terça-feira, setembro 25, 2012

Bancos resgatados não estão a ser geridos com maior prudência

Escreve a jornalista do Jornal de Negócios, Eva Gaspar, que “um estudo do BIS comparou bancos que receberam ajudas estatais com a concorrência que dispensou o apoio dos contribuintes. Chegou à conclusão de que o risco assumido pelos resgatados até está a ser maior. A noção de que a intervenção do Estado tem, por contrapartida, uma gestão mais prudente, não colhe. Entre Outubro de 2008 e Outubro de 2011, a Comissão Europeia aprovou 4,5 biliões de euros em medidas de auxílio estatal a instituições financeiras. A injecção, equivalente a quase 40% do PIB da União Europeia, permitiu evitar o colapso do sistema bancário e perturbações económicas mais dramáticas, mas, no reverso da medalha, impôs aos contribuintes um agravamento das finanças públicas, nalguns casos também dramático (Irlanda é o exemplo melhor acabado). Uma das contrapartidas da ajuda estatal era a obrigação de uma gestão mais prudente por parte dos bancos resgatados. E isso está a acontecer? Não. Até pelo contrário. A conclusão é do Banco Internacional de Pagamento (BIS, na sigla inglês) que usou um universo de 87 grandes bancos internacionalmente activos : 40 resgatados e 47 não-resgatados, não identificando nomes nem origem. A avaliação recaiu sobre a concessão de novos empréstimos sindicados (em que há uma instituição financeira a dirigir uma operação de crédito em que participam outros bancos). Não obstante o âmbito da análise ser reduzido (os empréstimos sindicados representam 18% das operações deste universo), o BIS acredita que fornece boas indicações sobre o risco assumido pelos bancos na globalidade das operações, mais fiéis até do que as reflectidas pelos CDS e “ratings”. "Na verdade – conclui o BIS - os nossos resultados sugerem que o risco relativo dos empréstimos aumentou” e que existe “uma atitude mais relaxada em relação ao risco por parte dos bancos resgatados”. O BIS refere, porém, que estes resultados não são surpreendentes, sendo consistentes com a literatura sobre o efeito real ou esperado do apoio do Estado. Porquê? Porque os “incentivos para que os bancos resgatados controlem mais os riscos podem ser distorcidos pela garantia implícita ao próprio resgate”. Paradoxalmente, bancos que tiveram de ser ajudados (em boa parte dos casos) por excessiva exposição ao risco, uma vez resgatados sentem-se mais seguros e, por tal, prosseguem com práticas que revelam menor aversão ao risco, o que aumenta a probabilidade de novos resgates”.