Escreve o Sol:
"A situação é, no mínimo, insólita. A lista de candidatos do PSD à
freguesia de Alcântara, em Lisboa, tem como número um Isabel Leal Faria, actual
presidente da Junta e denunciante de um crime de peculato (desvio de dinheiro)
que aí terá ocorrido. E o número dois da lista – o ex-líder da JSD, Jorge Nuno
Sá – é o acusado desse crime. O presidente da
concelhia de Lisboa do PSD desconhecia o caso. Ao SOL, Mauro Xavier diz que “a
Justiça deve seguir o seu curso e, se houver uma condenação, por certo o
candidato saberá renunciar ao cargo”. O SOL tentou falar com a denunciante e o
acusado, sem sucesso. Jorge Nuno Sá foi
este mês acusado pelo Ministério Público (MP) de desviar em proveito próprio 13
mil euros pertencentes a um programa de apoio social às escolas básicas de
Santo Amaro e Raul Lino. O ex-líder da JSD geria o denominado programa da
Componente de Apoio à Família.
“O arguido, desde
Outubro de 2010, passou a canalizar para si as receitas das Componentes de
Apoio à Família entregues na tesouraria da Junta (...), a pretexto de efectuar
pagamentos de aquisição de materiais e pagamentos ao pessoal de limpeza” –
afirma-se no despacho de acusação do MP. As funcionárias
da tesouraria entregavam a Nuno de Sá os envelopes fechados que estavam no
cofre: “Acedendo o arguido, deste modo, às verbas em numerário geradas pelos
pais dos alunos, o mesmo, encontrando-se a vivenciar um contexto pessoal de
dificuldades financeiras (...), decidiu fazer sua (...) parte das receitas”.
Entre Outubro de 2010 e Fevereiro de 2011 “o arguido fez sua a quantia
monetária, em numerário, de cerca de 13.104,35 euros”, acusa o MP. O despacho
termina com a consideração de que “a actuação do arguido (...) reveste-se, em
concreto, de uma gravidade incompatível com o exercício de funções públicas”.