terça-feira, maio 26, 2015

Vítor Oliveira. O homem dos sete ofícios (e oito subidas à 1.ª divisão)

"Pela terceira época seguida (Arouca 2013, Moreirense 2014 e  U. Madeira 2015), o treinador sobe mas rejeita acompanhar o clube. Terça-feira, 17 de Novembro de 1953.  É uma data memorável. Para Matosinhos e também para o país. É o dia em que nasce um tal Vítor Manuel Oliveira, homem dos sete ofícios (e oito subidas à 1.a divisão). Calma lá, de Novembro de 1953 até hoje distam 61 anos. O que faz Vítor Oliveira nesse hiato de tempo? Diverte-se a jogar futebol. Entra no clube da terra (Leixões) e faz lá toda a formação como médio. Em 1972 sobe a sénior e é lançado às feras por António Teixeira. A estreia é na Luz a 9 de Setembro. O Benfica de Eusébio (hat-trick), Artur Jorge (bis) e Nené enchem-lhe as medidas (6-0). Na jornada seguinte, o Leixões joga em casa e aí é outra história, com 1-0 ao Atlético. E quem marca? Um jovem chamado Vítor. Esse mesmo, o Oliveira. É o primeiro dos 17 golos na 1.a divisão, dois deles ao Porto, num total de 208 jogos distribuídos por cinco clubes. Sim senhor, já aí Vítor Oliveira dá ares de nómada. Além de Leixões, Famalicão, Espinho, Braga e Portimonense. Em todos eles deixa a sua marca com golos.
Aos 31 anos pendura as chuteiras e faz--se treinador. Precisamente em Portimão. E logo na 1.a divisão, com Taça UEFA à mistura. Entra a ganhar 2-1 ao Braga de Calisto, golos dos inesquecíveis Alhinho e Cadorin. Segue-se o 1-0 ao Partizan. Seria eliminado em Belgrado (4-0), mas acaba o campeonato em sétimo lugar. Continua no Algarve mais um ano até aceitar o convite do Maia, na 3.a divisão. Pois, esquecemo-nos de avisar: Vítor é daqueles que gosta de desafios. Daí que prefira jogar ao ataque para subir do que defender para evitar despromoções. Por isso mesmo, Vítor colecciona oito subidas de divisão: Paços 1991 (campeão), Académica 1997, U. Leiria 1998 (campeão), Belenenses 1999, Leixões 2007 (campeão), Arouca 2013, Moreirense 2014 e U. Madeira 2015. Pois é, três subidas nos últimos três anos. Craque.
E o futuro? “Aos 61 anos já não tenho ilusões de chegar a um grande clube. Aceito convites de clubes que tenham credibilidade. De um clube que tenha credibilidade e que mereça essa credibilidade e respeito. Seja de primeira ou de segunda. Na 2.a Liga terá sempre de ser um projecto de subida; na primeira, um sólido. Às vezes é melhor estar na segunda a jogar para subir do que estar na primeira a perder e a desgastar-se. Nessas duas propostas, acho que prefiro uma equipa da segunda. Não fecho portas a ninguém. Nunca o fiz. Aceito conversas. Não ando à procura de uma equipa grande. Vou ver o que aparece e vou decidir. Gosto de futebol e de treinar, independentemente de ser na primeira ou na segunda. Bom mesmo, como disse aos jogadores, era estar na 1.a.”
E porquê? “Não há projectos no futebol português. Só há uma equipa que o tem e de forma sólida, que é o Benfica, que tem mantido o seu treinador. O Porto está a ir por esse caminho, o Sporting é o que temos visto. Nos outros, é um disfarce. Ao fim de três derrotas, vê-se.” Já sabe: se quiser subir à 1.a em 2016, é só chamar Vítor Oliveira. Ele vive em Matosinhos" (texto do jornalista do Jornal I, Miguel Tovar, com a devida vénia)

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