sexta-feira, outubro 02, 2015

Mania de escrever: nunca poderia ir para uma campanha apelar ao voto que indirectamente beneficiará uma corja de bandalhos (em Lisboa) que sempre critiquei e que nunca apoiarei na minha vida

O meu amigo e jornalista do DN do Funchal,  Jorge Sousa, numa peça recentemente publicada sobre a campanha eleitoral do PSD-Madeira nestas legislativas, interrogava-se a dado momento sobre o que designou de ausência da "velha guarda" ou dos antigos dirigentes que na sua maioria primavam pela ausência.
Da parte que me toca, e reafirmando o meu total apoio, a 100%, relativamente a Miguel Albuquerque, porque entendo que tenho que defender e apoiar o líder do meu partido, tanto mais quando tem toda a legitimidade política para liderar partido e chefiar o governo - postura que não sou forçado a ter em relação seja mais a quem for - entendo que apesar dessa presença depender também da vontade das duas partes, particularmente de quem é candidato e de quem pessoas executa a campanha eleitoral e no terreno. Depois porque é preciso ter presente que a tão falada renovação, chavão usado até à exaustão, não se compadece, na minha lógica, com a ideia de que  os antigos dirigentes do PSD regional estavam obrigados a a aparecer todos na campanha eleitoral, mesmo que contrariados ou limitando-se a assinar o "livro de presença" sem evidenciarem qualquer convicção.
No meu caso, que estive presente em todas as campanhas eleitorais no terreno na Madeira, entre 1991 e 2014 - exceptuando as presidenciais relacionadas com  Cavaco Silva pois recusei sempre apoiar uma pessoa que entendo que nunca poderia ter sido Presidente da República, e que não o seria se este fosse um país com dignidade - entendi que não podia, não devia envolver-me nesta campanha eleitoral, tal como aconteceu nas regionais de 2015.
Acresce, no caso desta campanha eleitoral, que é conhecida a minha posição pessoal e política - que obviamente seria sempre passível de gerar confusões políticas e de me confrontar com a acusação de contradição, até porque não retiro uma vírgula ao que penso, disse e escrevi - relativamente a Passos Coelho que nunca, repito, nunca, teria o meu voto. Uma coisa é entender a lista de candidatos do PSD-Madeira, perceber muito bem que Miguel  Albuquerque não tenha liderado essa lista, até para preservar a sua imagem e não sofrer qualquer desgaste político.
Relativamente à lista, tema também referido naquela peça jornalística, no que me diz respeito eu encaro a política como uma equipa de futebol. Há momentos para todos, mas há sobretudo momentos de mudança e de tomada de decisões concretas. Não podemos exigir a um jogador de futebol com 30 ou mais anos o mesmo que se pede a um jovem com 22 ou 23 anos. Desde logo que corra durante os 90m de jogo. A idade pesa, as pernas falham, os factos são os factos. Incontornavelmente. Na política quando se percebe que existe desgaste e que, potencialmente, essa situação pode penalizar um partido eleitoralmente, a primeira decisão a tomar é fomentar a mudança, dando tempo, espaço e oportunidade aos jovens. 
É lamentável que jovens com vários  anos de envolvimento na política, que tomaram uma opção de fidelidade ideológica a um partido, se arrastem sem que lhes estendam a mão e puxem por eles, para que eles mostrem o que valem e demonstrem que são uma mais-valia para um partido que olha para o futuro e que não parou no tempo, em vez de se alimentar de saudosismos passadistas.
Os jovens na política não têm que continuar a ser olhados, como foram durante anos, como meros coladores de cartazes, "abanadores" de bandeiras nos comícios ou arruadas, sopradores de cornetas ou tocadores de tambores barulhentos.
O PSD-Madeira mudou de liderança há dez meses, acabou de sair de eleições regionais realizadas num cenário complicado e que foram ganhas com autoridade e legitimidade mas que também confirmaram o desgaste do partido maioritário.
Assim sendo, a ideia de renovação nunca poderia passar pela manutenção das mesmas caras nos mesmos lugares. Seria paradoxal.
Ou seja, sem me considerar membro da "velha guarda", mas assumindo o facto de ter sido dirigente do PSD-Madeira, assumindo todas as decisões  e as opções tomadas, incluindo as erradas,  considero que os candidato do PSD da Madeira não precisam que os antigos dirigentes regionais do partido, pelo menos nesta campanha, tal como aconteceu nas regionais, fossem para a rua. O PSD da Madeira vai ganhar categoricamente as eleições, porque tem conseguido manter, em situações normais, a fidelidade de pelo menos 30 a 33% do eleitorado. Reconheço que as mudanças nem sempre são pacíficas, porque há pessoas que se sentem sempre penalizadas, afastadas ou castigadas, tal como há outras que apoiam e estimularem essas mudanças. Enfim, há uma série de opiniões contraditórias que acabariam por ser exploradas.  Já se sabe como essas coisas funcionam.
Uma coisa é certa, da parte que me toca - aliás, nem fui convocado para as acções de campanha eleitoral de rua, e acho muito bem que não o tenha sido - tenho a consciência que nunca poderia marchar ao lado dos candidatos do PSD-Madeira, apesar de respeitar e desejar-lhes os maiores sucessos eleitorais e políticos, apelando - porque de uma forma ou de outra é disso que se trata - ao voto em Passos Coelho e na sua bengala Portas. Como não sou hipócrita, como admito que as pessoas discordem do que penso, como não vejo qualquer utilidade em gerar polémica neste momento, prefiro ficar fora da arena, mantendo contudo a minha fidelidade total a um partido do qual sou filiado desde 1974, ano da criação, e que será sempre o meu partido, apesar de ter sido tomado de assalto em Lisboa por um bando de bandalhos oportunistas. Mas isso não coloca em causa, repito e insisto, o meu apoio e solidariedade total, repito, a 100%, relativamente a Miguel Albuquerque. E isso basta-me.

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