segunda-feira, dezembro 28, 2015

Bruxelas queria liquidar o Banif

O Banif foi o quarto banco a ser intervencionado desde 2008. Custos com o banco fundado por Horácio Roque podem ultrapassar os €3 mil milhões. A decisão dentro do Banco de Portugal não foi pacífica. O banco fundado pelo empresário madeirense Horácio Roque, em 1988, deixou de existir esta semana. Foi desmantelado. O Estado vai injetar de novo dinheiro no Banif, depois de o ter feito em 2013, em pleno programa de assistência financeira da troika. Já foi feito um Orçamento Retificativo de €2,255 mil milhões e dadas garantias que podem elevar a fasquia até aos €3 mil milhões. Os ‘ativos bons’ do Banif ficam nas mãos do espanhol Santander Totta, que pagará aos cofres do Estado €150 milhões. Os ativos ‘maus’ e 48% da seguradora Açoreana ficam num veículo criado para o efeito. O governo de António Costa chamou a si o dossiê, mas quem liderou o processo foi o Banco de Portugal. A intervenção no Banif tornou-se nos últimos dias um caso político e vai mesmo haver uma comissão parlamentar para apurar responsabilidades. O país quer saber por que se arrastou durante tantos anos a anunciada venda do Banif sem que tenha sido encontrada uma solução, deixando a decisão para o último dia. E por que razão o custo é tão elevado. As informações chegaram vertiginosamente, com a publicação de cartas entre as Finanças e as autoridades europeias, e percebeu-se que a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia (DGCom) não acreditava na viabilidade do banco desde o início, e sempre foi favorável, até ao fim, à liquidação ordenada do Banif. Ou seja, o banco deixaria de aceitar depósitos e conceder crédito, passando apenas a gerir o que estava em carteira até desaparecer. Na reta final do negócio com o Santander, a DGCom foi dura, e por prudência obrigou a um reconhecimento de perdas no valor dos ativos do Banif de 66%. O Governo achou excessivo, mas não teve outra alternativa se não aceitar, o que onerou os custos da intervenção (Expresso)

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