quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Ponto de ordem

Quem me conhece, sabe que me furto a polémicas públicas, porque acho que elas não resolvem os problemas, não dignificam ninguém e, regra geral, acabam por conduzir o(s) interveniente(s) para caminhos excessivos de desespero, reveladores de muita coisa, sobretudo da falta de argumentação e de dignidade e também de insatisfação ou incómodo. Já escrevi o que tinha a escrever. Não se trata de nenhuma maquiavélica orquestração contra quem quer que seja. Tratou-se de procurar encontrar soluções para um cenário relativamente ao qual muitos ainda não perceberam ser inevitável. Não me vanglorio nem dos sucessos nem com a desgraça alheia, pelo contrário. A minha perspectiva foi a de procurar eventuais soluções que, pelos vistos, não existem. Por isso não volto ao tema, não por temer seja o que (e quem) for, mas por constatar que existe um impasse do qual muito dificilmente haverá saída plausível. O que lamento, isso sim, depois de quase 30 anos ligados ao jornalismo, é que pensava que neste pequeno sector de actividade profissional, as pessoas se conheciam melhor umas às outras, que respeitavam mais, imponham a si próprias regras de conduta e que recusam ser cúmplices de procedimentos absolutamente indignos, sem que isso tenha alguma coisa a ver com autocensura ou qualquer outro constrangimento. Essa ideia, erradamente assumida, desfez-se, porque percebi que há valores mais altos, bem mais elevados, que justificam tudo, inclusive a memória curta perante graves acontecimentos recentes, sobre os quais tudo foi feito. Porque me esqueço que os interesses comerciais, compreensivelmente, se sobrepõem até aos princípios.

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