quinta-feira, novembro 24, 2011

País de paradoxos: popularidade do PSD sobe apesar das medidas de austeridade...

Segundo o Económico, num texto do jornalista Francisco Teixeira, "as intenções de voto no PSD cresceram 4 pontos percentuais entre os meses de Outubro e de Novembro, depois do Parlamento começar a discutir o mais duro Orçamento do Estado de que há memória. De acordo com o barómetro da Marktest para o Económico e a TSF, os social-democratas são mesmo o único partido que aumenta a sua base eleitoral, passando de 41,6% para 45,6%, enquanto o PS se mantém estanque nos 19,7%, bem abaixo do valor alcançado nas últimas eleições legislativas - 28,5%. O trabalho de campo da Marktest decorreu entre os dias 15 e 19 de Novembro, já depois da votação do OE/2012 na generalidade e já com a greve geral de hoje em pano de fundo. Entre os três partidos políticos mais pequenos a tendência é unânime e aponta para uma descida. A CDU é o que mais perde, passando de 10,5% para 7,9%, enquanto o CDS cai de 5,3% para 5%. O Bloco de Esquerda tem um recuo estatisticamente irrelevante, passando de 4,2% para 4,1%.

FICHA TÉCNICA

A sondagem da Marktest para o Diário Económico e TSF realizou-se nos dias 15 a 19 de Novembro para analisar as intenções de voto e a popularidade dos principais protagonistas políticos. O universo é a população de Portugal Continental com mais de 18 anos e que habite em residências com telefone fixo. A amostra, constituída por um total de 804 inquiridos, foi estratificada por regiões: 157 Grande Lisboa, 90 Grande Porto, 129 Litoral Centro, 157 Litoral Norte, 180 Interior Norte e 91 no Sul; 424 a mulheres e 380 a homens. 255 a indivíduos dos 18 aos 34 anos, 275 dos 35 aos 54 e 274 a mais de 54 anos. A escolha dos lares foi aleatória. Intervalo de confiança de 95%, e margem de erro de 3,46%. Indecisos redistribuídos de forma proporcional aos que declararam sentido de voto. Taxa de resposta 22,6%. Para Pedro Adão e Silva a disparidade entre os 45,4% do PSD e os 19,7% do PS reflectem a ideia de que "apesar da impopularidade das medidas do Governo, elas obedecem a uma lógica e os eleitores mobilizam-se quando há um discurso com sentido." Já quanto ao resultado dos socialistas, Adão e Silva diz que espelha a "desorientação estratégica do partido que tem como consequência o afastamento do eleitorado". O professor do ICS, António Costa Pinto, sublinha duas reflexões. "Uma fatia muito significativa da sociedade portuguesa continua a acreditar que não há alternativa política às medidas que têm sido anunciadas," o que, insiste o politólogo, leva os portugueses, "numa conjuntura de grande incerteza (nacional e internacional), a legitimar de forma muito significativa a grande aposta do Governo na austeridade." Para o gestor e comentador político, Pedro Marques Lopes, os portugueses estão a optar entre o conhecido e o desconhecido. "O PSD, concorde-se ou não, tem um caminho definido e os portugueses conhecem o rumo proposto," enquanto "do outro lado, o PS, infelizmente, não tem um rumo." Apesar de "ser muito crítico da política do Governo", diz Marques Lopes que "o PS neste momento não existe, o que faz de Cavaco Silva o líder da oposição". Por fim, Viriato Soromenho Marques resume numa frase todo o seu pensamento sobre esta sondagem: "As pessoas acreditam que pior do que um mau Governo é o desgoverno." Para este professor de filosofia política, os portugueses revelam um sentimento de que "estamos numa instabilidade tal e, sem alternativas - as eleições foram há pouco tempo e a margem de manobra é mínima - que há uma adesão ao Governo pelo valor da estabilidade, da segurança". Se olharmos para os resultados das últimas eleições legislativas, o centro-direita recua mas mantém sólida a maioria que conduziu à formação de um Governo de maioria absoluta com PSD e CDS. No entanto, insiste Pedro Adão e Silva, as sondagens deixam antever um problema interno na coligação: "Todos os meses fica claro que o CDS tem muito poucos incentivos para se manter coligado e chegará o dia em que se tornará um problema" porque "um partido pequeno, num contexto como o actual, é muito penalizado" pelas medidas duras que estão a ser impostas pelo Governo de que faz parte. Às perguntas da Marktest, 10% optaram pelo "voto branco/outros", 10,9% por "não voto", 21,1% "não sabe" e 8,9% "não responde".

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