terça-feira, setembro 25, 2012

Padre Weber Machado: “Há muitos açorianos com fome a viver em casas douradas: “Se existisse justiça distributiva na Região, não tínhamos chegado a esta falta de coesão brutal que existe nos Açores”

Segundo o Correio dos Açores, “o Padre Weber Machado, ex-reponsável da Cáritas e da Comissão de Justiça e Paz da Diocese, não deixa de acompanhar os graves problemas sociais que, de dia para dia, se vão agravando nos Açores, envolvendo-se numa rede que procura ajudar aqueles que mais necessitam. Em entrevista ao ‘Correio dos Açores’ afirma que o governo açoriano tem vindo a construir estruturas douradas para gente com fome. Sublinha que o executivo regional fez “o mais fácil” em termos sociais mas não consegue tirar a Região da situação de ter o maior número per capita de pobres em Portugal que, já de si, é o campeão das desigualdades. Weber Machado constacta que, nos Açores, há mais pobres em condições de maior pobreza e menos ricos com mais riqueza. E acusa os ricos de não serem tão solidários como deveriam ser no arquipélago
- Correio dos Açores - A sociedade açoriana vive dias muito difíceis…
- Padre Weber Machado - A sociedade açoriana vive, de facto, dias muito difíceis. O desemprego atinge já muitas famílias e é um drama tremendo. É a falta de crédito e é também as opções de investimento feitas pelo governo que são muito discutíveis. Estou a falar, por exemplo, das Scuts, sobretudo daquele troço que vai dos Barreiros até á Lomba da Fazenda que se poderia fazer com uma taxa de esforço financeiro muito menor. Outro exemplo são as quatro faixas de rodagem entre a Lagoa e a Ribeira Grande. Os técnicos dizem que têm uma capacidade para cinco mil carros por hora. E esta quantidade, talvez, não se atinja num mês. São decisões que se tomam sem pensar muito no todo. Há uma visão um pouco paroquial de muitos problemas. É, por exemplo, o luxo de certas escolas que foram construídas em Água de Pau e em Ponta Garça. São escolas douradas e estes luxos custam muito dinheiro.
Mas o que interessava que funcionasse bem, que conseguisse alcançar a medalha de prata, é o sistema educativo. E continuamos a ser a Região do país com maior insucesso escolar. O absentismo escolar está a ser um pouco resolvido através da reinserção social. No tempo do Rendimento Mínimo Garantido não havia obrigações nenhumas. Agora, com o Rendimento de Inserção Social há obrigações e uma delas é mandar os filhos para a escola sob pena de cortarem o subsídio. Não é, propriamente, uma mentalidade que mudou. É uma imposição que começou a existir” (leia aqui toda a entrevista no Correio dos Açores)