado accionista nem sempre é fácil, sobretudo num contexto como o actual.

Trabalhadores

Anunciar despedimentos é sempre uma tarefa árdua e implica contestações. No final de Junho, o António Horta Osório anunciou o corte de 15 mil postos de trabalho. Apesar de o mercado já estar a contar com uma redução de trabalhadores, o número elevado surpreendeu. A medida é para ser aplicada até 2014 e o banco espera assim reduzir custos em mais 1,5 mil milhões de euros, aumentando ainda a sua capacidade de poupança após a compra do HBOS. A contestação chegou via sindicatos que acusaram o Lloyds de ter acabado com mais de 27 mil empregos nos últimos dois anos e meio.

Balcões

Vender balcões para reduzir custos. Esta foi uma das primeiras medidas anunciadas por António Horta Osório quando assumiu a presidência do Lloyds Bank. No âmbito do plano de reestruturação do banco, Horta Osório anunciou a venda de 630 balcões da actividade de retalho do banco. O JP Morgan Chase e o Citigroup foram as instituições convidadas a gerir a venda das sucursais, num negócio pode poderá render mais de três mil milhões de euros. O prazo para concluir o negócio era 2013 mas o grupo quis acelerar o início do processo.

Internacional

Numa verdadeira corrida contra o tempo, o plano de reestruturação do Lloyds inclui ainda a saída de algumas operações globais, reduzindo a presença em mercados externos dos actuais 30 países para não mais de 15 até 2014. O plano estratégico do banco assenta numa aposta clara na economia inglesa. Em Julho, numa entrevista ao Diário Económico, António Horta Osório revelava que "face à recuperação também lenta e difícil da economia inglesa, ao panorama pouco optimista da economia mundial, ao ambiente macroeconómico, ao risco de contágio financeiro a que aludi, o que disse publicamente - e várias vezes - foi que se tratava de um projecto que vai levar três a cinco anos".

Resultados

Conseguir por os resultados do Lloyds positivos foi um dos grandes objectivos colocados a Horta Osório. Mas nos primeiros resultados à frente do grupo (primeiro semestre de 2011), o banqueiro reportou um prejuízo de 2,3 mil milhões de libras (cerca de 2,7 mil milhões de euros), devido sobretudo à necessidade de reforço de provisões de crédito no valor de 3,2 mil milhões de libras(3,7 mil milhões de euros). Na entrevista ao Diário Económico, Horta Osório explicava que o "banco teve perdas depois de impostos, no ano passado, voltou a tê-las no primeiro trimestre, dado que perdeu em tribunal um assunto importante comum a todos os bancos ingleses, que foram obrigados a pagar dinheiro de volta aos seus clientes! Em resumo, é urgente tornar de novo o banco rentável e número um". No entanto, a elevada exposição à dívida irlandesa tem também sido um entrave para o banco que, desde o início do ano, já viu as acções desvalorizarem 56%”.

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