terça-feira, outubro 06, 2015

OE2016: 5 pontos que afastam o PS da coligação Passos/Portas

A primeira prova de fogo do governo (minoritário) que sai destas eleições será a aprovação do seu programa na Assembleia da República. António Costa poderá facilitar a vida a Passos Coelho, e tudo indica que o fará, a avaliar pelas suas primeiras palavras após serem conhecidos os resultados destas legislativas, quando disse que não está disponível para participar em maiorias negativas. A etapa seguinte será a proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano. Passos e Portas necessitam, também aqui, do apoio do PS, mas há temas que deverão constar da próxima proposta orçamental em que as posições da coligação e do Partido Socialista divergem.
Reversão salarial
O modelo de redução salarial que está em aplicação desde 2011 começou este ano a ser revertido, com o governo de Passos Coelho a reduzir em um quinto (20%) esse corte. De 2016 em diante está previsto que se mantenha esta reversão, mas o modelo que PaF e PS defenderam durante a campanha é diferente. Para a coligação, a reposição deverá continuar a ser feita ao ritmo de 20% ao ano, o que significa que somente em 2020 os funcionários públicos recuperarão a totalidade da sua remuneração. O PS quer um modelo mais acelerado (devolvendo de 40% ao ano) comprometendo-se a repor os salários em 2018.
Sobretaxa do IRS
O que separa a coligação "Portugal à Frente" do Partido socialista na sobretaxa do IRS é semelhante ao que sucede na reversão dos cortes salariais. Neste caso, a proposta da coligação é de que a sobretaxa acabe até 2019, enquanto o PS pretende extingui-la até 2017. É mais uma divergência entre as forças políticas com representação maioritária no Parlamento que deverá forçar Passos a aplicar na prática a abertura a que fez referência ontem à noite, quando disse estar disposto a negociar com o PS.
Descida da taxa do IRC
No OE de 2015, o Governo avançou com a descida da taxa do IRC de 23% para 21% e no programa eleitoral que apresentou para estas legislativas a coligação PaF comprometia-se a manter uma redução gradual da taxa deste imposto até atingir o patamar dos 17% em 2019. Do lado do PS, a visão é diferente: o IRC deve ficar nos 21%, porque a prioridade é devolver rendimento às famílias (atuando do lado do IRS).
Quociente familiar
Com a reforma do IRS (que, ao contrário da do IRC, foi aprovada sem os votos do PS), o Governo avançou para um modelo de determinação do rendimento sujeito a IRS em que os filhos passaram a ser relevantes neste apuramento. Ou seja, substituiu o quociente conjugal pelo quociente familiar, atribuindo a cada filho um valor de 0,3 na equação, determinando que desta conta nunca pode resultar uma poupança por agregado de valor superior a 2 mil euros. Para 2016, a PaF avança com a subida deste quociente para 0,4.
O PS sempre rejeitou este modelo, porque entende que beneficia mais as famílias de maiores rendimentos (ou seja, o 0,3 ou o 0,4 dos filhos das famílias que ganham mais ajudam mais na obtenção da poupança do que os filhos das que têm menos dinheiro) e defende a eliminação deste quociente familiar substituindo-o por uma dedução fixa por cada dependente - quando a reforma foi discutida, a proposta dos socialistas apontava para uma dedução de 500 euros.
TSU

O programa eleitoral da coligação Paf não era rico em pormenores sobre as medidas a aplicar na próxima legislatura, remetendo em muitos casos para as orientações que foram inscritas no Programa de Estabilidade - apresentado em abril. Em matéria de Taxa Social Única, a única medida prevista passa pela redução temporária desta taxa quando está em causa a contratação de desempregados,. Admite-se ainda que possa estender-se a empresas localizadas no interior. Já o PS avançou para estas legislativas com um pacote de medidas que passavam pela descida gradual (durante quatro anos) da TSU a cargo dos trabalhadores, prometendo reduzi-las dos atuais 11% para 7% até 2018. No seu programa estava também previsto um alívio da TSU a cargo dos empregadores (que atualmente é de 23,75%) mas a execução da medida estava dependente da avaliação do sistema (Dinheiro Vivo)

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