sexta-feira, outubro 02, 2015

Mania de escrever: o nosso barómetro regional semanal

Miguel Albuquerque – O Presidente do Governo admitiu que está a ser preparada a criação de um novo Instituto de relacionamento com o exterior. Trata-se de uma boa notícia, acho mesmo que o Presidente do Governo deve avançar desde logo com a estrutura e definição das áreas de intervenção e competência desse organismo para que não se perca muito mais tempo. Desconheço até que ponto se pode colocar a promoção turística fora desse instituto, se corremos ou não o risco de haver colisões quer de estratégia quer de competências. Penso que se trata de matéria a analisar, tal como acho que este organismo, pela sua natureza, deve ficar na dependência directa da presidência do Governo para que o mesmo fique dotado de maior eficácia e livre de eventuais disputas entre outros departamentos governamentaisSegundo foi noticiado, a ideia é criar um organismo que junte as actividades regionais relacionadas com o exterior, nomeadamente a atractividade do investimento externo, a facilitação das nossas exportações, o relacionamento com a emigração, entre outras acções projectadas para a componente externa da Região. Sinceramente, e insisto, parece-me que falta aqui o turismo na sua componente oficial o que nada tem a ver com a Agência que reúne GRM e privados. Trata-se segundo julgo saber de uma matéria para alguns meses, que pode estar relacionada com o que for decidido quanto ao futuro do Centro Internacional de Negócios da Madeira. Mas globalmente parece-me ser uma boa ideia que pode inclusivamente determinar a extinção de outros organismos regionais que hoje existem separadamente. A ver vamos.
José Avelino Farinha – Já várias vezes testemunhei a minha admiração pela competência e pela persistência do empresário madeirense Avelino Farinha que tem sabido contornar as dificuldades, e que não são poucas, que nos últimos anos surgiram no seu caminho e das empresas do grupo AFA que lidera. Numa conversa recente percebi que este empresário é de opinião que a Madeira tem que apostar tudo por tudo na redução do desemprego, que é impossível mantermos estes valores de desemprego actuais e que para isso a construção civil e obras públicas, sobretudo por via da conclusão de obras inacabadas, pela dinamização dos programas de reabilitação urbana e outros (alguns com financiamento comunitário garantido), pode ser a grande solução. A própria construção do novo Hospital – a grande obra que neste momento falta à Madeira – bem como, repito, a conclusão de estruturas rodoviárias onde já foram investidos milhões e que aguardam apenas pela conclusão – julgo que essa quantificação está feita – seriam importantes neste contexto e nesta conjuntura regional, com todas as consequências sociais daí resultantes
O anunciado acordo entre o empresário da Calheta e Joe Berardo – e presumo que também com as herdeiras de Horácio Roque (um dia será feita a história sobre o papel e a importância que este empresário e banqueiro teve para a Madeira..) –para a conclusão das obras (paradas) de construção do novo Hotel Savoy, é uma excelente notícia que confirma a importância que Avelino Farinha tem hoje na economia regional e a importância, sempre que possível de um entendimento entre empresários da Madeira na procura de soluções para problemas que possam existir.
Segundo foi noticiado o Grupo AFA chegou a acordo para avançar com as obras de construção do Hotel Savoy, na Avenida do Infante. José Avelino Farinha entrará como investidor na construção deste empreendimento hoteleiro, cujas obras não foram além da escavação e estão paradas há mais de três anos, diz o Funchal Notícias
Depois da morte do sócio Horácio Roque com a crise financeira surgida o comendador Joe Berardo, foi obrigado a parar as obras do novo Savoy  Graças a esta inesperada entrada do investidor José Avelino Farinha que ficará como sócio com grande protagonismo neste investimento, poder-se-á pensar na resolução deste impasse.
O Grupo AFA tem presentemente importantes negócios em África, nomeadamente em Angola, terminou a construção da excelente unidade hoteleira na Calheta, o Saccharum Hotel, que tem sido alvo de grandes elogios e que constitui uma aposta ganha, mais uma, de Avelino Farinha. Estamos a falar de um empresário que emprega mais de 700 pessoas e cuja dinâmica e negócios pode beneficiar dezenas de pequenas e médias empresas regionais fornecedoras de serviços e materiais. Tratas-se sem dúvida de um excelente acordo que deveria ser seguido,neste caso com maior colaboração da banca (BCP) para um desfecho favorável do processo do Madeira Palácio, um emblemático hotel funchalense que está completamente votado ao abandono devido à crise financeira portuguesa e consequente dificuldade que os anteriores proprietários privados sentiram no acesso ao financiamento bancário.
Por tudo isto José Avelino Farinha tinha que figurar neste barómetro regional numa semana marcada também por esse acordo de parcerias que consolida a aposta da AFA no sector hoteleiro regional.

RUI GONÇALVES - esta quadro da administração regional foi sempre olhado como um tecnocrata, apesar de sabermos - os que andavam mais ligados a estes temas da governação - que na realidade mais do que um verdadeiro nº 2, durante muitos anos, do responsável pelas finanças regionais, foi ganhando projecção sobretudo durante a vigência do PAEF. Rui Gonçalves foi interlocutor frequente em Lisboa, quer com Vítor Gaspar quer depois do Maria Albuquerque, ao ponto de, com reconhecida maldade, alguns sectores da oposição (e não só...) terem afirmando que foi promovido a titular das finanças na equipa de Miguel Albuquerque  por imposição de Lisboa. Rui Gonçalves é um conhecedor profundo e competente da realidade financeira regional, assumiu-se sempre como um discreto técnico de segunda linha, apostado em fugir ao protagonismo mediático e às decisões políticas. Já com Paulo Fontes, e depois do Ventura Garcês revelou-se uma personagem importante. Acredito que tem vindo a tomar o pulso de uma área que será desgastante, não me admiro sequer que possa vir a ter problemas com outros membros do Governo - essa é a sina dos responsáveis pelas finanças nos governos - mas uma coisa pode Albuquerque ter a certeza, a certeza da sua fidelidade pessoal e política para com o Presidente do Governo. E isso é muito importante. A notícia recente de que a RAM a Região reduziu os passivos em 224,3 milhões de euros (113,0 milhões de euros até Julho de 2015) e os pagamentos em atraso em 226,2 milhões de euros (210,7 milhões de euros até Julho de 2015) mais os relatórios de avaliação sobre a execução do PAEF são realidades que passam também por ele. Rui Gonçalves pode ser uma peça fundamental no xadrez regional pós-PAEF, particularmente se a coligação  PSD-CDS se mantiver no poder como esperam os dirigentes governativos regionais. Mesmo que assim não seja, o Secretário Regional das Finanças pode ter algum espaço de manobra e de negociação em Lisboa.

PDA - Nunca passou de um projecto político nascido na Madeira sem grandes possibilidades de afirmação. O PDA rapidamente percebeu, depois de ter falhado todas as tentativas para ingressar nos parlamentos regionais da Madeira e dos Açores, que não tinha condições para enfrentar o sistema partidário tradicional e os maiores partidos, pelo que a extinção agora decidida pelo Tribunal Constitucional acaba por constituir um desfecho inevitável e um alívio para os próprios mentores deste projecto político falhado. Não foi o primeiro nem será o último partido a desaparecer do espectro partidário nacional.
PND -  Outro partido que nunca teve uma estrutura nacional devidamente montada e organizada a exemplo de outros partidos. O PND existiu porque havia na Madeira um grupo de pessoas que mantinha o partido e porque conseguia eleger representantes seus, o mais importante dos quais no parlamento regional. O PND nunca teve uma estrutura dirigente regional própria, não tinha sede, não realizou congressos regionais ou reuniões do género para eleição de órgãos dirigentes, não saia à rua para contactos com militantes, não tinha estruturas próprias nos concelhos e/ou freguesias. Era por isso uma organização sui generis que vivia do mediatismo que a representação parlamentar lhe garantia na comunicação social, a que se juntava uma inteligente gestão desse mediatismo e um grupo de dirigentes que eram de facto pessoas com uma forma muito peculiar e própria de estar na política e na oposição. Cometeu um erro - a lei dos partidos não deixa dúvidas - terá ignorado advertências e avisos, terá recusado receber correspondência que foi devolvida, segundo consta do próprio acórdão. Acabou por ter o desfecho inevitável, que surpreendeu algumas pessoas no próprio PND que nunca acreditaram que um partido com representação parlamentar pudesse acabar por causa da não apresentação das contas, quando ao longo da sua actividade política se pronunciava sobre as contas de instituições públicas e/ou privadas. Catalogando-se a si próprio de partido de protesto, acabou por eleger um deputado nas regionais deste ano quase no "final do jogo" mas o PND percebeu que provavelmente os eleitores, sobretudo depois da mudança operada na liderança do PSD regional, quererão outras atitudes e outras formas de estar e fazer política. Acresce a isso a dúvida sobre se o PND ganhou alguma coisa com o conflito surgido na coligação Mudança para a Câmara do Funchal - onde chegou a ter um vereador, processo que  continuo a pensar ter sido politicamente conduzido de forma errada - dado que aparentemente ficou fragilizado, perdendo mais do que ganhando. Uma extinção que não abona em nada a favor dos seus dirigentes e que não acaba com problemas paralelos, nomeadamente com a justiça, os quais podem continuar a deixar marcas complicadas nalgumas das suas principais figuras. Confesso que me surpreendeu este desfecho, até porque a Lei dos Partidos determina quais são os direitos e os deveres dos partidos sob pena de serem confrontados com o processo de extinção.
Se a Assembleia Legislativa seguir à risca o que está determinado na sua orgânica o PND, que deixou de existir, perde subvenções e provavelmente perderá instalações que na realidade funcionaram sempre como a sede de um partido que agora foi extinto. Os chamados deputados independentes - impossibilitados doravante de serem substituídos nas funções até final da presente Legislatura - não beneficiam de verbas que os representantes de outros partidos têm direito.
BARCO - Ficamos esta semana  saber que o processo para a introdução de um navio (ferry?) na linha Madeira - Continente continua em andamento. Persistem as dúvidas desde logo sobre a rentabilidade da linha, que deverá custar cerca de 6 milhões de euros anuais, sem taxas portuárias, ou se a opção será, numa fase inicial do projecto, a de um barco para operar seis meses do ano. Não se sabe qual o porto de escala no Continente, nem a capacidade do barco, nem o modelo de subsídios a atribuir aos passageiros que venham a escolher este meio de transporte. Contudo, e com as tarifas aéreas a 86 euros, para o passageiro, temos definitivamente um problema adicional para o sucesso desta aposta no barco, a que se junta a potencial concorrência do avião de cargas. Parece-me justo que se garanta ao Governo Regional que não se deve sentir pressionado seja pelo que for, que se trata de matéria da responsabilidade de privados e que mais vale conduzir sem pressas um dossier que não deve retroceder do que andar muito acelerado agora para depois recuar ou bater de frente. Entendidos?
AVIÃO DE CARGA - Outro processo ao qual se aplica tudo o que disse relativamente ao barco. Trata-se de uma iniciativa privada que deve ponderar tudo, os prós e os contras, que custa cerca de 12 mil euros por ligação (o avião passou a ser um ATR 42 semelhante ao que a SATA usa nas ligações entre o Funchal e Canárias nos meses de Verão). Desconheço os contornos desta operação, não sei que garantias tem o promotor da ideia, desconheço até que ponto este avião e o futuro barco na linha Madeira-Continente podem colidir em termos concorrenciais. O que sei é que provavelmente este dossier poderá não ser, para a opinião pública regional tão apadrinhado e tão mediatizado e importante como é sem dúvida o dossier do ferry. Aguardo para ver não o início da operação deste avião - nada de pressas, repito - mas as garantias de que será uma aposta privada com sucesso garantido, o que seria bom, porque me parece que para a Madeira, particularmente para o escoamento de alguns produtos regionais, é sobejamente aceite como útil e fundamental. Porque no fundo é isso que importa, sem ingenuidade e sem emotividades que não interessam a ninguém. Pragmaticamente é isso que eu penso.
RUBINA LEAL - com uma experiência profissional e tarimba política q.b. (neste caso graças sobretudo anos em que foi vereadora na CMF), Rubina Leal entrou pela porta grande neste governo regional do PSD e parece-me, pelas indicações dadas, que se sente como peixe na água, além de que tem mostrado uma postura que a mim, pessoalmente, me diz muito e molda o perfil de quem tem responsabilidades: trabalhar para as pessoas, discreta mas eficazmente, sem pensar nas fotografias nas primeiras páginas dos jornais ou nas imagens de televisão. Rubina Leal parece-me estar a começar a decidir com segurança, depois de ter feito o levantamento ao sector que agora tutela, estando eu em crer que vai confirmar a garantia de eficácia que, com todo o devido respeito, relativamente a outras figuras, ainda não tenho tanta certeza e convicção. Acresce que Rubina Leal, há muitos anos ligada ao PSD - desde a sua juventude - tem experiência política de perspicácia suficientes e que nestas funções é sempre importante ter.  Muito bem.
RONALDO - Este barómetro não ficaria concluído sem a inclusão de Ronaldo, hoje homenageado em Madrid, pelo Real, depois de se ter tornado o melhor marcador de sempre da equipa espanhola com mais de . Ronaldo futebolisticamente vale o que vale, é o maior e o resto é conversa da treta. O futebolista madeirense, com 30 anos de idade, tem enfrentado nos últimos tempos vergonhosas campanhas de difamação, às quais tem reagido com inteligência, mas que acabam por desestabilizar emocionalmente qualquer pessoa. Campanhas que também passam por alguns meios de comunicação social que não hesitam em pegar em tudo para conseguirem vendas ou shares de audiência.  Ronaldo é um exemplo, dificilmente nos próximos anos algum jogador conseguirá repetir percurso que ele realizou até este momento. Resta-nos esperar que no próximo Europeu de França em 2016, Ronaldo esteja em condições de levar Portugal a um título de selecção que nos tem faltado e a ele, para que se transforme numa verdadeira lenda.

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