terça-feira, outubro 13, 2015

Mania de escrever: As palermices da treta da Coligação Passos-CDS

Que esta coligação está entalada e que vai continuar entalada caso, por milagre, assuma o poder e a governação do país, depois de ter sido derrotada nos seus propósitos eleitorais no passado dia 4 de Outubro, já ninguém tem dúvidas quanto a isso.
O que é patético, diria mesmo ridículo, é que esta coligação, que andou meses a fazer propaganda eleitoralista, empenhou-se numa descarada caça ao voto que lhe valeu transformar uma derrota quase certa numa vitória tangencial e minúscula, devia ter estudado - e se não o fez foi ridículo - vários cenários, particularmente este com que agora se confronta, o de obter uma minoria dos deputados contrastando com uma maioria absoluta de deputados por parte dos partidos da esquerda.
O grande erro da coligação, penso eu, apesar dos estudos de mercado realizados em permanência - como foi publicamente reconhecido por um dos responsáveis pela campanha - foi o de ter desvalorizado o que provavelmente nunca fez parte das "contabilidades" eleitorais do PSD e do CDS. Refiro-me à votação do Bloco, surpreendentemente expressa na conquista de mais de 500 mil votos e em 19 mandatos. Isto não estava no horizonte de ninguém, a começar pelo próprio Bloco.  Mas foi isto que tramou a coligação.
Ou seja:
- a coligação PSD-CDS recebeu mais votos mas não ganhou as eleições como pretendia nem garante qualquer estabilidade sozinha;
- a coligação PSD-CDS não conseguiu a maioria absoluta que antes tinha, em termos de mandatos parlamentares;
- a coligação PSD-CDS perdeu mais de 700 mil votos comparativamente aos valores de 2011. Mas - admitindo que conquiste 2 deputados pela emigração - perdeu também 26 deputados (3 deles nas ilhas!), passando de 132 para apenas 106 lugares;
- a coligação PSD-CDS tal como os demais partidos, foi incapaz de neutralizar a abstenção, já que ela atingiu o valor recorde (43%, 4,1 milhões de eleitores), facto que Passos e Portas poderiam explicar muito facilmente aos portugueses, por exemplo com uma atitude de protesto e com a emigração;
- a arrogância autocrática da anterior legislatura acabou e a dissolução da Assembleia da República só vai acontecer se a esquerda permitir ou se o futuro PR decidir unilateralmente o que não o colocará em bons lençóis.
Aqui chegados que alternativas político-parlamentares são possíveis? Vejamos:
a) um governo de coligação PSD-CDS, contando com um apoio parlamentar estratégico do PS - que provavelmente inviabilizaria muitas das medidas previstas no "programa" de governo da coligação, o que colocaria PCP e Bloco numa posição minoritária com apenas 36 deputados;
b) um governo do PS, segundo partido mais votado, apoiado no parlamento por PCP e Bloco - mas envolvendo sempre negociações - que provavelmente seria constituído por ministros socialistas e personalidades independentes mas toleradas por comunistas e bloquistas. Neste caso o governo teria o voto contra da coligação, 106 deputados (se eleger 3 pela emigração) mas beneficiara do apoio dos 19 deputados do Bloco, dos 17 do PCP e dos 86 do PS (caso consiga 2 deputados pela emigração). Neste caso a solução não garantia uma estabilidade política permanente pois a qualquer momento poderiam surgir divergências à esquerda que poderia provocar a queda do governo;
c) um governo de coligação total à esquerda, liderado pelo PS e com ministros indicados por PCP e Bloco com uma maioria absoluta na Assembleia da República;
d) cenário mais improvável e meramente especulativo, seria um entendimento entre PS e CDS - não sei quantos deputados Portas terá na Assembleia da República, provavelmente entre 13 a 16 mandatos - que colocaria o PSD a votar isolado contra a solução, mas com este governo - do qual não faria parte Paulo Portas - a garantir a sobrevivência com a abstenção do PCP e do Bloco. Seria sempre uma solução que não garantia estabilidade alguma.
Ou seja, a coligação apesar do resultado escasso obtido nas eleições, julgou que nada mudaria, que continuaria ela a governar com toda a impunidade, fazendo o que lhe apetecesse, mantendo o país refém, da propaganda e do medo país, a preparar mais austeridade, a perceber como continuaria a roubar os portugueses, a definir quando e como iria sacanear mais os portugueses ao mesmo tempo que reservaria milhares de milhões para derreter nas patifarias corruptas da banca onde já espatifou 20 mil milhões de euros roubados aos portugueses!
Esta coligação, por tudo o que fez e pela forma como impôs os seus desejos aos portugueses, merece o que está a acontecer. Mais, por mim, no lugar de Costa - que conforme peça em separado publicada neste blog está a ter um comportamento ranhoso e vergonhoso, motivado pelo pode e pelo tacho - viabilizaria o governo PSD-CDS para depois humilhá-lo no parlamento, recusando o programa de governo ou, se eles conseguissem qualquer marosca ou tramóia para ludibriar a votação, do documento, recusaria a proposta de orçamento. Cairia o governo e o Presidente era obrigado a iniciar nova ronda de negociações porque não pode dissolver o parlamento como eventualmente a "rainha de Inglaterra" de Belém, em fim de carreira - que alívio! - desejaria. Mas sobre este ente e os seus desejos constitucionais tratarei dele amanhã. Eles merecem esse enxovalho, merecem ser tratados assim. Passos e o CDS de Portas deveriam ter tido a humildade, não agora mas quando detinham a maioria absoluta e se afirmaram como ditadores. Roubaram os cidadãos com uma carga fiscal que é uma descarada roubalheira. Não merecem qualquer respeito. 

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