"A liberdade de expressão é um dos valores mais caros à democracia. Deve ser preservada de todas as maneiras, principalmente através da prevenção que deve ser feita a toda e qualquer manobra imaginativa que vise coarctar o direito de cada cidadão poder exprimir-se em liberdade.
Estes são os lugares comuns, que todos aceitamos sem pestanejar, e que definem os princípios da liberdade de expressão.
Depois, quando se começa a esmiuçar a questão, de preferência confrontando as práticas do nosso dia-a-dia, começam a assaltar-nos as dúvidas. E acontecem os pequenos choques. Se a tudo isto juntarmos as novas realidades, as vantagens e os perigos das redes sociais, o alargamento das plataformas e dos fóruns onde é possível dar largas à liberdade de expressão, então acabamos por confrontar-nos com dúvidas para as quais não temos respostas definitivas.
Parece óbvio que, nesta matéria, ninguém deve ter mais direitos que outros. O que certamente acontece é o público – leitores, ouvintes, telespectadores, cibernautas, etc. – definir o grau de credibilidade e de confiança que atribui a cada opinião emitida. Para essa definição, creio ser essencial a forma como o ‘opinador/comentador’ se apresenta, designadamente se se identifica – o seu nome e os seus interesses na matéria comentada – ou se se esconde atrás de nomes falsos ou de identificações que vão dar a lugar nenhum.
Na minha perspectiva, mais importante que a opinião/comentário propriamente dito(a), é a forma como cada um justifica a sua legitimidade para tecê-la(o).Triste é alegarmos a liberdade de expressão para violar outras liberdades, nomeadamente as liberdades dos outros. E a parte reconfortante é termos a liberdade, sempre, de avaliarmos a importância que queremos dar ao que lemos, ouvimos ou escutamos" (texto de Agostinho Silva, DN do Funchal, coma devida vénia)