terça-feira, fevereiro 21, 2012

Lembrando (II)

"Pelos vistos o Presidente do Marítimo sentiu-se incomodado, uma entrevista na RTP, com a passagem de um meu artigo de opinião publicado no JM, provavelmente devido a uma alusão à lamentável situação em que se encontra o Estádio dos Barreiros. Começo por recordar o que escrevi para que não subsistam dúvidas: “(...) Quanto custa por exemplo, a manutenção do Estádio dos Barreiros considerando também as despesas com eletricidade? O Marítimo fez essas contas antes de reivindicar os Barreiros para a sua posse? Dada a realidade financeira regional, e atendendo a que não acredito que o Marítimo tenha possibilidades de encontrar outros financiamentos, confirma-se a informação que me deram que seria possível concluir as obras no Estádio com 2,5 a 3 milhões e euros (o material necessário está todo num estaleiro de uma empresa de construção), mas que o clube ainda não suspendeu o projeto da bancada central, orçado em 20 milhões de euros, e que o Marítimo sabe constituir neste momento uma utopia? Será que aquela situação deprimente que o Estádio dos Barreiros dá da Região (e do Marítimo) uma péssima imagem (televisiva) não poderia ser resolvida, sem a estranha insistência em megalomanias?”.
Uma nota preliminar, desde logo. E que tem a ver com a necessidade do Presidente do Marítimo saber ler (CP não viu a interrogação?) antes de comentar seja o que for. No texto em causa – do qual não retiro uma vírgula que seja - perguntei (não afirmei) se se “confirma a informação que me deram que seria possível concluir as obras no Estádio com 2,5 a 3 milhões e euros”. Repito, mantenho tudo o que escrevi, porque foi essa a informação que procurei obter - para elucidar o Presidente do Marítimo não sou dado a encomendas ao contrário de outras personagens sinistras que por aí andam… - junto de uma pessoa que considero conhecedora de todo este processo mal contado das obras do novo Estádio do Marítimo e tecnicamente habilitada. Mais que o Presidente do Marítimo que tem razão numa coisa: não percebo nada de engenharia, nem de Estádios, nem de obras, nem de revisões de preços, nem de concursos, nem de adjudicações, nem quero perceber. Não me interessa para nada. Também não quero perceber do resto, de tudo o que o Presidente do Marítimo saiba ou diz alegadamente saber, até de aspectos que resultam do cargo que exerce no clube. Não tenho nada a ver com isso. Estamos esclarecidos? Mais do que perder tempo com os Barreiros – quero lá saber o que vai acontecer ou o que vão fazer - importa-me sim saber, e aos cidadãos, se as infraestruturas desportivas funcionam, se há dinheiro para pagar os custos com a sua manutenção, se as nossas crianças e os jovens têm água quente nos balneários, se a saúde tem os recursos essenciais para corresponder a um acentuado aumento da procura ou se as escolas funcionam com todos os recursos necessários, incluindo propiciar refeições aos alunos e ter dinheiro para comprar coisas banais. Repito, quero lá saber como vai o Marítimo resolver o seu problema com o Estádio dos Barreiros!
A segunda questão é de princípio.
Estou-me borrifando para este assunto. Ficamos entendidos? E duvido que Carlos Pereira, apesar de julgar que sabe de tudo, seja um entendido até nos assuntos que diz perceber. Dos que me interessam, desses de certeza que não percebe patavina. Por isso fique longe, bem longe, dessas matérias que não lhe dizem respeito e das quais não percebe nada. Se a causa do incómodo teve a ver com a outra questão que abordei, então para clarificarmos - até porque comigo não há conversas da treta nem mediocridades – é ou não factual que foi abordada a eventualidade de uma elevada verba relativa a encargos com a manutenção do Estádio dos Barreiros, ser assumida pelo Governo Regional, o que por este foi recusado? Acho piroso, até pelo ridículo, intitular-se de “mecenas” do Marítimo quando sabe, melhor do que eu, que não é coisa nenhuma. Servir de fiador de um clube – como outros o fazem a instituições, empresas ou familiares – ou adiantar verbas para depois as recuperar, como é natural, não é sinónimo de mecenas coisa nenhuma. Não vamos por aí. Porque não quero ultrapassar os limites que imponho a mim próprio neste tipo de controvérsias que não me interessam rigorosamente para nada. Não conte comigo para peixeiradas.
Quanto aos factos.
Reconheço que Carlos Pereira, bem vistas as coisas, também tem razão noutra perspectiva: aquele monte de cimento deverá continuar assim! Porquê? Não o escrevi naquele artigo, mas faço-o agora, porque é impossível qualquer solução que nada têm a ver com as acções judiciais já desencadeadas e com outras que parece não tardarão a ser implementadas: o concurso para esta empreitada foi feito considerando toda a obra e não parcelas da obra. O Marítimo já terá gasto, ao que dizem, entre 15 a 17 milhões na estrutura do estádio já intervencionada (antigo peão e entrada norte) - desconheço desse valor quanto pagou às empresas envolvidas. Para que sejam concluídas as obras na estrutura já alvo de intervenção (e que estão paralisadas), seriam necessários até 3 milhões de euros, dado que todo o equipamento e demais material necessário, está depositado no estaleiro de uma daquelas construtoras. O Presidente do Marítimo saberá melhor do que ninguém se estamos ou não parente uma solução realizável, tendo por base acordos que neste momento me parecem impossíveis de conseguir. Tal como sabe, melhor que eu, que para as obras remanescentes (a central e duas laterais) serão necessários mais de 20 milhões de euros. Caso assim não seja, desminta, que reconhecerei o erro, e deixe de andar com insinuações parvas ou mesquinhices à sua imagem, baixando de nível o discurso quando lhe falta a inteligência de argumentos plausíveis Mas faça-o com documentos, devidamente discriminados (presumo que os terá, quer destas despesas, quer de muitas outras despesas do clube), identificado as rubricas do orçamento para as obras do Estádio e que consta do projecto entregue e aprovado (a adjudicação ascendeu a cerca de 49 milhões de euros, valor que hoje está ultrapassado em muito)
Rafeiradas, ordinarices e outras idiotices são coisas que me repugnam. Não desço a esse nível. Por isso acho de bom senso recusar alinhar pelo diapasão do Presidente do Marítimo, na certeza de que quanto menos abrirmos a boca, menos asneiras serão ditas. Não sou eu que tenho que esclarecer estes factos sobre os quais muita gente fala. Destes e de muitas outras coisas relacionada com o clube e que a magnifica época futebolística tem adiado. Referi-me a uma situação em concreto que me foi dada a conhecer por quem sabe do que fala, na perspectiva de ser possível ultrapassar aquela triste imagem que damos de nós próprios, sobretudo via televisão. Não há mais alternativas: ou confirma ou desmente, repito, factual e documentalmente suportado. Nada mais. Deixe o resto da conversa para outras discussões, obviamente sem que eu nelas me envolva porque me recuso a isso. Era o que me faltava..." (JM, 20 de Fevereiro)

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