domingo, julho 15, 2012

Banqueiros espanhóis pedem perdão aos clientes

Li no Jornal de Negócios: "Pedimos perdão pelo erro de termos comercializado acções preferenciais junto dos nossos clientes particulares sem conhecimentos financeiros suficientes". A frase consta dos anúncios publicitários que o presidente não executivo e o CEO do Novagalicia Banco fazem publicar na imprensa espanhola. Pedir desculpa “pelo que foi feito de errado na etapa anterior”. É este o objectivo do anúncio que o Novagalicia Banco publica hoje nos jornais espanhóis e que o “El País” cita (ver imagem do jornal espanhol). Em causa está, sobretudo, o facto de, durante a gestão anterior, o banco ter comercializado acções preferenciais junto dos seus clientes que agora se arriscam a perderem o valor investido e a não receberem dividendos por estas aplicações. Vários destes “investidores” são analfabetos, deficientes e menores de idade, recorda o jornal. “Pedimos perdão pelo erro de termos comercializado acções preferenciais junto dos nossos clientes particulares sem conhecimentos financeiros suficientes”, subscrevem o presidente não executivo e o CEO da instituição, José María Castellano e César González-Bueno, respectivamente. Ambos assumiram a gestão da instituição depois da sua nacionalização em Setembro do ano passado, já depois de terem sido cometidos os “erros” que motivam o pedido de desculpas público. “Estamos a dedicar todo o nosso empenho em resolver as situações injustas criadas pelas acções preferenciais. Colaboramos com a justiça para solucionar os prejuízos resultantes da situação anterior”, penitenciam-se os dois banqueiros. Castellano e González-Bueno perdem ainda perdão pelas indemnizações milionárias que foram pagas aos anteriores gestores do Novagalicia Banco e pelos investimentos “pouco prudentes” feitos pelos seus antecessores, como operações ruinosas com a imobiliária Astroc ou a compra de uma ilha. Os anteriores responsáveis da instituição que resultou da fusão das “cajas de ahorros” de A Coruña, liderada por José Luis Méndez, e de Vigo, presidida por Julio Fernández Gayoso, estiveram décadas à frente destas entidades. Fizeram investimentos ruinosos no negócio imobiliário, que deixaram o banco com 12 mil imóveis em carteira, e investiram em escritórios em vários pontos do mundo, escreve o “El País”. Por causa das perdas geradas por esta gestão, o banco já necessitou de 3.627 milhões de euros de fundos públicos e precisa de mais 6.000 a 7.000 milhões a financiar pelo resgate europeu à banca espanhola. “Estas desculpas não são apenas palavras para melhorar o estado de ânimo de muitas famílias. São uma responsabilidade. Garantimos que não voltará a acontecer nada de semelhante”, sublinham os dois banqueiros que apelam ainda à renovação da confiança dos clientes na instituição. “Estamos em pleno processo de capitalização, as ajudas públicas que estão em curso dão-nos uma garantia de futuro e solvabilidade. Não há dúvidas de que o Novagalicia Banco oferece hoje a poupança mais segura”, defendem. Os responsáveis da instituição alertam ainda que esta “é a última oportunidade” para a Galiza ter o seu próprio banco, até porque a alternativa à reestruturação é a liquidação do banco em hasta pública, como já aconteceu com a Catalunya Caixa. “Ninguém disse que vai ser fácil”, avisam”.

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