terça-feira, outubro 29, 2013

Estado tem que arranjar 72,5 mil milhões nos próximos dois anos



Segundo o Expresso, num texto do jornalista João Silvestre, as “contas do FMI colocam Portugal entre os países com maiores necessidades de financiamento. Crescimento fraco e subida mais rápida dos juros são os maiores riscos potenciais. As contas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas hoje apontam para necessidades de financiamento do Estado de 72,5 mil milhões de euros, em 2014 e 2015. De acordo com o relatório Fiscal Monitor, que o Fundo publica duas vezes por ano para analisar a situação orçamental dos países, Portugal tem que se financiar em 22,1% do PIB no próximo ano e em 20,5% do PIB em 2015 para amortizar a dívida que vence nestes dois anos e pagar os défices orçamentais. Entre as economias avançadas analisadas pelo FMI apenas quatro países - Japão, Itália, EUA e Grécia - tem maiores necessidades de financiamento nos próximos dois anos (em percentagem do PIB). Neste momento, de acordo com os últimos dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), já está totalmente assegurado o financiamento de 2013 e começou a ser pré-financiado 2014, faltando apenas 8,2 mil milhões de euros que terão que vir de emissões de Obrigações do Tesouro. Estas contas do IGCP são feitas no pressuposto que os Bilhetes do Tesouro (BT) são refinanciados por novos instrumentos semelhantes, enquanto o FMI inclui estes instrumentos de dívida de curto prazo nas suas necessidades de financiamento estimadas. Assim, enquanto o IGCP estima necessidades totais de 39,5 mil milhões nos próximos dois anos, o FMI aponta para quase o dobro e o grosso da diferença está precisamente nos BT cujo volume ronda atualmente 20,7 mil milhões. O Fiscal Monitor coloca Portugal como um dos países avançados mais vulneráveis em termos orçamentais. Apenas quatro outras economias (Bélgica, Grécia, Japão e EUA) estiveram sempre no 'vermelho' em termos de indicadores de vulnerabilidade desde 2009. No caso português, os dois fatores mais preocupantes são precisamente as necessidades de financiamento anuais e o volume de dívida bruta. Como potenciais riscos, os técnicos do Fundo destacam a possibilidade de o crescimento económico ser inferior ao esperado e as taxas de juro evoluírem de forma desfavorável”.