quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Açores: vice-presidente do Governo diz que a estrutura produtiva regional enfrenta vários desafios"

Segundo o Correio dos Açores, "o Vice-Presidente do Governo dos Açores afirmou este fim-de-semana em Angra do Heroísmo, que a estrutura produtiva da Região enfrenta, no actual quadro na Europa, “oito desafios fundamentais”. Sérgio Ávila, que falava no encerramento da conferência “Açores – Preparar o Futuro”, organizada pela Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, salientou que as opções de política monetária tomadas por Bruxelas são responsáveis pela recessão europeia, mais acentuada em países de menor dimensão, como é o caso de Portugal. O primeiro dos desafios que se colocam à Região é a necessidade de a produção conseguir somar “mais valor acrescentado”, para que “cada uma das empresas incorpore mais valor”.
Paralelamente, Ávila considerou ser fundamental “qualificar a estrutura produtiva” da Região, de forma a potenciar o aproveitamento “de recursos humanos mais qualificados” que já existem. O “equilíbrio sério, rigoroso e transparente na gestão das expectativas” é outro dos desafios referidos pelo Vice-Presidente, que acrescentou ser muito importante em qualquer retoma “uma maior confiança, uma maior esperança”, baseadas “sempre no rigor e na verdade”. Outro aspecto destacado por Sérgio Ávila é a necessidade de “mudança de paradigma da estrutura produtiva regional”, frisando que o crescimento não pode ser esperado com a procura interna, mas com um incremento das exportações. Nesse sentido, incentivou os empresários açorianos a procurarem activamente novos mercados. Para suportar estas premissas, Sérgio Ávila indicou 11 eixos que considerou necessários para o futuro próximo da economia regional, o primeiro dos quais passa por “um novo sistema de incentivos, que apoie as empresas na competitividade externa”. O Vice-Presidente também destacou a importância de se desenvolver “efectivamente uma política de fomento das exportações”, com incentivos à promoção e linhas de crédito para apoiar a exportação, entre outros aspectos. A introdução de capital de risco e sistemas e fundos de reestruturação financeira nas empresas com claro potencial exportador foi outra das medidas apontadas, bem como a canalização de apoios para a inovação e para o “verdadeiro empreendedorismo”. Disponibilizar incentivos para as empresas empregarem colaboradores mais qualificados, a reabilitação urbana “assumida como um desígnio estratégico” e o apoio à consultadoria empresarial são outros dos 11 eixos que Sérgio Ávila apontou.
Estamos condicionados desde 2008
O Vice-Presidente do Governo dos Açores afirmou também que os “momentos de grande indefinição” que se vivem na União Europeia, aliados a “momentos de indefinição” em Portugal, que poderão ser de “viragem em termos de estratégia para o desenvolvimento”, condicionam “de forma muito decisiva aquilo que será o futuro” dos Açores, recordando que estamos condicionados, desde 2008, “por uma realidade que tudo mudou e que pôs em causa aquilo que era um modelo de desenvolvimento europeu”. O Vice-Presidente salientou que, “em setembro de 2012, tudo voltou a mudar”, referindo-se à nova atitude do Banco Central Europeu (BCE) quanto aos modelos de resgate preconizados para os países mais frágeis (Irlanda, Portugal e Grécia). No Verão passado, referiu Sérgio Ávila, a Espanha e a Itália recusaram modelos de resgate semelhantes a estes três países “não por terem mais coragem para o fazer, mas porque sabiam que podiam dizer não”, o que levou a uma mudança de paradigma na abordagem deste problema. Para Sérgio Ávila, a força da recusa de Espanha e Itália residiu na certeza de que, se fosse imposta “a mesma receita” a estes países que aos outros de menor dimensão, “o próprio sistema europeu iria necessariamente colapsar”. O Vice-Presidente frisou, no entanto, que não se pode “construir verdadeiramente” uma União Europeia e uma união monetária assente numa moeda única “se a Europa não tiver os mesmos instrumentos para proteger a sua moeda” que têm os Estados Unidos e a China. “O que nos aconteceu a todos nesta crise internacional foi termos uma moeda única que representava riscos substancialmente diferentes em cada país”, sublinhou".