segunda-feira, agosto 03, 2015

A aldrabice da corja de mentirosos: 509 mil desempregados não entram nas contas oficias, a taxa seria de 22%

"A verdade dos factos comprova que, face a junho de 2011, houve uma redução efetiva do número absoluto de desempregados em Portugal". A afirmação, do final da semana passada, foi de Marco António Costa, porta-voz do PSD, depois de o Instituto Nacional Estatística (INE) ter divulgado estimativas provisórias do desemprego relativas a junho. De facto, o número de desempregados baixou de 675 mil no segundo trimestre de 2011 para 636,4 mil em junho de 2015. Mas o número de inativos disponíveis e de subempregados a tempo parcial, não contabilizados no desemprego oficial, disparou mais de 70% desde 2011 até este ano. No primeiro trimestre, havia 508 800 pessoas numa destas duas situações.
Os números são destacados por Eugénio Rosa, economista da CTGP, no seu último estudo, onde salienta que "a redução do desemprego oficial tem sido conseguida através do aumento significativo do número de desempregados que não são considerados nos números oficias de desemprego". Ao todo, no final de março deste ano, havia 256,8 mil inativos disponíveis (desempregados que não procuraram emprego no período em que foi feito o inquérito do INE) e 252 mil trabalhadores em subemprego (aqueles que pretendem ter trabalho a tempo completo mas, como não conseguem, aceitam trabalho a tempo parcial). Somando estes aos 636,4 mil desempregados oficiais (número ainda provisório, relativo a junho), o total de desempregados ultrapassaria os 1,145 milhões. A taxa de desemprego passaria de 12,4% para 22%.
"O que isto demonstra, se analisarmos os desempregados com subsídio e somarmos a esses os desempregados sem subsídio, os inativos e subempregados, é que temos mais de 10% da população em crise. Além de que, entre os de-sempregados, não contam os que estão a fazer cursos de formação e estágios", comenta a economista Mariana Abrantes de Sousa.
Para Francisco Madelino, antigo presidente do IEFP, há duas razões para que os inativos e subempregados tenham aumentado tanto. "O desemprego de longa duração disparou. Como as pessoas não têm emprego há muito tempo, não têm subsídio de desemprego; como não têm subsídio de desemprego, não estão sujeitos a processos de procura de emprego e não têm expectativa de encontrar emprego", aponta. Por outro lado, "as pessoas que estão em situação muito complicada aceitam trabalhar poucas horas" e muito desse subemprego "também está associado a políticas ativas de emprego, em que as pessoas estão em formações que duram poucas horas" e que, na prática, "nem sequer são empregos".
Já João Carlos Cerejeira, professor da Universidade do Minho, salienta que, mais do que analisar o desemprego, importa conhecer evolução do emprego. "O desemprego tem caído mais rápido do que a subida do emprego", pelo que "uma parte muito significativa da transição do desemprego é para a inatividade ou para a emigração". Aliás, sublinha, "os números do emprego ainda estão a níveis de junho de 2012, enquanto a taxa de desemprego está a níveis de junho de 2011". Ainda que haja "uma ligeira melhoria a nível do emprego", a verdade é que "houve uma quebra à volta de 500 mil postos de trabalho" entre 2011 e 2015, "uma redução brutal, tendo em conta a dimensão da população ativa portuguesa", salienta. Por isso, "dizer que os níveis do emprego estão a níveis pré-crise não é verdadeiro, estamos muito longe desses valores", conclui" (Dinheiro Vivo)

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