sexta-feira, junho 21, 2013

Brasil: Onda de despedimentos em jornais e televisões


Li no DN deLisboa que "uma onda de rescisões de jornalistas e artistas está a ocorrer no Brasil. A mais relevante foi a da TV Record, que, aproveitando- se do fim de algumas novelas, afastou cerca de 400 pessoas, sobretudo atores. Também foi muito comentada a dispensa de 20 jornalistas pelo Valor, principal jornal económico do país, que pertence em partes iguais aos grupos Folha de São Paulo e Globo. Houve demissões também na MTV brasileira, que acabou com diversos programas, o que a levou também a afastar jornalistas e artistas. Em abril, o jornal O Estado de São Paulo despediu 31 jornalistas e a Folha de São Paulo confirmou a saída de 24 jornalistas, entre as quais Danuza Leão, que durante décadas foi colunista social de importantes publicações. Entretanto, a Editora Abril ainda não confirma, mas há insistentes informações de que a revista Playboy irá fechar no Brasil.
Um sítio da Internet chamado Agência Pública – que, apesar do nome, é uma empresa privada – revelou que, de março a maio deste ano, houve, apenas em São Paulo, 280 despedimentos de jornalistas, número que é 37,9% superior ao de igual período do ano passado. A mesma fonte afirma que há indícios de rescisões no jornal Brasil Econômico – que tem participação da portuguesa Ongoing – e na revista Caros Amigos, além do jornal A Tribuna, de São Paulo.
“O panorama mostra que 2013 será pior do que 2012 em relação a emprego para jornalistas”, afirma a Agência Pública. Cita que, em alguns casos, as empresas alegam que a economia brasileira está a crescer lentamente – apenas 0,6% no primeiro trimestre do ano – e outras companhias afirmam que, graças ao uso de mais tecnologia, podem libertar mão-de-obra sem perda de qualidade dos produtos. Paulo Totti, que tem quase 60 anos de carreira no jornalismo e acaba de ser despedido de Valor, afirmou que, no seu caso, é fácil para as empresas afastarem profissionais mais conhecidos – ele venceu o principal prémio brasileiro no sector, o Esso, em 2006 – e colocarem no seu lugar profissionais recém- licenciados, de salário incomparavelmente inferior.
Na Folha de São Paulo – líder de vendas no país – a responsável pela ética e qualidade do jornal, Suzana Singer, transmitiu a informação da direção de que “as redações do futuro deverão ser cada vez mais pequenas, assim como o produto impresso”. Na Editora Abril, líder no sector de revistas, após a morte do presidente, Roberto Civita, a 26 de maio, houve um afastamento de seis diretores e circula a informação de que haverá cortes em diversas revistas, porque está prevista uma reformulação ampla. Segundo Paulo Zocchi, diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, o ambiente na Abril é de intranquilidade, diante da iminência de novos cortes, em número que pode superar uma centena. O ex- presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Audálio Dantas, afirma que o mercado será sempre mau porque é muito concentrado, isto porque, ao contrário de outros países, no Brasil um mesmo grupo pode controlar diversos media na mesma região e, assim, pode usar menos gente: “O profissional faz o trabalho para o veículo impresso, a empresa faz uma adaptação do mesmo texto e o trabalho de um profissional é aproveitado em quatro meios.” O deputado Fernando Ferro, do Partido dos Trabalhadores ( PT), afirma que não se quer acabar com a liberdade de imprensa, mas impedir que alguns donos de jornais, revistas e TV “controlem um número exagerado de meios e, de certa forma, disponham de poder demasiado elevado em relação à opinião pública” e, assim, tenham condições de encurralar o Governo. As empresas alegam crise, mas, no seu site, a Associação Nacional dos Jornais ( ANJ) divulga uma mensagem otimista: “A publicidade em jornais brasileiros deve aumentar 5% em 2013”, informa. Segundo a revista Meio & Mensagem, especializada em analisar a imprensa, a receita dos jornais com publicidade está a subir, entre 2012 e 2013"